DIGESTIVOS
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Terça-feira,
25/6/2002
Fecha os olhos e canta
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 87 >>>
Olivia Hime é Biscoito Fino. Além de dirigir um dos selos mais elogiados dos últimos tempos, retorna ao disco com um relançamento e uma novidade. O primeiro é “Estrela da Vida Inteira”, álbum que a intérprete e compositora preparou quando do centenário de Manuel Bandeira, em 1986. Chamou músicos e criadores amigos, para converter os versos do autor de “Pneumotórax” em canções. O CD tem momentos primorosos, como a recriação de Tom Jobim (sempre ele), para Trem de Ferro (bastante conhecida e até tocada nas FMs, com as vozes da Banda Nova); também Testamento, no estilo inconfundível de Milton Nascimento, numa interpretação tocante – quando o escritor, o bardo mineiro e a realizadora proclamam em uníssono: “Sou poeta menor, perdoai”; sem falar nas presenças de Gilberto Gil (numa Pasárgada alegre), Francis Hime (companheiro eterno), Wagner Tiso (profundo em “Belo Belo”), Moraes Moreira (surpreendente escolha), Toninho Horta, dentre outros. Entre esses, Dorival Caymmi – por coincidência, o homenageado do outro disco [a novidade]. Tem por título “Mar de Algodão” e foi finalizado em dezembro de 2001; sendo “Algodão”, além de tudo, apelido que Danilo Caymmi conferiu a seu pai, um sábio senhor baiano de cabeça branca. Segundo as palavras da própria Olivia, partiu da seleção de três suítes, três “marinhas”, entregando-as a Paulo Aragão e Nailor “Proveta”, Wagner Tiso e Francis Hime. O último incentivou-a a continuar, quando a grandeza do projeto ameaçava torná-lo inexeqüível. O “Mar da Manhã” (primeira suíte) tem a pegada do melodioso Quarteto Maogani; fora convidados como Maurício Carilho e Sérgio Santos (voz que perpassa todo o CD). Destaques “matinais”: Pescaria, Milagre e Dois de Fevereiro. No “Mar da Tarde” se acentua a gravidade e a ressaca, em que reinam o piano de Marcos Nimrichter e o cavaquinho de Henrique Cazes. Pontos altos: Saudade de Itapoã e O Mar. Já a terceira parte, o “Mar da Noite”, desfecha golpes de escuridão e tragédia, bem representados pela escolha de sopros e cordas do regente; conta ainda com as intervenções de um certo Dorival. Ressaltam-se: A Lenda do Abaeté, Temporal e É Doce Morrer no Mar. A “Noite” se encerra com a evocação do dia, pois já é “Manhã” novamente. E Caymmi, como sempre, voltou, para transformar os corações.
>>> Estrela da Vida Inteira | Mar de Algodão - Olivia Hime - Biscoito Fino
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Julio Daio Borges
Editor
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