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Quarta-feira,
18/2/2004
A regra do jogo
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 162 >>>
Folheando o jornal, a impressão que o leigo tem é de que o jornalismo econômico já vem pronto – com toda aquela parafernália de índices, declarações oficiais do Governo e as poucas escapadas que dá no terreno da “microeconomia” (pessoas e empresas). Pois, aparentemente, ao contrário do jornalista cultural, o econômico não pode “interpretar” nada, tem de manter-se fiel à realidade. Aí é que está a dificuldade: em decodificar esse mar de números, esse poço de informações desencontradas (que é o “mercado”, que é “Brasília”, que é o “Brasil”), convertendo tudo em análises saborosas e em pratos convidativos, na mesa do café-da-manhã de quem diariamente folheia. Suely Caldas, veterana do “Estadão” (com passagens pela “Gazeta Mercantil”, pela “Folha” e pela revista “Exame”, entre outros[as]), entrega o serviço no volume “Jornalismo Econômico” (2003), da editora Contexto. Em capítulos nem tão amarrados assim (poderiam ser mais), descreve a triste sina do jornalista econômico. Remonta ao militarismo, quando a seção ganhou peso (vide os superpoderes de Delfim), seguindo pela via da independência política (época em que se criaram as agências de notícias [alternativas ao que chegava do “andar de cima”]), desembocando nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs; Suely Caldas já teve de fazer acareação e de prestar testemunho em algumas). Sim, o jornalismo econômico também pode ser heróico e emocionante. Melhores momentos do livro: a entrevista inédita de Pérsio Arida (o único antídoto a Gustavo Franco, e ao estouro do dólar em 1999); a história da Agência Estado (com laivos de Reuters e Bloomberg [“Eu vi o futuro...”]); e o vale-a-pena-ver-de-novo do escândalo “Nacional” (para quem está atualmente chocado com a Parmalat). São noites em claro e horas preciosas longe da família; temperadas com ameaças de morte e tentativas de extorsão. Esse é o jornalismo econômico: a realidade fria dos números, embaralhada com a realidade quente da vida.
>>> Jornalismo Econômico - Suely Caldas - 138 págs. - Contexto
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Julio Daio Borges
Editor
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