Digestivo nº 462 >>>
Para variar, a discussão sobre o impacto do livro eletrônico — via Kindle, via iPad — ainda mal começou no Brasil, embora, nos Estados Unidos, já esteja pegando fogo. Ken Auletta — que dedicou um volume inteiro ao Google — resolveu se debruçar sobre o impacto do iPad, no universo do livro eletrônico, e escreveu a melhor reportagem sobre o assunto, na New Yorker. Auletta foge do óbvio e nisso está seu mérito. São, atualmente, duas visões de mundo, sobre o futuro do livro, que se chocam no palco dos novos leitores eletrônicos. De um lado, a Amazon, a maior livraria do planeta. Jeff Bezos, seu fundador, já declarou, por exemplo, que o livro físico está condenado, e, dentro da sua empresa, acredita-se que conseguir vender um e-book por US$ 9,99 — em plena era dos downloads — é um grande feito. (E é mesmo.) No outro corner, estão os publishers, as grandes editoras de livros de papel dos EUA, que consideram impossível sobreviver com edições eletrônicas a menos de dez dólares. Então surge Steve Jobs... — o mago do iPod, do iPhone... e do iPad! Jobs, que já viu a cara da morte duas vezes, estaria pensando, agora, em seu legado, conta a reportagem. E nada mais heróico, neste momento, do que salvar o velho mainstream editorial... Na queda-de-braço para tornar o negócio viável, as editoras queriam vender os e-books a dezessete dólares (16,99) e a Apple a quinze. Quem assistiu à demonstração da loja iBooks em janeiro, deve ter notado que o preço dos lançamentos estava em US$ 14,99. Um blogueiro mais atento, depois que todo mundo babava em cima do iPad, resolveu confrontar Jobs em plena descida do palco: "Por que você acha que alguém vai pagar esse preço quando pode comprar o mesmo livro na Kindle Store [que funciona no iPad] a US$ 9,99?". "Porque o preço não vai ser US$ 9,99", rebateu Jobs. E a Macmillan provou seu ponto, quando ameaçou sair da Amazon em fevereiro, caso não pudesse vender seus e-books acima de US$ 9,99. (Jobs ficou orgulhoso do feito.) Auletta sugere que esse maniqueísmo, contudo, é apenas uma parte da história. No meio do ano, o Google promete entrar na briga, com a sua "Google Editions", e 12 milhões de títulos eletrônicos — para serem vendidos em toda e qualquer plataforma. Auletta ainda deixa sugerido que o mercado editorial vai ter de diminuir os longos almoços durante a semana e tentar se entender com os "engenheiros" que criaram (e hoje dominam) a internet. Para encerrar a matéria, sugestivamente (como sempre), com a parábola de um agente literário não identificado: "Você pode até criar asas e tentar desafiar a lei da gravidade mas vai acabar caindo no chão da realidade".
>>> The iPad, the Kindle, and the future of books
Eu quero que essas explodam. Há mais de 4 anos que produzo os meus próprios e-books. Quando há necessidade, mando encadernar, em qualquer copiadora, a quantidade que me interessar e a um preço bem mais baixo que R$ 19,99 (para mais de 100 páginas ainda fica mais barato cada cópia). Agora já encontramos empresas pequenas que produzem livros equivalentes a grandes empresas e podemos encomendar a quantia desejada (30, 40, 50 ou 100 exemplares) sem nenhuma complicação. O registro na BN (Biblioteca Nacional) também ficou bem mais fácil, é só entrar no seu site e baixar os impressos. Pra quê canseira? Laguem este pessoal prá lá. Faça você mesmo o seu livro! Abraços. Manoel.