DIGESTIVOS
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Sexta-feira,
28/1/2005
Nova ordem digital
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 212 >>>
As revistas sobre internet foram e voltaram e, passados alguns anos, praticamente se extinguiram. Talvez porque – como é clichê afirmar – a internet, como o mundo, não precisa de explicação. A internet está aí, para quem quiser pegar. E talvez porque, também, o usuário de internet – como muitos insistem em afirmar – seja suficientemente interativo a ponto de não admitir guias ou injunções em sua navegação. Seguindo esse raciocínio, uma revista de bookmarks (ou favorites) estaria condenada ao fracasso. Não é o que mostra, porém, a W3, distribuída gratuitamente em locais estratégicos. Moda, arte, música, gastronomia, design – para cada assunto, uma coleção de URLs, endereços ou sites. Mas nada de dicas óbvias, como portais, livrarias virtuais, lojas de discos, blogs e fotologs. A W3 destaca, por exemplo, um artista catador de lixo, o website do chef Jamie Oliver metido a engraçado, o equivalente em versão musical do Internet Music Database e uma entrevista com a eterna diva dos modernos, Erika Palomino. Esta não se perde no blablablá recente do Fashion Week e reafirma o poder da Web: se antes as assessorias a procuravam para que desse matérias exclusivas em sua coluna na Folha, hoje pedem que cubra preferencialmente pelo site, na WWW. Pode parecer um contra-senso reafirmar o potencial da internet num impresso (e não na própria Rede), mas a W3, talvez como outras que a precederam e que lhe serviram de inspiração (como a revista Simples), penetre nichos e promova trabalhos que, de outra forma (ou em outros formatos), seriam impensáveis. A W3 diz que está no seu primeiro número e já tem a seu lado empresas e instituições como: Diesel, Armani, CosacNaify, Casa do Saber, Arezzo e Mam. Se estivesse completamente equivocada, não contaria com esse “portfolio”. Na verdade, explora o filão de impressos gratuitos, que estão se expandindo freneticamente na Europa (como os jornais de metrô, que na França ameaçam gigantes como Le Monde e Le Figaro). Os textos, breves e simpáticos, não apostam na condescendência “abriliana” para com o internauta. Falam de igual para igual e têm um cuidado especial com a “arte”. Pra quê mais?
>>> W3
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Julio Daio Borges
Editor
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