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Sexta-feira,
7/12/2001
O Conselheiro também come (e bebe)
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 60 >>>
O hotel Emiliano foi inaugurado há 6 meses prometendo o maior luxo e a mais alta tecnologia que a cidade já viu. Muita gente boa acredita que os investimentos vultuosos feitos ali jamais terão retorno. Por enquanto, resta, aos meros mortais, admirar o empreendimento. São mais de 50 apartamentos em mais de 20 andares, no que se costuma classificar como a região mais nobre de São Paulo: os Jardins. As suítes vêm equipadas com tevês de tela plana, DVD, MD e home theater com som digital Dolby Surround 5.1. Os lençóis são de algodão egípcio; os edredons, alemães, feitos com penas de ganso (húngaros); as poltronas, desenhadas por Charles Eames e parte do acervo permanente do MoMA. A sala de vídeo-conferência equipara-se à da Nasdaq, com cadeiras de Charles Miller, quatro “cenários” de luz, temperatura a 22º C, e câmera inteligente que, pelo som, identifica quem está falando. O “complexo” Emiliano inclui ainda um spa e um restaurante. O último, também parte do projeto de Arthur de Mattos Casas, tem o paisagismo de Gilberto Elkis e parte do mobiliário assinado pelos Irmãos Campana. Como é característico nas obras do arquiteto, o espaço privilegia o branco quase ofuscante e, embora amplo, tende à verticalização, com pé-direito alto e vãos agigantados. A cozinha, inatacável, é comandada pelo chef Antonio Faustino de Oliveira, mais conhecido como Russo, tendo como maître Otoniel Abílio da Costa (ex-Hotel Meridien do Rio) e, como sommelier, Gilson Josino da Costa – todos sob os cuidados do quase lendário Laurent Suaudeau. Como entrada, sugere-se a “rémoulade” de palmito com salmão defumado. E como prato principal, o filet mignon de javali, com molho agridoce. As surpresas, porém, se anunciam desde o couvert, com saborosíssimos pães (provavelmente da casa), transformando “simples manteiga” numa manjar dos deuses. As mesas, bastante separadas e confortáveis, num ambiente de relativo silêncio e cuidado (por parte de quem serve), transmitem ares de civilização. Ainda assim, alguns afirmam que as referências excessivas à gastronomia que se pratica em Nova York roubam o brilho e a originalidade do lugar. Enfim, independentemente de juízos de valor, e do inestimável capital nele injetado, o Emiliano veio para ficar.
>>> Emiliano - Rua Oscar Freire, 384 - Tel.: 3068-4399
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Julio Daio Borges
Editor
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