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Segunda-feira,
21/9/2009
Cadernos de Literatura Brasileira: Mario Quintana
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 434 >>>
Depois de completar mais de dez anos, passando por autores clássicos como Machado de Assis e Guimarães Rosa, contemporâneos como Ferreira Gullar e Millôr Fernandes, fora outros grandes dos séculos XIX e XX, como Euclides da Cunha e João Cabral de Melo Neto, os Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles, acabam de lançar sua 25ª edição, inteira dedicada a Mario Quintana (1906-1994), talvez o poeta brasileiro mais popular dos 1900s. Embora não seja tão considerado quanto Drummond, mesmo Cabral ou Bandeira, sem contar Cecília Meireles, Murilo Mendes e Jorge de Lima, a obra de Quintana é de "rara legibilidade", nas palavras da "folha de rosto" do seu Caderno, "expandindo a recepção da poesia entre o grande público". No mesmo volume, Luis Fernando Verissimo conta que Quintana, amigo de seu pai, quando no Rio de Janeiro, gostava de entrar em túneis, "para descansar da paisagem". E Lya Luft relembra "seu jeito de ogro", sempre "meio paternal". Os melhores momentos, contudo, ficam por conta das declarações do próprio Quintana, compiladas a partir de entrevistas. Quem sabe, à classificação de "ogro", ele tivesse respondido assim: "Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?". Sobre seu isolamento folclórico, tendo residido em hotéis no final da vida, possivelmente justificaria: "A poesia é flor do deserto, cresce na solidão". E, ainda que se desnudasse com muita franqueza, provavelmente teria abominado a ascensão das chamadas "celebridades" (literárias, inclusive): "Toda confissão não transfigurada pela arte é uma falta de linha, uma presunção. O que é que os outros têm a ver com isso?". Terminando por explicar seu método epífano: "Tenho uma certa tendência a me evadir, mas sempre faço um esforço por manter-me na terra — como um balão cativo". Além de uma "geografia pessoal", com belas fotos da sua Porto Alegre e do seu Alegrete, o Caderno se completa com uma boa seleção de manuscritos e inéditos.
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Julio Daio Borges
Editor
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