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Terça-feira,
26/11/2002
Time stand still
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 109 >>>
Foi uma espera de mais de dez anos. Desde a turnê de "Roll the Bones" (1991) que os brasileiros aguardam ansiosamente a vinda do Rush. Aconteceu, finalmente, no estádio do Morumbi, em São Paulo, sexta-feira passada. Com o estouro do dólar, a conseqüente alta dos cachês, havia-se até perdido a prática de assistir a grandes shows de rock. Como é que era mesmo? Arredores: hordas de fãs; barracas de cachorro-quente; ambulantes; cambistas. Entrada: filas; má-sinalização; revistas; desencontros. Saída: multidão escoando (lenta); novos desencontros; alguns apertos; muito empurra-empurra. Tudo normal, não fosse a chuva. Realmente, não tem jeito: uma hora a idade bate... O trio canadense não deu mole, começou pontualmente e abriu logo com "Tom Sawyer". A emoção foi tanta que a platéia emudeceu e só foi cantar a partir da segunda estrofe. As viradas, os solos, as quebradas, os efeitos - estavam todos lá, inacreditáveis. E permaneceriam assim, ao longo do show. Ao contrário do que acontece com os artistas viciados na indústria, o novo disco não iria atrapalhar a performance. De "Vapor Trails" (2002) e seu som nebuloso, o Rush só tocaria "One Little Victory", "Earthshine", "Ghost Rider" e "Secret Touch". O resto nasceria da mistura de "Different Stages" (1998, o último "ao vivo") com clássicos e coisas-do-fundo-do-baú. "By-Tor and the Snow Dog" e "Working Man", para fechar, seriam um exemplo de relíquia. Já "YYZ", "The Trees", "Spirit of Radio" e "Closer To The Heart", uma espécie de tradição revisitada. A pirotecnia compareceria luminosa, a cada atração: caveiras-cantantes; dragões cospe-fogo; baquetas-giratórias (em close). Neil Peart tiraria o fôlego de todos com "2112", "Leave That Thing Alone" e "The Rhythm Method". Geddy Lee, com "Resist" (acústica), "Limelight" e "Big Money". Alex Lifeson, com "Bravado", "Freewill" e "La Villa Strangiato". Vinte e nove números depois, o País do Carnaval iria a nocaute. Enquanto o Canadá permaneceria afinado, preciso e saltitante...
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Julio Daio Borges
Editor
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