DIGESTIVOS
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Quarta-feira,
5/9/2001
Croft & Kidman
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 48 >>>
Quando as lojas de disco ameaçam repetir-se em nomes e compact discs, a saída é refugiar-se na seção "trilhas". Existe todo um universo inexplorado de música feita para o cinema. Nos Estados Unidos, ele subsiste paralelamente ao "mercado", e às vezes até "alavanca" carreiras de artistas esquecidos. No Brasil, poucos têm o hábito de levar esse gênero a sério (dadas, possivelmente, as coletâneas para televisão, que nada acrescentaram ao panorama musical tupiniquim). Enfim. Se algum dia, o Pop, a MPB, o Jazz e o Clássico (os quatro reinos em que se dividem as discotecas) apresentarem, mais uma vez, aquelas velhas estantes, vale à pena correr para os compositores que adornam a Sétima Arte. No âmbito da moderna música eletrônica, por exemplo, tem-se agora os hits que ilustram as peripécias de Lara Croft, a "Tomb Raider". O disco abre com U2, numa versão mais viril de "Elevation" (com todas as guitarras que faltaram em All that you can leave behind). Segue com os nomes que são vanguarda nas pistas: Chemical Brothers, Fatboy Slim, Outkast, Moby, Delerium e Fluke (dentre outros). Gente que têm menos de 15 minutos de fama e que explode como uma supernova nas "paradas". (Não é aconselhável para quem está, esteticamente, muito longe das batidas e dos refrões minimalistas.) Outra possibilidade, talvez, é embarcar nos sussurros de Nicole Kidman, que estreou há pouco mais de uma semana com "Moulin Rouge". Quem, dessa vez, faz as honras da casa é David Bowie, numa de suas performances "míticas", bem ao estilo de Labirinto (1996). O clima segue entre o "musical" e os efeitos especiais, com "cantantes" da mais nova safra latina dos EUA. Um acento "brega" às vezes salta nas baladas e recriações, como Your Song e Elephant Love Medley (em que Kidman divide os vocais com um "cover" descarado de Freddie Mercury). O resultado final é aquela ingenuidade dos contos-de-fada, que aliena e conforta, feito Walt Disney. Avalizam ainda, o álbum, José Feliciano e Beck. Mas quem conclui é Bowie. We can be heroes. Just for one day.
>>> Moulin Rouge
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Julio Daio Borges
Editor
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