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Segunda-feira,
3/11/2003
Ruim isso
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 147 >>>
Oswald, embora continue incensado no altar dos sacrifícios do Modernismo brasileiro, não se libertou das dúvidas que pairam sobre sua obra. Muitos consideram que não escreveu romances de verdade, e que sua poesia, como colocou Manuel Bandeira, não passa de brincadeira sofisticada. Neste momento, podemos revisitá-lo, graças à reedição de “Pau Brasil” (1925), pela editora Globo, que dá o acabamento final às suas obras completas. Os poemas mesmo não tomam mais que “uma sentada” do tempo do leitor; agora, as notas de esclarecimento de Haroldo de Campos, na via oposta, consomem uma semana de meditação profunda. Afinal, Oswald foi o herói dos Concretos – o que lhe trouxe grande prejuízo com a ascensão destes, e a permanência forçada de uma “vanguarda” que já não era. Cinqüenta anos. Mais até. Os mesmos que se encerraram, só recentemente, com a morte de um dos Três (Haroldo, “once again”). O erro dos Modernistas (deixemos pra lá os Concretos), como todos sabemos, foi romper com toda e qualquer coisa antes deles. Um “ato de rebeldia” que gerou duas conseqüências. Primeira: na limpeza, varreu da sala até Machado de Assis (por exemplo). Segunda: no desejo de “libertar” a arte brasileira de seus excessos, partiram para uma simplificação quase infantil (vide os quadros de Tarsila), que não se sustentou, passados os “loucos anos” 20. De “Pau Brasil”, fica a sátira da nossa História (desde Caminha) e a prosa (sim, a prosa) que abriu caminho para a geração de 30 (Drummond et alii), enterrando de vez o beletrismo (ainda que isso redunde em certo “concretinismo” depois). Uma curiosidade, no volume, consegue ser ainda mais divertida que as “pilhérias” de Oswald: trata-se do comentário que Mário de Andrade escreveu a respeito do livro mas não publicou. Versa sobre a eterna inveja que pairava entre os dois. Como as dúvidas sobre o valor do “opus” oswaldiano, não se solucionou.
>>> Pau Brasil - Oswald de Andrade - Globo - 230 págs.
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Julio Daio Borges
Editor
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