DIGESTIVOS
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Segunda-feira,
3/1/2005
Internet em 2004
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 208 >>>
A grande vedete de 2004 na Web foi o site de relacionamento Orkut. Uma iniciativa do Google, alardeada como despretensiosa, mas que arregimentou milhares de cadastrados ao redor do globo (sem falar que colocou os internautas brasileiros em disputa pelos primeiros lugares no ranking). Até agora não se sabe se isso é ruim ou bom (o Orkut e a maciça presença brazuca). De qualquer forma, a iniciativa de um funcionário da maior empresa de internet do mundo trouxe conseqüências para todos – e os sites, a partir de agora, terão de se (re)estruturar tomando por base o (novo) “paradigma” do Orkut. (O mesmo Google, aliás, continuou crescendo como nunca e deixou de temer o enfrentamento na bolsa de valores.) E quem lucrou, ainda que virtualmente, e em forma de piada, foi o Cocadaboa, que emplacou o trote (ou a “barriga”) do ano: o Sexkut. Na mesma categoria “fenômeno”, os sempre questionados blogs ganharam novo impulso em 2004. Primeiro, graças ao excelente estudo de Denise Schittine, que coloca os blogueiros no seu devido lugar: como herdeiros do voyeurismo, da confusão entre as esferas pública&privada e da construção de uma “memória” coletiva via posts, e-mails, comentários... E os primeiros blogueiros brasileiros a sair entre capas foram os controversos Wunderblog(ger)s. Ainda que tenham sido ponta-de-lança para o surgimento da editora revelação de 2004, a Barracuda de Alfred Bylik, não conseguiram convencer a todos da utilidade de se editar, justamente,... blogs. A internet este ano ainda viu emergir novos autores que se consagraram nela ou através dela, como: Paulo Polzonoff Jr (em O Cabotino); Alexandre Soares Silva (em Morte e Vida Celestina); e Fabio Danesi Rossi (em Todas as Festas Felizes Demais) – todos com passagens pelo Digestivo Cultural. Sem ambição em matéria de literatura e apenas com o desejo de compilar material seu desde os primórdios da Grande Rede, Fernand Alphen estreou a coleção “Webinsider” (estabelecida em função do conhecido site de mesmo nome, dirigido por Vicente Tardin). E a música na internet não viveu apenas de disputas com a justiça e por formatos mais ou menos vendáveis. O Brasil foi cenário de uma das empreitadas mais inteligentes para a produção independente e alternativa: o Trama Virtual, com curadoria do lendário produtor Carlos Eduardo Miranda. Infelizmente, foi palco também da desbocada briga entre o jornalista Mario Marques e a blogueira brasilianista, Daniella Thompson (em torno da discografia de Guinga). 2004 praticamente se encerrou com um inédito (e bem-feito) caderno de tecnologia no Estadão: o “Link” – provando que até em instituições centenárias a WWW tem reconhecido o seu valor.
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Julio Daio Borges
Editor
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