DIGESTIVOS
>>> Notas >>> Literatura
Sexta-feira,
26/12/2003
Rebelde aristocrático
Julio
Daio Borges
+ de 7800 Acessos
|
Digestivo nº 155 >>>
Bertrand Russell dedicou um capítulo da sua “História da Filosofia Ocidental” (1945) a Lord Byron. Segundo Paulo Henriques Britto, que prefacia, traduz e posfacia “Beppo” (1818), pela editora Nova Fronteira, Russell considerava Byron o modelo para o super-homem nietzschiano. Goethe (o outro “modelo”) chamou Byron de “o maior gênio do século”; sendo que ele (Goethe) dividiu os louros da poesia do século XIX com outro gigante, Victor Hugo. Enfim, foi com pressa e certa precipitação que varreram o autor de “Dom Juan” (1821) para debaixo do tapete do panteão literário moderno, onde seus versos de um floreio virtuosístico quase insuportável não seriam mais tolerados. Tão interessante quanto sua obra é sua vida. Afinal, para Byron, as duas estavam intimamente ligadas. Não acreditava em criação “livresca” e foi viver intensamente – tanto quanto conseguiu escrever. Era manco (ou “coxo”; tinha um defeito incurável no pé), mas num certo ano, em Veneza, teve cerca de duzentas mulheres. Apavorou-se com a própria contabilidade libertina e, num acesso de censura, ao mesmo tempo em que escreveu isso numa carta, riscou. (Paulo Henriques Britto a reproduz no final do volume.) Ainda segundo Russell (Freud afirmaria o mesmo), Byron passou a vida atrás da própria mãe e seu grande romance acabou sendo o envolvimento incestuoso com a meia-irmã: Augusta. Pela sua cama, ao que parece tão movimentada quanto a do Marquês de Sade, passaram ainda meninos. Respectivamente, sua primeira e sua última paixão. Esta vivida quando lutava pela independência da Grécia (Byron era um aventureiro nato). Morreu no meio da guerra, já descrente de que pudesse ajudar. Tinha 36 anos. Assim, a leitura de “Beppo” (apelido muito comum na Itália para “Giuseppe”) é um mergulho na mente desse sujeito, que não separava seus “heróis” e “anti-heróis” de sua própria existência. Todo mundo (todo mundo mesmo) sabia que, nos textos, era sempre “ele” – e consumia sua produção avidamente. Byron esgotava edições em dias ou semanas. Oscar Wilde, inclusive, tentou ser como ele. De certa maneira, conseguiu.
>>> Beppo - Byron - 169 págs. - Nova Fronteira
|
|
Julio Daio Borges
Editor
Quem leu esta, também leu essa(s):
01.
O Kindle 3 e as respostas da Amazon ao iPad (Literatura)
02.
Quer ganhar dinheiro com o seu perfil no Twitter? (Além do Mais)
03.
Antologia poética, de Carlos Drummond de Andrade (Literatura)
04.
Samba Meu, o DVD de Maria Rita (Música)
05.
75 Kg de músculos e fúria (Imprensa)
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|