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Quarta-feira,
12/11/2008
O Itaú Unibanco na Cultura
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 389 >>>
Ainda que tenha sido um golpe de mestre em matéria econômica, a fusão dos bancos Itaú e Unibanco lança interrogações sobre o futuro das ações das duas empresas no âmbito da cultura. Para além do Instituto Moreira Salles — que, por exemplo, edita periodicamente os Cadernos de Literatura Brasileira e comprou ultimamente o acervo do crítico musical José Ramos Tinhorão (entre muitas outras realizações) —, a marca Unibanco está intimamente relacionada ao cinema, seja por Walter e João Moreira Salles (os irmãos cineastas), seja pelos Espaços na rua Augusta e no shopping Frei Caneca; bem como está relacionada à literatura, pela participação adquirida há anos na editora Companhia das Letras, e pelo patrocínio anual da Flip (vide o irmão poeta Fernando Moreira Salles); sem contar o jornalismo aclamado da revista Piauí. Pedro Moreira Salles, o irmão financista, foi perfeito no timing ao salvar o Unibanco, como instituição financeira, de um beco sem saída, com a consolidação iniciada pelo Grupo Santander que adquiriu o Real no ano passado. Mas há temores de que o controle, majoritariamente nas mãos do Itaú, não seja benéfico para todas as ramificações culturais mantidas pela família Moreira Salles. Afinal, o Itaú já tem seu próprio braço nas artes, com o Instituto Itaú Cultural, e consta que sua aquisição recente do BankBoston privou a cidade de uma de suas melhores temporadas de concertos, renomeada "Personnalité", mas, em seguida, descontinuada. É logicamente cedo para tirar qualquer conclusão, até porque, neste momento, a cultura é a última prioridade, mas convém prestar atenção e torcer para que todas as iniciativas culturais sejam preservadas.
>>> Itaú Unibanco
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Julio Daio Borges
Editor
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