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Terça-feira,
24/8/2010
O Kindle 3 e as respostas da Amazon ao iPad
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 469 >>>
Durante a apresentação do iPad, em janeiro, Steve Jobs primeiro elogiou, depois humilhou o Kindle em público. Disse que a Amazon havia feito um grande trabalho, com seu aparelho e sua loja de livros eletrônicos, justamente permitindo à Apple se apoiar em seus ombros... Mas, em seguida, colocou a tela do Kindle (monocromática, fosca, "insensível" ao toque) para substituí-la imediatamente pela do iPad (colorida, brilhante, multi-touch). Nos bastidores, Jobs ainda soltou que as editoras e os publishers não estavam felizes com o Kindle e que, por isso, a porcentagem dos royalties, na Apple, iria ser o dobro daquela da Amazon, e ainda que a média do preço dos lançamentos na iBooks seria de 14,99 dólares, em vez dos 9,99 dólares da Kindle Store (este, na realidade, um tiro a sair pela culatra — afinal, quem preferirá pagar mais caro pelo mesmo livro eletrônico?). Jeff Bezos, fundador da Amazon, deve ter passado o semestre inteiro ouvindo admoestações... Sua primeira medida foi anunciar, ainda no primeiro semestre, que inverteria a porcentagem dos royalties, em favor das editoras (equiparando-se à Apple, a partir de junho). E sua segunda medida foi baixar o preço do Kindle, para menos de 200 dólares, quando o iPad (o modelo mais barato) custava mais de 400 dólares. Agora, no segundo semestre, a resposta veio um pouco mais contundente. A Amazon lançou a terceira geração do Kindle, com uma versão que custa pouco mais de 100 dólares (sem 3G, só Wi-Fi). A intenção de Bezos — declarada em recente entrevista a Charlie Rose — não é competir com o iPad. "Por que as pessoas não podem ter mais de um aparelho? E por que não investir num aparelho exclusivamente para leitura?", indagou. Alfinetou, logicamente, a Apple dizendo que o maior uso do iPad, até agora, era para jogar games... E reforçou que o maior acervo de livros eletrônicos ainda é o da Amazon, com 630 mil títulos e com 1,8 milhões de obras em domínio público. O novo Kindle, ainda por cima, aumentou sua capacidade para 3,5 mil livros, um mês de bateria e 50% a mais de contraste. (Enquanto isso, no Brasil, o Alfa já está sendo vendido a R$ 700.) Para encerrar, a Amazon anunciou que, pela primeira vez na história, vendeu mais livros eletrônicos do que no formato hardcover (capa dura, os "lançamentos" dos EUA). Leitores de todo o mundo, façam suas apostas ;-)
>>> Jeff Bezos anunciando, pessoalmente, o Kindle 3
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Julio Daio Borges
Editor
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