DIGESTIVOS
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Segunda-feira,
26/11/2001
Resgatar o silêncio é o papel dos objetos
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 58 >>>
Alberto Manguel, o homem d’A História da Leitura, voltou às livrarias com Lendo Imagens. O primeiro causou furor nos meios ditos “intelectuais”, mas não passava de bem costuradas citações sobre os livros e os hábitos de quem convive com eles. Sabiamente, Manguel, esse argentino fã de Borges, vende embalagens. Agora, novamente. E escolheu um tema ainda mais apelativo: a convivência pós-século XX com imagens (que, dizem, valem mais que mil palavras). Camille Paglia, em Personas Sexuais, costumava relacionar a era atual com a do Egito Antigo. Em ambas, segundo ela, havia a primazia do “olho” e do sentido de visão. Alberto Manguel, no entanto, não vai assim tão longe: divide sua obra em capítulos e procura compor “ensaios leves” sobre artistas (pintores, escultores, arquitetos e fotógrafos) que admira. Às vezes, se perde em digressões, às vezes, acerta e entretém o leitor com uma prosa agradável. Esses são o casos, por exemplo, dos textos sobre Picasso, Aleijadinho e Joan Mitchell. É um estilo que faz sucesso hoje em dia: a agilidade jornalística misturada a uma erudição de superfície, que impressiona mas que não vai além disso. Esperava-se que Manguel, digamos, ensinasse ou descrevesse ou estudasse um método qualquer de se ler imagens. É verdade que ele destrincha quadros, esculturas e fotos, porém, não estabelece um “procedimento” – perdendo-se nos meandros do subjetivismo puro. As grandes questões continuam irrespondidas. Num tempo em que se consome tanta propaganda e tanta televisão, por quê a Arte foi praticamente abandonada? Os grandes nomes morreram ou o futuro será apenas de andy warhols com estardalhaços de 15 minutos? Com a morte da História o que se fará dos grandes museus, que exigem verbas milionárias, dependendo da boa vontade de déspotas cada dia menos esclarecidos? Enquanto isso, homens que deram o tom de toda uma época ficam à espera de um momento nosso de maior iluminação. A Arte parece longa demais para os instantâneos da vida.
>>> A Imagem como Narrativa
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Julio Daio Borges
Editor
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