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Segunda-feira,
14/7/2014
A Loja de Tudo - Jeff Bezos e a Era da Amazon, de Brad Stone
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 502 >>>
Depois da morte de Steve Jobs em 2011, Jeff Bezos despontou como o "novo" Steve Jobs. O mundo da tecnologia precisava de um novo herói: Jeff Bezos havia fundado a Amazon, que revolucionou o comércio eletrônico. E Jeff Bezos havia inovado com o Kindle, e com os serviços de hospedagem da Amazon, que consagraram o conceito de "nuvem". E Jeff Bezos queria ― e quer ― ir para o espaço, através da Blue Origin, sua outra empresa, uma versão privada da Nasa. E, mais recentemente, Jeff Bezos comprou o Washington Post. E lançou um telefone, o Fire Phone. O que mais falta para ser o "novo" Steve Jobs? A maior parte da assistência pode ter se convencido, mas a verdade é que a comparação soa enganosa. A inspiração de Bezos sempre foi Sam Walton, o fundador do Walmart ― e Made in America, a autobiografia de Walton, é um dos seus livros de cabeceira. Bezos criou o Kindle, é fato, mas só porque assistiu à Apple, de Jobs, tomar de assalto o mercado da música com o iTunes, e o iPod. "E se eles fizessem a mesma coisa com livros?", Bezos pensou. E usou o poder de fogo da Amazon, no mercado editorial, para consolidar um formato de livro eletrônico. E, apesar de a Apple ter reagido, e apesar das maquinações do próprio Jobs, o Kindle, a Amazon e Jeff Bezos saíram vitoriosos, por enquanto. Bezos não é nenhum santo ― muito pelo contrário: a imposição do preço de 9,99 para lançamentos de e-books, na época do primeiro Kindle, foi um baque para a indústria editorial e foi considerada uma traição. Os executivos das grandes editoras confiaram nos executivos da Amazon, que nunca entravam em detalhes sobre os preços. Já em cima da hora ― em cima do placo, para todo o mundo ― Bezos anunciou os "9,99", para qualquer lançamento. O impacto dessa manobra na política de preços, até dos livros "de papel", foi um trauma. Brad Stone conta essa e outras histórias em A Loja de Tudo, The Everything Store, que é como a Amazon se autodenomina, que é como Bezos a imaginou. Mais completo que One Click, de 2011, Stone pesquisou desde a infância de Bezos, a história de seu pai biológico, a história da criança superdotada ― Jeffrey ―, até os primeiros dias da Amazon, seus desafios, sobretudo, logísticos, seus primeiros empregados, seus críticos e sua luta pela sobrevivência, e pela supremacia. Para a surpresa de quem lê, o retrato de Bezos não é dos mais lisonjeiros. Tanto que sua esposa, MacKenzie, na época do lançamento, tentou desqualificar o livro, apontando erros. Óbvio que ela não concorda com o retrato, imparcial, do marido. Apesar de Bezos ser reconhecidamente um chefe explosivo, dado a ataques de fúria, autor de máximas depreciativas sobre a incompetência alheia, os chamados "jeffismos". Ao mesmos tempo, é visto como inteligentíssimo por seus pares, capaz de entender os desafios mais intrincados, nas áreas mais específicas. Mas Jeff Bezos também fracassou, estrondosamente, quando, por exemplo, apostou num mecanismo de busca, o A9, para concorrer com o Google... e acabou formando, justamente, um executivo que foi assumir a área de buscas do Google. Se os acertos são na ordem dos bilhões, os erros são na ordem dos milhões, às vezes dezenas, até centenas de milhões. Entre margens apertadas, o famoso "foco no cliente", e uma fome de conquistador, Jeff Bezos venceu a Barnes & Noble, superou o eBay, financiou o começo do Google, do Twitter, enfrentou a Apple, tira cada vez mais mercado, e empregados, do Walmart, hospeda algumas das estrelas da internet pós-Web 2.0, e vai chegar ao espaço, alguma dúvida? A Loja de Tudo, o título, não é um exagero retórico.
>>> A Loja de Tudo - Jeff Bezos e a Era da Amazon
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Julio Daio Borges
Editor
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