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Segunda-feira,
11/10/2004
Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 196 >>>
Que conclusão tirar sobre o surgimento de novos talentos na música brasileira? Embora o negócio da música esteja comprometido, ou ao menos mudando radicalmente, estamos lançando gente nova – ou estagnamos como a venda de CDs (cujo marco zero, da queda, é o final da década de 90)? Digamos que a IBM não esperou por essas respostas. Chamou Zuza “A Era dos Festivais” Homem de Mello e montou o e-Festival. Em sua 4ª edição, o evento adotou a abordagem acústica e apresentou ao público, em setembro, já o 3º colocado: a canção “Emaranhado”, de Leandro Dias, Edna Maria Pereira e Felipe Cordeiro, em interpretação de Karina Ninni. Direto de Belém, o grupo mostrou que existem compositores amadurecidos de um Brasil que o Brasil não conhece, e que existem também intérpretes dando um “show”, numa revolução não televisionada. Basta dizer que não ficaram nada a dever (ainda que seu “set” fosse só de três músicas) à quase já veterana Vanessa da Mata (pelo menos em termos de consagração nacional). A mais nova diva desfilou, num vestido branco, o repertório de canções de seu primeiro disco – pois encerrava a turnê naquela noite (e, paralelamente, se preparava para a divulgação do segundo – o que, atualmente, acontece). Mesmo que fuja das comparações como o diabo da cruz, foi inevitável não ver, no palco, um pouco do timbre e dos trejeitos de Marisa Monte; um pouco da presença cênica e do figurino de Maria Bethânia; e um pouco da estridência e da exuberância capilar de Gal Costa. Vanessa da Matta – embora feche os olhos e faça um esforço mental, para recordar sua escalada rumo ao sucesso, de alguns poucos anos pra cá (desde “A força que nunca seca”) – não tem todo o apuro e todo o domínio que se esperava dela. Está muito bem no CD, mas está também crescendo no sentido técnico. É um potencial, mas não uma cantora, como muitos pensam. Felizmente esse é só um lado do e-Festival IBM Acústico: o lado dos convidados. O lado que pode abrilhantar, que pode ofuscar, mas que pode igualmente oferecer interessantes comparações.
>>> e-Festival
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Julio Daio Borges
Editor
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