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DIGESTIVOS
>>> Notas >>> Televisão
Quarta-feira,
21/1/2004
Um vanguardista da opinião
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 158 >>>
No início da década de 90, no Brasil, a esperança para a televisão estava na TV a cabo. Como num renascimento, a qualidade era levada a sério (havia dinheiro para bancá-la) e a criatividade estava à solta (com bons profissionais para sustentá-la). Nessa época, nasceu o “Manhattan Connection”, de Lucas Mendes e Lúcia Guimarães. E nessa época, também, nasceu o “Milênio”, programa de entrevistas comandado por Edney Silvestre. Ele e a editora W11 perceberam que aquela foi uma época de ouro (também para os Estados Unidos – que viviam o “boom” econômico da Era Clinton; Edney estava lá) e resolveram editar o material do “Milênio” em livro. Desde dezembro do ano passado, ele está à disposição dos leitores, sob o título “Contestadores”. São 18 entrevistados, classificados por grupos conforme a “performance”: boxeadores (de Norman Mailer a Paulo Francis); tempestuosos (de Edward Said a Edward Albee [autor de “Quem tem medo de Virginia Woolf?”]); cordiais (de Juliette Binoche a James Taylor); militantes (de Harry Belafonte a Nan Goldin); e visionários (de Michio Kaku a Tony Kushner). Claro, entramos em outra década e algumas questões ficaram para trás. Como quando Camille Paglia se debruça sobre o “affair” Monica Lewinsky; ou como quando Paulo Freire devaneia sobre o socialismo e a “esperança” antes do Governo Lula. Mas os bons momentos valem o livro todo: Paulo Francis no auge, lançando “Trinta anos esta noite” (como, aliás, notou – na orelha – Sonia Nolasco); Norman Mailer chamando John Updike de “peso-leve” e divagando sobre a (presente) impotência dos escritores; Salman Rushdie lamentando por seu isolamento e pelo fato de ser maior que a própria obra (como personalidade); James Taylor falando do abismo das drogas e da sua redenção no Rock in Rio (I). E por aí vai. Se alguém perdeu o trem da História e não soube reconhecer a pujança dos anos 1990, eis que surge uma segunda chance.
>>> Contestadores - Edney Silvestre - 342 págs. - W11
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Julio Daio Borges
Editor
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