Digestivo nº 479 >>>
Quando começou a CBN (90,5 MHz), no final dos anos 90, "a rádio que toca notícia" soava estranha, no dial das FMs. Mas, com o sucesso da Rádio SulAmérica (92,1 MHz), "a rádio do trânsito", e com o avanço da própria Bandeirantes (90,9 MHz), no ambiente noticioso, o Grupo Estado se viu obrigado a dar uma resposta. Primeiro tentou diversificar a programação da Eldorado (92,9 MHz) com mais boletins, mais colunistas e mais "prestação de serviço". A rádio chegou num bom equilíbrio, para o ouvinte, mas não foi suficiente para sensibilizar o mercado (anunciantes). A saída encontrada foi empurrar a Eldorado para o final do dial, fundindo-a com a antiga Brasil 2000 (107,3 MHz), criando — na frequência original (92,9 MHz) — uma nova rádio 100% noticiosa, com foco nos esportes, visando a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Do lado dos ouvintes, porém, o tiro saiu pela culatra. Sem um trabalho mínimo de comunicação, a rádio "mudou" da noite para o dia, amanhecendo não mais "Eldorado", mas, sim, "Estadão ESPN". De repente, o jornal da manhã foi extirpado, junto com seu apresentador, para entrar um casal de apresentadores inexpressivos, que tentavam encaixar alguns dos velhos comentaristas, mas nem todos, mal equilibrando notícias de esportes, que nem todo mundo aprecia, com as de interesse geral. Na outra ponta do dial, a "nova" Eldorado, denominada "Eldorado Brasil 3000" (!), converteu-se numa simples playlist, com sinal ruim, prevalecendo a indeterminação sobre sua antiga programação (não-musical). Se os idealizadores da mudança queriam que os "melhores ouvintes" da Eldorado tirassem da sua memória a CBN ou alguma rádio do Grupo Bandeirantes, acrescentando a "Brasil 3000", caíram do cavalo: os velhos ouvintes não só desistiram de escutar a nova "Estadão ESPN" — que é muito chata para quem não é fã de esportes — como, igualmente, não adotaram a "nova Eldorado", que, além de chiar, na sua falta de personalidade atual soa mais adaptada a elevadores ou consultórios... Na realidade, não é de agora que a Eldorado tem sido um "problema" para o Grupo Estado. Afinal, no início dos anos 2000, o próprio "Caderno2", do Estadão, publicou um matéria afirmando que a média de idade do ouvinte da Eldorado era de 50 anos. Todo mundo sabe que uma audiência nessa faixa não dura para sempre, e, se não houver como renová-la, o veículo simplesmente morre, como estão morrendo, aliás, os jornais ;-) A programação da Eldorado, nos últimos anos, não pode, no entanto, ser acusada de acomodação. A grande maioria dos colunistas do jornal fizeram suas experiências na rádio, nesse mesmo período, mas, até com um programa que tem "blog" no nome, os ouvintes mais jovens não responderam a contento e nem, principalmente, os anunciantes (que costumam pagar a conta). É verdade que o Grupo Estado tem lidado mal com sua audiência potencialmente jovem, criticando os blogs e lançando iniciativas atabalhoadas como o "portal" Limão. Agora, contudo, a estratégia parece ser desistir dos ativos que não vem dando lucro, e o sucateamento da Eldorado soa como apenas o primeiro passo...
>>> A morte da rádio Eldorado
Pois é, a rádio dos melhores ouvintes que se foram...adeus à Eldorado e aos ótimos shows realizados no Shopping Anália Franco...é uma pena, mas eu não consigo mais ouvir nem por cinco minutos a tal da rádio de elevador...sumiu do meu dial!