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Terça-feira,
23/4/2002
Segura Ele
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 78 >>>
“Será que nós poderíamos pedir a Chopin uma definição de ‘polonaise’?”, pergunta Heitor Villa-Lobos, na França, ao ser indagado sobre o que vem a ser o choro. Embora tenha desejado fugir à pergunta capciosa, ensaiou uma explicação, enquanto tentava imitar (com a boca) o fraseado de cada instrumento. Isso foi registrado na caixa com 6 CDs “Par Lui-Même”, que agora sai no Brasil. Como Villa-Lobos, muitos outros arriscaram também uma explicação. Para o folclorista Câmara Cascudo, o termo vem de “xolo” (depois “xoro”), uma espécie de baile que reunia os escravos das fazendas. Já para José Ramos Tinhorão, o eminente crítico, o gênero (“choroso”) deriva da melancolia produzida pelas notas mais graves do violão. Por fim, Henrique Cazes, autor do mais completa referência bibliográfica sobre o assunto (o livro “Choro – Do Quintal ao Municipal”), o estilo se caracteriza pelo jeito sentimental de abrasileirar as danças européias. Independentemente de quem tem a definição mais precisa, neste 23 de abril, segundo Lei Federal, instituída por Arthur da Távola, comemora-se o Dia Nacional do Choro. As gravadoras especializadas revitalizam seu catálogo, como a Kuarup, que prepara promoções e sorteios. No Rio, casas de espetáculo promovem encontros musicais, como o que acontecerá no Sesc Copacabana, juntando Paulo Moura e os Batutas (os mesmos cujo álbum faturou um Grammy). 23 de abril também é aniversário de Alfredo da Rocha Viana Júnior, o Pixinguinha, nascido em 1897; saxofonista, maestro, arranjador e compositor de pérolas como “Carinhoso”, “Rosa” e “Lamento”. Se o jazz tivesse nascido antes, acusariam o choro de ter sido influenciado por ele. Mas como isso não aconteceu, o choro merece hoje os parabéns de todos os brasileiros.
>>> Dia Nacional do Choro na Kuarup
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Julio Daio Borges
Editor
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