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Terça-feira,
28/9/2010
Emerging Adulthood ou 'Adultos Emergentes', por Jeffrey Jensen Arnett
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 471 >>>
Todo mundo conhece alguém entre 20 e 30 anos que não quer crescer. Geralmente saiu da faculdade e não quer encarar o mercado de trabalho. Muitas vezes não tem um relacionamento e prefere continuar na balada, indefinidamente. O tempo da faculdade não cumpriu suas promessas e a realidade está batendo à porta. Sem emprego fixo, ou sem a tal remuneração esperada, a pessoa não abandona o "ninho" — até porque não deseja encarar um padrão de vida mais baixo. E sem um parceiro fixo, casamento/"união estável", igualmente, está fora das possibilidades. Que tal uma viagem? Uma pós-graduação? Novas opções surgem... Uma mudança de carreira? Dar a volta completa e — de repente — cair no mesmo lugar. Enquanto as coisas não se definem, volta-se ao começo... Durante anos. De repente, os 20 se acabaram, os 30 estão aí... E nada... Você conhece alguém que vive assim? Soa como um problema do Brasil, ou dos países emergentes, ou dos "latinos". Acontece que o termo "emerging adulthood" ou "idade adulta emergente" (em tradução literal) foi cunhado, em 2000, nos Estados Unidos. Lá, essas pessoas — que não crescem — estão sendo chamadas de "boomerang kids". Pois: como nos EUA os filhos saem de casa para estudar... — quando não se tornam adultos... voltam pra casa! 40% já estão voltando, para a casa dos pais, ao menos uma vez depois que saíram. Tornar-se adulto (ou o que antes se considerava "idade adulta") costumava implicar em: 1) terminar os estudos; 2) sair de casa; 3) tornar-se financeiramente independente; 4) casar-se; e 5) ter um filho. Nos anos 60, 77% das mulheres e 65% dos homens, aos 30 anos, já haviam se tornado "adultos". Já nos anos 2000, menos da metade das mulheres e só um terço dos homens, aos 30 anos, atingiram o mesmo status. Jeffrey Jensen Arnett, psicólogo e professor da universidade de Clark (em Worcester/Massachusetts), cunhou a expressão "emerging adulthood" — pois acredita que estamos assistindo ao surgimento de uma nova fase (analogamente ao "surgimento" da adolescência, há um século). Arnett defende os "adultos emergentes", uma vez que: 1) se exige mais educação para a sobrevivência na "sociedade de informação"; 2) as vagas para "recém-formados" só diminuem (mesmo depois de todo o estudo); 3) os jovens de hoje sentem menos pressa para casar, pela liberação do sexo, o controle de natalidade e o famoso "morar junto"; 4) e as mulheres sentem menos pressa para engravidar, dadas as opções de carreira — e a tecnologia que lhes permite a procriação mais tarde. Neurocientistas explicam os "adultos emergentes" justificando que o cérebro humano, ao contrário do que se pensava, continua em desenvolvimento após os 20 anos. (Até os 25, no mínimo.) Com um córtex não 100% formado, as emoções continuariam dominando a razão (nessas pessoas). Sem uma estratégia de longo prazo, os "adultos emergentes" não conseguiriam responder à filosófica pergunta: "O que é que eu vou fazer da minha vida?". Matéria do New York Times, a publicação, por fim, questiona: "É isso mesmo uma 'fase' ou apenas falta de vergonha na cara?". (O que você acha?)
>>> Why are so many people taking so long to grow up?
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Julio Daio Borges
Editor
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