DIGESTIVOS
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Quinta-feira,
18/4/2002
Listen with your eyes
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 78 >>>
O século XX, da imagem (ou do olho), é incontestavelmente tributário dos grandes fotógrafos. E o jazz, por ter nascido e morrido dentro dos 1900s, tem entre seus heróis um sujeito chamado William Claxton. “Clax”, para os íntimos, nasceu na Califórnia e foi estudar psicologia na UCLA, no começo dos anos 50. Por amar a música, e por colecionar retratos de jazzistas desde a mais tenra idade, meteu-se a freqüentar nightclubs e a registrar performances, por hobby. Uma noite, porém, aconteceu de Bill Claxton dar de cara com o Gerry Mulligan Quartet, de que participava Chet Baker – e, como se já não bastasse, travar contato com Dick Bock, que a partir daquele show fundava a prestigiosa Pacific Jazz. Clax fez história na gravadora, numa sucessão de inovadoras capas em que pretendeu (e conseguiu) diferenciar os jazzistas da chamada Costa Oeste. Seu olhar intimista permitiu que se aproximasse de figuras legendárias, revelando a humanidade de homens que a História quis mitológicos. Foi o único a arrancar um sorriso de Charlie Parker, por exemplo, quando, com fãs, improvisou uma sessão de fotos em sua casa. Enquadrou também a relação, quase licenciosa, entre Duke Ellington e seu piano. Eternizou o jovem Chet, em cenas domésticas e em miradas perdidas, hoje clássicas, definidoras do “cool”. Assistiu às mazelas causadas pelo uso excessivo de heroína, e teve apego a personalidades de aura trágica, como o ator Steve McQueen. Isso tudo, mais seu casamento com Peggy Moffitt, seu encontro com Helmut Newton, casos e memórias, estão em “Jazz Seen”, documentário de Julian Benedikt, que faz parte da mostra É Tudo Verdade. Os instantâneos de Claxton funcionam, esteticamente, como um colírio; e a trilha sonora está entre as melhores coisas que se conseguiu alcançar no século passado.
>>> William Claxton - Jazz Seen - É Tudo Verdade
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Julio Daio Borges
Editor
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