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Segunda-feira,
14/6/2004
No altar do vento
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 179 >>>
Theo de Barros é hoje um senhor que, em foto, lembra muito o ator Sérgio Mamberti. Foi um dos integrantes do genial Quarteto Novo, que contava ainda com Hermeto Pascoal (apenas um flautista albino, vesgo e habilidoso) e que foi relançado – em disco – no lote que a EMI resgatou dos arquivos da Odeon. Um álbum de 1967, imperdível. Também o CD novo de Theo de Barros, pela Maritaca – certamente um dos melhores trabalhos a surgir este ano. Delicado, cuidadoso, equilibrado, perfeito. Só com composições suas, à exceção de uma única faixa; muitas com letra de Paulo César Pinheiro. O bom gosto começa com a escolha dos convidados e segue pelos arranjos redondos e aveludados, passando pela sua própria interpretação – uma voz exata, que não incomoda e que não transmite falhas. E se alguém sente saudades de Tom Jobim, mas não agüenta mais ouvir as mesmas canções, deveria tentar, por exemplo, “Natureza” – cantada por Mônica Salmaso, rendendo como nunca. É Mônica também que brilha na bela suíte “Sete Violas”. A mesma que tem, ainda, Renato Braz, as flautas de Teco Cardoso e as cordas da Osesp. Chico Buarque, o letrista, paira sobre “Amor de Poeta” e “Zé Menino”, embora sua “influência” aqui seja um tanto quanto anacrônica. Já Cido Bianchi brilha ao piano acústico em “Aquele Carinho” e “Meu Retrato”, para citar apenas duas. Na primeira metade desse “Theo”, descobrimos que o segredo talvez esteja em peças polidas que variam entre 1 e 3 minutos. Não mais que isso. “Cinema”, porém, na segunda metade, com quase 5 minutos, põe essa certeza abaixo. “Começou a partir daquele encontro/ O pavor do conflito e do confronto”. Também “Remanso”, de um violão límpido e precisamente rebuscado. O violão de Theo de Barros – um músico tão completo que, às vezes, ainda se esquece qual é a sua especialidade.
>>> Theo - Theo de Barros - Maritaca
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Julio Daio Borges
Editor
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