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Segunda-feira,
1/2/2010
Partimpim 2, de Adriana Calcanhotto
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 452 >>>
Se Adriana Partimpim (2004) foi um sucesso de crítica e de público, e sua turnê provavelmente foi um sucesso comercial, por que não repetir a dose (enquanto testa novos formatos na sua carreira "adulta")? Adriana Calcanhotto, possivelmente, deve ter pensado isso, ao retornar ao último disco seu que marcou época, ao show do qual muitos ainda se lembram e, sobretudo, a um momento em que habilmente conciliou — tipos diferentes de "animal" — crítica e público. Partimpim 2, refletindo talvez a indecisão de Maré (2008) e do projeto "Três", não é tão inspirado, e redondo, quanto Partimpim 1, mas provoca um grande alívio, trazendo Adriana para um terreno que aprendeu a conhecer, e revelando versões criativamente trabalhadas para o público infantil. O CD abre com um frevo à la Moraes Moreira (exultando a democracia do nosso Carnaval): "Baile Partimcundum". Segue com a "arnaldo-antunesca" (ou seria "tribalística"?): "Ringtone de Amor". O disco começa a engrenar com a bela interpretação de "Trenzinho do Caipira" (evocando o cinquentenário da morte de Villa-Lobos, embora a letra não seja dele, e nem tão boa). Já "Alface" evoca os arranjos do celebrado Beto Villares, enquanto as crianças aprendem a comer salada. "Menina, Menino" incita a amar, com uma espécie de baião eletrônico, mas, aproximando-se de "Meninos e Meninas", leva à conclusão de que a sexualidade deve ser vivida livremente. "Na Massa" é puro "+2", Cantada (2002) ou, atualmente, "Três" — uma excelente introdução à vanguarda da música brasileira para infantes. "O Homem deu nome a todos os animais" é um feliz encontro de Bob Dylan com Zé Ramalho e, naturalmente, com Adriana Calcanhotto. "Alexandre", na batida do Olodum, é de Caetano Veloso, mas, infelizmente, uma de suas letras mais macarrônicas. "Gatinha Manhosa" flerta com trilha sonora de novela e é uma salutar homenagem a Leo Jaime, ainda que tenha sido composta por Erasmo Carlos. "Bim Bom" é uma típica armadilha de João Gilberto, mas Adriana se salva com a ajuda dos tambores do Olodum, de novo. "As Borboletas" é o gran finale — naturalmente fazendo menção à "Farfalla" de Partimpim —, uma parceria do mestre da nossa canção, Vinicius de Moraes. Descrito assim, este segundo Partimpim termina mais "para adultos" do que "para crianças" — mas, como esse foi o segredo do primeiro, Adriana, se caprichar no show, vai repetir, merecidamente, a consagração. Partimpim 2 não é uma obra-prima, mas permite um retorno ao "bon chemin"...
>>> Partimpim 2
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Julio Daio Borges
Editor
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