DIGESTIVOS
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Quarta-feira,
15/8/2001
Princesinha do mar
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 45 >>>
Ainda não foi com Copacabana que Carla Camurati se consagrou como cineasta (embora elogios rasgados já a tenham elegido faz tempo). Desde que foi apontada como musa do renascimento do Cinema Brasileiro, tudo o que Carla Camurati toca vira ouro (é o que afere a crítica especializada). Carlota Joaquina tinha lá a sua diversão como sátira (para alguns, de gosto duvidoso), mas valia como primeira tentativa. Copacabana, porém, expôs a diretora e, por conseguinte, todas as suas falhas, que são muitas. Novamente aquela pretensão (frustrada) de querer revisar a História. O blablablá sobre o surgimento da Nossa Senhora de Copacabana funciona como desenho animado logo no início da fita, mas acaba se perdendo na vocação mundana do resto do filme. As aparições do hotel da Família Guinle, o Copacabana Palace, são tantas e tão recorrentes que a impressão que dá é que Carla Camurati planejava contar a história do "Copa", mas como não conseguiu, teve de juntar os cacos e montar um longa mais humilde. Também não funcionou. Marco Nanini faz 90 anos, mas teve uma vida tão comum e prosaica que quaisquer episódios que evoque de sua existência comezinha não são suficientes para despertar a atenção do espectador, que fica se perguntando: "E daí? Qual a graça?". Para não dizer que é tudo um desperdício, a montagem se salva e o resultado (visual e sonoro) é, sim, de Primeiro Mundo. A trilha é até interessante (afinal qualquer coisa que cante o Rio e não seja bossa-nova já merece um prêmio pela criatividade). Pena que, mesmo a música tema, apele para aquele ranço de "mundo cão", que os realizadores brasileiros tanto adoram. Prostituição, por exemplo, é quase um lugar comum em Copacabana. O Rio, por mais vilipendiado que esteja, merecia mais do que loucos, aposentados e foras-da-lei. (Vide a cinematografia recente.) As verbas governamentais e as leis de incentivo, também.
>>> Carla Carmurati
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Julio Daio Borges
Editor
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