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Sexta-feira,
24/1/2003
Em linha
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 118 >>>
Enquanto os sites jornalísticos do Brasil fecham ou ficam entregues à própria sorte, é de Portugal que nos chega alguma reação. Não são poucos os escrevinhadores brasileiros que procuraram garantir seu espaço também nas publicações de além-mar. Afinal, enquanto, no País do Carnaval, os periódicos eletrônicos vão se reduzindo a crias de revistas e jornais (de grande circulação), na terra de Camões as iniciativas nas "letras virtuais" persistem e, contrariando todas as expectativas, até se multiplicam. É o caso da ZonaNon (2003), ex-Non! (1996-2002), revista editada em Coimbra, por Rui Babiano, e que veio a lume em janeiro deste ano (!). No editorial, a aventura é amplamente justificada. Parece inevitável o romantismo de se lançar como um veículo "livre, autônomo e independente". Apesar dos contratempos financeiros. Babiano, com muita justeza, evoca a aldeia perdida de Asterix, na Gália: o único foco de resistência à ocupação do Império Romano. Mais ou menos como na internet, em que se tenta, segundo ele, fugir do universo da "opinião vigiada". Incrível como os empreendimentos com esse perfil acabam caindo na vala comum do ativismo político, à maneira da NovaE (no Brasil) e do diário La Insignia (na Espanha). Como se o desejo, às vezes irreprimível, de emitir opiniões e idéias fosse uma maneira de combater o sistema vigente (o capitalismo global, no caso). No deserto atual da World Wide Web, os últimos dos moicanos, ainda assim, se dão as mãos, para além das suas diferentes orientações - apenas para sobreviver ou ambicionar uma possível sobrevivência. Apesar de novos sites que surgem (e do intercâmbio entre aqueles que se unem), publicações vão se esvaziando e estendendo sua periodicidade ad infinitum - até parar de vez. Será esse o caminho? Não se sabe, mas infelizmente parece não haver outro. Ou a publicação abandona a sua vocação "outsider" e cede ao "establishment" (integrando-se a ele), ou perece numa luta inglória por apoio e reconhecimento. Se mesmo para quem compõe o "mainstream" do jornalismo lusófono a coisa não está sopa, o que pensar daqueles que formam o baixo clero da imprensa? Se essa explicação, contudo, fosse suficiente não estaríamos agora diante de um paradoxo gritante: a demanda não existe mais, mas a oferta (ainda que ameaçada e combalida) continua existindo. Ou seja: ignorando o senso comum, Deus continua querendo, o homem continua sonhando e a obra continua nascendo.
>>> ZonaNon
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Julio Daio Borges
Editor
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