DIGESTIVOS
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Segunda-feira,
24/9/2001
Ensaboa, mulata, ensaboa
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 51 >>>
Lush. Visto à distância, o símbolo oval, com letras que vão aumentando da esquerda para a direita, lembra um ícone dos anos 50, de super-herói, de história em quadrinhos. Mas não é nada disso. A loja, que de longe parece um armazém de secos e molhados, na verdade, vende produtos de beleza. Fresh handmade cosmetics - é o que diz o catálogo “Lush Times”. Um estabelecimento, no mínimo, curioso. Anacrônico, fora do tempo. Os sabonetes são vendidos em barra, em pleno shopping center. A vendedora corta uma “fatia” na hora, e cobra um valor que é proporcional ao peso. Explica a função de dezenas de tipos de sais de banho, em formato de laranja, que esfarelam na mão e têm um cheiro maravilhoso. Servem para todo o tipo de coisa: estresse, depressão, romance, mau-olhado. E todos os astros e estrelas (descolados) usam: o Leonardo de Caprio, por exemplo, adora uma massa que serve para massagem e é puro chocolate; já a Madonna adquiriu um líquido, que mais parece uma poção, e que promete acabar com a TPM; a Courtney Love e a Uma Thurman consomem a linha Lush, de olhos fechados, há décadas. Bem. É o que dizem as vendedoras. Mas não há que se duvidar tanto do entusiasmo e da empolgação de quem trabalha em uma das 6 lojas que já se espalham por 5 shoppings em São Paulo. Os “limpadores”, tonificantes, desodorantes “sólidos”, cremes, talcos e máscaras são feitos com ingredientes 100% naturais, resultando em misturas de dar água na boca. É um dos segredos da marca: oferecer cosméticos como se oferece comida, e seduzir o consumidor através de instintos que ele só teria despertados num supermercado, num restaurante ou numa feira livre. Flores, frutas, verduras, algas e essências - ao invés de embalagens, marketing, publicidade, grifes e top models. Pode funcionar. Apesar do preço, que é alto. Só comprando e experimentando as fórmulas dignas de Panoramix.
>>> Lush
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Julio Daio Borges
Editor
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