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Quarta-feira,
17/4/2013
One Click, a História da Amazon, de Richard L. Brandt
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 490 >>>
Jason Calacanis, o jornalista-empreendedor da internet, uma vez disse que admirava mais Jeff Bezos, da Amazon, do que Steve Jobs, da Apple. Jobs ainda estava vivo, já era uma lenda, mas a declaração, como tantas outras de Calacanis, supreendentemente não causou polêmica. Hoje, depois da morte de Jobs, e do mito criado em torno dele, como alguém poderia admirar outro empresário de tecnologia que não ele? A justificativa de Calacanis era que Jeff Bezos não seria o novo Bill Gates, mas, sim, o novo Sam Walton, e a Amazon não seria a nova Microsoft, mas, sim, o novo Walmart. Será Jeff Bezos, o fundador da Amazon, mais genial que Steve Jobs? A resposta pode estar em One Click, de Richard L. Brandt, uma história da Amazon, e uma biografia discreta de Bezos. À semelhança de Jobs, Bezos não teve uma boa relação com o pai, que se separou da mãe. Adotou o sobrenome do padrasto, que considera seu verdadeiro pai, e por ter uma relação com o México, seu sobrenome aproxima-se de... "beijos" (sim, em espanhol). Ao contrário de Jobs, porém, Bezos não foi um hippie tardio e não sofreu influência da filosofia oriental ― foi uma estrela do mundo corporativo, um executivo brilhante, que largou a carreira para montar uma livraria na internet, em meados da década de 90. Em todos os depoimentos sobre Bezos, no livro, é unânime a sua obstinação e a percepção de que ele iria vencer. Pelo menos, no discurso. Na realidade, a Amazon esteve à beira de não dar certo na época da bolha da internet, início dos anos 2000, quando o que não era sólido se desmanchou no ar. Reza a lenda que Bezos acertou a fórmula quando expandiu seus negócios para além dos livros: para os CDs, para os DVDs... para o maior catálogo de produtos da História, transformando a Amazon... na Earth's Biggest Store. No livro, se o desafio inicial era superar a Barnes & Noble, perto de quem a Amazon se fazia de Davi (na luta contra Golias), o desafio se converteu, atualmente, em superar... o Walmart. No meio do caminho, a criação do serviço de hospedagem da Amazon ― um sucesso indiscutível. E, também, a criação do Kindle e a polêmica investida de Bezos no terreno inexplorado do livro eletrônico. O autor prevê que a tendência do Kindle é ser grátis, porque, ao contrário da Apple, a Amazon não quer ganhar dinheiro com hardware (e, sim, com software). E se o Kindle perdeu para o iPad, em funcionalidade, talvez o seu padrão de livro eletrônico tenha vencido a batalha contra o iBooks. É uma guerra acirrada, com todo o resto do mercado editorial querendo conservar as fatias de mercado da antiga era do livro impresso. E acabou de começar. Brandt, no entanto, ressalta que Jeff Bezos aposta no longo prazo. Assim é, , digamos, com sua empreitada extraterrestre. Como um hobby (em comparação com a Amazon), a Blue Origin, mais uma empresa fundada por ele, deve levar turistas ao espaço (sim, ao contrário de uma "agência espacial" do governo, como a Nasa). No Brasil, as livrarias estavam se preparando para as investidas de Bezos no País. Por enquanto, a Amazon.com.br se concentrou no nicho do livro digital, e, ao contrário do que alguns imaginavam, ainda não reduziu tudo a pó. Talvez a ânsia de Bezos não seja a mesma de antes, agora que o Brasil não é mais a bola da vez... Enfim, One Click é leitura obrigatória para quem deseja conhecer um pouco da história da própria internet e, mais que obrigatória, para quem lida com comércio eletrônico (sendo que a previsão é de que cada vez mais gente lide com e-commerce).
>>> One Click
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Julio Daio Borges
Editor
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