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Segunda-feira,
13/12/2004
Minnesota nunca mais
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 205 >>>
Gosto de Sangue, apesar do título que sugere mais um filme acéfalo de aventura, remete às origens dos Irmãos Coen e da atriz Frances McDormand. Trata-se do primeiro longa de Joel e Ethan Coen, lançado originalmente em 1985 e que projetou a mal-humorada “dona de casa” Hollywood afora. Embora hoje seja considerado um clássico, os Coen se mostraram suficientemente críticos em relação à própria obra, a ponto de eliminar 15 minutos da versão de quase 20 anos atrás. Além de ser uma curiosidade para admiradores da filmografia dos Coen Bros., Gosto de Sangue se sustenta sozinho, através daquela mistura de policial noir, com uma estética própria e com o caipirismo universal norte-americano. Outra novidade, fora o corte de 1/4 de hora, é a trilha sonora restaurada e que se impõe, mostrando que os Coen trabalhavam bem a combinação de som & imagem desde os primórdios. É interessante, ainda, propor um paralelo entre eles e as intenções de Quentin Tarantino – já que, em ambos os casos, imperam os diálogos secos, a ação inconseqüente do faroeste (ou das HQs) e o desfecho surpreendente a partir de tomadas violentamente ousadas. Se em Tarantino, as seqüências normalmente descambam para o riso fácil, nos Irmãos Coen, ri-se da aparente seriedade e do absurdo da situação das personagens. Nesse sentido, é impagável a atuação de M. Emmet Walsh, que disputa a cena com uma Frances McDormand jovem. Faz o papel de detetive particular, contratado pelo marido de Frances, a fim de investigar se ela andava ou não pulando a certa (andava). O seu cinismo e o seu posterior mau-caratismo são o eixo em torno do qual gira esse Gosto de Sangue. Ainda que os Coen falem com exagerado desprendimento dessa primeira incursão cinematográfica, ela tem uma importância capital, considerando-se os rumos que as coisas tomaram, nos anos 90 e depois, em matéria de sétima arte.
>>> Gosto de Sangue | Irmãos Coen (entrevista)
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Julio Daio Borges
Editor
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