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Segunda-feira,
21/4/2003
O meu borogodó
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 130 >>>
O samba-rock passou por um “revival” mas, de repente, se aquietou de novo. Foi por iniciativa do Trio Mocotó, os auto-intitulados inventores do gênero, pela programação de alguns DJs em casas noturnas de São Paulo, pela revalorização de Jorge Ben (com ou sem “Jor”), e até pelo advento do “mundo Trama” (vide os herdeiros de Wilson Simonal). No entanto, houve alguém muito discreto que não foi contemplado nessa história: João Suplicy, o “low-profile” por natureza, dentro de uma família que tem a prefeita de São Paulo (hoje, vice-presidente do PT), um senador da República e um roqueiro vencedor da “Casa dos Artistas” (também conhecido como Supla). Se João tivesse vocação para aparecer, já seria difícil competir. Seu negócio é música, e palco (não que o de “outras pessoas” também não seja, mas o dele é mais). Tem já dois CDs lançados: “Musiqueiro” (1998) e “Cafezinho” (2002). Estão à venda no seu site (joaosuplicy.com.br), e reza a lenda que João fazia o circuito de bares da Vila Madalena, de mesa em mesa, com os compact discs embaixo do braço. Como um artista anônimo. Só por isso deveríamos respeitá-lo. Mas há mais: ele é compositor, e dos bons. Na última quarta-feira, apresentou o videoclipe de “Chomingando” para a platéia do Grazie a Dio (lógico que na “Vila”) e, logo em seguida, emendou um show ao vivo. Como guitarrista, aprendeu a batida do autor de “Mas, que nada!” e, acompanhado por uma banda enxuta (bateria, baixo e trombone), incorporou o samba-rock como ninguém em sua geração. Bastava ouvir as suas versões para “Your song” (de Elton John), “Mesmo que seja eu” (de Erasmo Carlos) e “Kiss me quick” (um sucesso na voz de Elvis). E, das suas, a faixa título do primeiro álbum (“Musiqueiro”), além de “Pura elegância”, o hit “No futuro”, “Você inteira” e “Borogodó” (todas de “Cafezinho”). O intimismo era flagrante e, por um arranjo do destino, podia-se cair numa mesa com Alice Ruiz, Patrícia Palumbo ou Guga Stroeter (estavam todos na lista). Mas João não parecia se importar, nem mesmo com a tietagem. Nasceu músico de verdade.
>>> Musiqueiro | Cafezinho | João Suplicy, às quartas-feiras de abril e maio (com exceção do dia 30/4), no Grazie a Dio
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Julio Daio Borges
Editor
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