DIGESTIVOS
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Sexta-feira,
4/3/2005
Anotações durante o incêndio
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 217 >>>
Além de uma cachaça, o jornalismo é quase uma obrigação profissional para escritores brasileiros de ontem e de hoje. Há todo tipo de histórias. Desde aqueles que se fascinaram pelo ofício, aparentemente abdicaram da vocação, desistiram dos livros e deram o sangue no embrulha-peixe, até aqueles que levaram uma carreira em paralelo, souberam separar o burocrata das palavras do ourives da invenção verbal e, além de colunas periódicas como Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, assumiram funções permanentes e, ao mesmo tempo, desovaram obras-primas, como Graciliano Ramos e Monteiro Lobato. Falta aí, porém, uma terceira categoria, muitíssimo mais rara e inédita: a daqueles que, em pleno país-de-não-leitores, iniciaram-se no jornalismo, cultivaram a literatura em suas horas vagas, viram seus contos e romances crescerem e florescerem, consolidaram enfim uma carreira – e se permitiram o grande luxo de se arriscar como escritores full time no País do Carnaval. Entre esses, está – hoje – Cíntia Moscovich, autora de Duas iguais e de Arquitetura do arco-íris (ambos pela Record) – ex-editora de livros do jornal Zero Hora. A boa nova, para aspirantes, ainda se estende ao fato de que Cíntia se lançou oficialmente, em livro, não há muito tempo e, sim, no boom de autores da década de 90. Claro que Cíntia não abre sua contabilidade e nem brada o feito aos quatro ventos, mas registra o passo-a-passo de sua doce aventura no site que acabou de inaugurar (talvez premonitoriamente), o cintiamoscovich.com. Nele, além da esperada biografia, dos óbvios dados sobre sua obra e das repercussões dela nos jornais, há ainda uma divertida seção de fotos, os passeios pelo seu dia-a-dia através de um blog (ela é novata na máfia) e o anúncio de uma oficina literária que divide com o poeta Fabrício Carpinejar (apenas 20 vagas para cada). A mídia literária, se é que se pode falar assim, é conservadora no sentido de assimilar e de mesmo aceitar o novo. Cíntia Moscovich não é exatamente nova como escritora, mas já era hora de estar, para usar o título de um de seus livros, entre suas iguais – as grandes damas das letras brasileiras.
>>> cintiamoscovich.com
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Julio Daio Borges
Editor
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