DIGESTIVOS
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Segunda-feira,
27/1/2003
Cabedal
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 118 >>>
José Bonifácio de Andrada e Silva. A ele, a Editora 34 dedicou um dos volumes da "Coleção Formadores do Brasil" (o penúltimo). Mais lembrado como o Patriarca da Independência, José Bonifácio permanece, em 500 anos de História, como um dos cérebros mais privilegiados que o Brasil já produziu. Filho de comerciantes prósperos de Santos, teve seus estudos patrocinados em Portugal, onde impressionou a corte, que estendeu sua "bolsa" à França e à Alemanha. Quando voltou, falava e escrevia em 6 idiomas, enquanto lia em 11. Tinha estado na Paris da Revolução Francesa, em que travara contatos com cientistas como Lavoisier; especializado em mineralogia, tinha entre seus melhores amigos Wilhelm von Humboldt, que se converteu, mais tarde, no célebre educador alemão. Leitor onívoro e iluminista de primeira água, desembarcou no Brasil com a família, uma filha ilegítima, e uma biblioteca de mais de seis mil livros. Na longa carreira de funcionário público, galgou inicialmente postos devido a seu saber técnico. Foi, porém, na política que se realizou; domínio em que imprimiu uma marca indelével. (Outra lembrança que se tem relacionada a ele, hoje em dia, é o fato de que seus descendentes ocupam posições de destaque há quase 200 anos.) Mas nem tudo foram rosas junto ao jovem imperador do Brasil. Bonifácio, indubitavelmente, catalisou o rompimento com Portugal em dois momentos: no primeiro, conclamando os vice-presidentes das províncias (ele comandava a de São Paulo); e, no segundo, enviando embaixadores a prováveis aliados e transformando a Independência do País numa questão internacional. Graças às suas hábeis manobras, converteu-se em homem de confiança de D. Pedro I e, junto a seu irmão, Martim Francisco, num dos ministros do Império. A lua-de-mel, como se sabe, durou pouco - e José Bonifácio, traído, guardaria profundas mágoas de seu "Pedro", ainda que tenha sido indicado por ele para tutorar seu filho, Pedro II, quando abdicou do trono. Essas e outras histórias nos são contadas por Jorge Caldeira, autor de "Mauá: empresário do Império", cuja introdução vale o volume. Caldeira ainda relaciona os textos escolhidos de Bonifácio (para integrar a edição) aos momentos críticos da vida do nosso Pai Fundador. Em meio a citações de Virgílio e Cícero, temos um dos projetos mais completos para o País. Infelizmente - ao contrário do de seus pares na América do Norte -, não se realizou.
>>> "José Bonifácio de Andrada e Silva" - Jorge Caldeira (org.) - 272 págs. - Editora 34
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Julio Daio Borges
Editor
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