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Segunda-feira,
15/7/2002
Estabelecer um espaço feminino
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 90 >>>
Carolina Ferraz alcançou o mainstream, estabelecendo-se no cast global e firmando-se como uma das belezas mais aclamadas do Brasil. Casando-se, para completar, com um dos publicitários mais bem sucedidos do País. De uns tempos para cá, porém, ocorreu-lhe contestar tudo isso. Primeiro, separando-se de Mário Cohen. Segundo, lançando-se em projetos arriscados e financiando iniciativas, no mínimo, não-convencionais. O público mais afeito a atos de alcance nacional vai logo pensar em sua ligação com Murilo Benício, desfeita há pouco, e no filme "Amores Possíveis" (um resultado desse casamento para a sétima arte). Escavando mais fundo, o espectador atento certamente irá se lembrar de "Mater Dei": o obscuro longa dos Irmãos Mainardi, com o qual a atriz inexplicavelmente simpatizou. E, desde a semana passada em São Paulo (antes no Rio), a peça "Selvagem como o vento", escrita por Tereza Freire e dirigida por Denise Stoklos. Nessa cruzada, Carolina Ferraz decidiu se reinventar. Só daqui a algum tempo vamos saber se conseguiu de fato. No teatro, não deixa por menos e encara um monólogo, lutando pela atenção do público aos gritos (literalmente). Encarna uma mulher abandonada (personagem que a crítica especializada adora odiar), tentando se reerguer e reafirmando a independência feminina no século XX. Nesse sentido, é reveladora a trinca de realizadoras por trás de "Selvagem como o vento": as já citadas autora e diretora, mais a iniciante Antonia Ratto, como assistente de direção. Quem referenda e certifica as quatro mulheres (contando a protagonista) é seu pai, Gianni Ratto, lenda viva do teatro brasileiro, assumindo desta vez a iluminação e o cenário. Vamos aos fatos: o texto é bom, a direção, segura, a atuação, suficiente e a ambientação, não mais que exata. O conjunto lembra os retratos que atualmente se tenta montar da "mulher moderna": Patrícia Melo e Fernanda Young (na roteirização), Deborah Bloch e Fernanda Torres (em frente às câmeras). Não é unânime, mas é emblemática, arrancando risos nervosos das feministas de plantão. Recomenda-se vivamente para dois grupos: o de mulheres solteiras e o de homens interessados nessa falsa convicção.
>>> Selvagem como o vento
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Julio Daio Borges
Editor
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