DIGESTIVOS
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Segunda-feira,
26/5/2003
Ressoando loucamente ao longe
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 135 >>>
Com a chegada do frio e o aspecto inusitado de se realizar numa tarde de domingo (quando, normalmente, o Mozarteum reserva as noites de segunda e terça-feira), o concerto da Orquestra da Filadélfia não poderia ter sido mais agradável. Apesar de ter acontecido numa concorrida Sala São Paulo, em que se podia encontrar personalidades tão díspares quanto Marta Suplicy e Ed Motta, o clima foi de civilidade e podia-se captar inglesismos no ar. A sessão foi aberta com o autobiográfico “Don Juan” de Richard Strauss, poema sinfônico também executado na temporada 2001 do mesmo Mozarteum. (Na ocasião, sob a batuta de Sir Andrew Davis, à frente da BBC Symphonic Orchestra.) Para o caso atual, do regente Yakov Kreizberg e da Philadelphia Orchestra, não passou de um aquecimento. Nos primeiros minutos, o público já podia sentir a riqueza de timbres e a veemência do maestro. Livres, porém, da prova de fogo, os músicos se deixaram levar, arrastando consigo a platéia, na execução da abertura da ópera “Tannhäuser”, de Richard Wagner. De melodia mais reconhecível, calaria a audiência que, neste momento, suprimiria igualmente quaisquer dúvidas acerca da competência do “ensemble”. Mas, depois do intervalo, os mesmos espectadores pecariam por ignorância (quantas vezes isso não acontece), interrompendo a Segunda Sinfonia de Brahms em três ocasiões (lembrando que os movimentos são em número de quatro). Com esse fechamento, o programa se revelou denso, embora a “performance” da Filadélfia tenha se mostrado musculosa. Para “aliviar a carga”, digamos, Kreizberg optou por um bis rápido e um tanto quanto populista (embora revigorante), arrancando “ohs” esparsos. O saldo foi, obviamente, positivo, para todas as partes. Ainda que os paulistanos precisem freqüentar mais a Sala que homenageia sua cidade – e aprender a apreciar melhor algumas formas.
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Julio Daio Borges
Editor
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