Digestivo nº 391 >>>
Marcelo Camelo tocou "Pois é", "Os Barcos" e "Além do que se vê", sim, do Los Hermanos, quando passou por São Paulo, na turnê de Sou, seu álbum solo. Foram momentos de animação, da platéia cantando junto, no meio de um show, como o disco, bastante introspectivo. O Citibank Hall (ex-Palace) nem parecia o mesmo da turnê de 4 (2005), quando o Los Hermanos passou pela cidade e havia uma pequena multidão se acotovelando, de pé, para ouvir o rock brasileiro dos ex-alunos de comunicação da PUC-Rio. Como o próprio Marcelo Camelo previu, em entrevistas, o público do Los Hermanos não migrou, em conjunto, para sua carreira solo, para a proposta estética de Sou. O show, em si, reforçou o aspecto demo tape do último trabalho — afinal, as mesmas canções da ex-banda de Camelo soaram incompletas, na nova roupagem, mesmo que acompanhadas do Hurtmold, o atual "coletivo" ao lado do músico. Marcelo ainda relatou, aos jornalistas, que uma das composições de Sou sofreu uma tentativa de adaptação para o derradeiro 4, mas não funcionou — o que deixou a assistência imaginado o que aconteceria se Sou, ou parte dele, tivesse sido adaptado por Amarante, Medina e Barba (e Kassin)... soaria diferente, como disco? É naturalmente ociosa a especulação, porque, neste mesmo instante, o Little Joy, de Amarante, acaba de lançar seu primeiro clipe no YouTube, e, pelo clima de fraternidade entre os membros, e pelo à-vontade com que manejam o inglês, planejam ser felizes para sempre e, nesse ínterim, conquistar o globo. Entre um flerte acústico (criticado) com Sandy, e um factóide amoroso com Mallu Magalhães, Camelo vai, de ninfa em ninfa, redescobrindo o violão, na via oposta da tecnologia que andou elogiando. Como líder do Los Hermanos, ele estava com tudo, mas, cantando agora pra dentro, em casa meio vazia, no contexto de uma indústria fonográfica falida (já antes da crise), ele pode não ter mais os astros sempre a seu favor...
>>> Marcelo Camelo
Com certeza Marcelo Camelo não tera um publico tão fiel quanto tinha a banda Los Hermanos. A fama e, entre outras coisas, brigas entre as bandas, geram isso... tentativas de carreira solo. Porém quando fazem esse tipo de coisa, creio que pensam que os fãs vão se dividir e continuar sendo fiéis, aos líderes... ou seja, aos vocalitas. Coisa que não acontece, pois o que leva à "geração" de seguidores é o conjunto da obra, a banda toda, não só um "solo"...
Eu gostei do cd "Sou". É belo, mas é a pura expressão de que os Los Hermanos já não comungavam do mesmo mistério fônico. Mesmo assim, eu fico muito triste com a dissolução do grupo. Oxalá um dia eles retornem ao seu Oikós Original...