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Segunda-feira,
22/3/2010
Crowdsourcing, o livro de Jeff Howe
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 459 >>>
Crowdsourcing, o artigo, saiu — como o Free, de Chris Anderson — originalmente na Wired (2006). Mas, ao contrário da pesquisa de Anderson, a de Jeff Howe, sobre "terceirizar para a multidão", perdeu o que em inglês se chama de momentum, e o livro não teve grande repercussão (2008). Está ressuscitando, agora, graças ao Kindle. Aparentemente, Clay Shirky foi mais rápido, e mais esperto, com seu Here Comes Everybody (2008) — onde descreveu como "organizar sem organizações" (pela internet, é lógico). Quando duas ou mais pessoas dão nomes diferentes para o mesmo fenômeno, prevalece a nomenclatura que for melhor aceita. E crowdsourcing talvez não consiga ficar, mas o livro, mesmo assim, é interessante. No plano original da obra — que Howe divulgava, periodicamente, no blog homônimo — havia a teoria de que as pessoas, que hoje frequentam universidades, são "super educadas" (overeducated). Ou seja, para chegarmos até o nível superior (e para sairmos dele), aprendemos uma porção de coisas que nunca mais usamos; desenvolvemos, em paralelo, habilidades que, em nossas profissões, não temos condições de aproveitar; e, antes da internet, frustrávamo-nos todos... Com o advento da Web, e a noção talvez "junguiana" de que uma pessoa não é apenas sua profissão, Howe advoga que surgiu uma nova categoria de Pro-Ams, "profissionais amadores", ou, melhor, "amadores profissionais". Em Crowdsourcing, ele investiga o sucesso de iniciativas como o iStockphoto, onde os melhores fotógrafos "amadores", às vezes estudantes de outras áreas (como medicina!), chegam a faturar 10 mil dólares mensais, desbancando "profissionais"... E conta, mais uma vez, é claro, a historia da Wikipedia, o maior fenômeno de colaboração de que se tem notícia. Outra base, conceitual, para Howe é o onipresente A Sabedoria das Multidões, de James Surowiecki, que não teve uma das melhores traduções no Brasil, mas que aparece em 9 entre 10 livros sobre internet. Como Surowiecki, Howe igualmente acredita que a "multidão" (crowd) tende a ser mais "sábia" que um grupo de "especialistas" (que tende a concordar entre si, principalmente se a "formação" for parecida, pecando pela falta de diversidade). É a diferença de "cultura" que talvez explique por que tantas velhas empresas hoje sofrem para se adaptar ao novo cenário da "digitalização": ao contrário das novas empresas de internet, elas não são "permeáveis" às novas ideias, preferindo se agarrar a princípios obsoletos. Juntando a frase, atualmente em voga, de Bill Joy ("no matter how many smart people work for you, the smartest people work somewhere else") com o desejo, crescente, de participação, colaboração, crowdsourcing — das próprias pessoas —, as organizações deveriam ouvir o apelo de Jeff Howe e terceirizar, sem medo, "para a multidão". ;-)
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Julio Daio Borges
Editor
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