Digestivo nº 423 >>>
Enquanto os jornalistas ainda discutem se os jornais vão acabar — e eles continuam acabando —, Jeff Bezos, da Amazon, vai mexendo seus pauzinhos para dominar, nos próximos anos, o chamado negócio do livro. Bezos mereceu a capa na última Fast Company, que, por causa do Kindle, aproxima a Amazon da Apple e seu fundador, de Steve Jobs. A revista sugere que: assim como iPod e iTunes redefiniram o negócio da música, entregando o monopólio da distribuição on-line à Apple e a Jobs, o Kindle e seu software podem redefinir o negócio do livro, encurtando a distância entre autores e leitores, relegando editores, gráficas e outros profissionais da indústria do papel a um segundo plano. Um exemplo: se hoje os ganhos dos autores, em porcentagem, são insignificantes, por conta dos custos de revisão, edição, diagramação, impressão, distribuição e divulgação, no modelo da Amazon, esses mesmos ganhos podem ser tornar, proporcionalmente, mais relevantes — porque não haverá mais custos relacionados à produção e à circulação do livro físico. Se os antigos editores já começam a se preocupar, deveriam se preocupar ainda mais porque o Google está se aliando à Sony, para entrar nesse jogo, enquanto há suspeitas de que a própria Apple estaria preparando seu leitor eletrônico (embora Jobs negue, como negou, aliás, o vídeo no iPod e a sua fusão com o celular, o iPhone). E enquanto acadêmicos ficam discutindo se ler na tela é a mesma coisa que ler no papel, a internet vai reinventando a narrativa, com o link, o áudio e o vídeo. O livro vai acabar como o jornal? Não; mas vai sofrer transformações que os velhos editores nem sonham ainda...
>>> Amazon Taps Its Inner Apple
Adoro o Digestivo e seus textos muito interessantes sobre cultura. Mas não concordo com essa história de que o jornal já acabou e que vem sendo repetida no site. É como li outro dia em um texto do próprio Digestivo: "é como enterrar alguém que ainda está vivo". Todos os jornalistas e estudantes de jornalismo (como é o meu caso) não gostam de ler um texto anunciando a morte prematura dos diários. Quando li o título "O cadáver impresso" fiquei chocada. Adoro as novas tecnologias, adoro a internet, acho bancana a ideia do Kindle da Amazon, mas também sou uma apaixonada pelo papel. Amo o papel. O prazer de ler um livro em papel é insubstituível. Nenhuma outra tecnologia vai conseguir isso. E, quanto ao site, parabéns!!! Oferece ótimas dicas. Sou leitora assídua, assim como sou com as minhas revistas (impressas, é claro)...
Com bastante regularidade, tenho me referido ao tema em meus artigos para o portal de tecnologia iMasters/UOL. Em um dos mais recentes, falei do conceito de Cloud Publishing que, segundo soubemos pela imprensa, o Google adotará até o final do ano, transformando-se assim em uma livraria, que venderá acesso ao conteúdo, não o livro/jornal em si (papel ou digital). Para "resumir a ópera": para entender o que acontece com o mercado editorial, basta lembrar o desenvolvimento do mercado de software: o livro (e o jornal) na web é software.
É assim, tudo se modifica e tudo se transforma (sem parodiar o Lavoisier, que disse: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"). O próprio Univerno muda, os valores foram mudados, antes escrevíamos com máquinas de escrever e televisor é coisa recente... Lógico que algo ocorrerá com os veículos informativos feitos de papel. Até as florestas mudarão e não nos darão mais celulose para o papel; o humano dará cabo de todas as árvores! Daí, não teremos mais livros de papel; os origâmis serão de plástico. Agora, acabar, não acaba, não; diminuirão os lançamentos em papel, ou por falta de papel ou por falta de editoras, mas um dia, lá no futuro distante, alguém os relançará como uma grande novidade, e o papel será sintético com as mesmas aplicações. Noticiosos de papel, é bom que acabem mesmo, são grandalhões e sujam as nossas mãos. Notícia, agora, as vejo pelo celular ou pela TV e ponto final. Já existem sites, como o Clube de Autores, que estão mudando a impressão de livro...
Todos as resenhas sobre o Kindle que eu li são muito favoráveis. Mas ainda é uma solução fechada, baseada na distribuição via rede de celular e compra de livros na própria Amazon. Quem vai fazer um Open Kindle? Pode ser essa a do Google...