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Segunda-feira,
9/10/2006
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Redação
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Saudações, sr. Sharkey
Sr. Sharkey,
Estou escrevendo para seu endereço de e-mail porque os posts não estão mais sendo aceitos no seu blog no New York Times - o que não é muito democrático, não acha? Eu gostaria de lhe fazer uma pergunta simples:
O que aconteceria se dois pilotos brasileiros (ou de qualquer outra nacionalidade) se envolvessem em um acidente aéreo nos Estados Unidos? O seu país os deixaria livres para voltar para casa para acompanhar calmamente as investigações? Eles estariam em segurança no seu país? Eu não acredito. Provavelmente eles já teriam sido levados para Guantanamo, acusados de terrorismo... Pense melhor antes de dar opiniões sobre outros países porque o seu não é melhor do que qualquer outro. Seus pilotos podem ser seus heróis particulares, mas podem também ser os responsáveis pela morte de 155 pessoas. Só as investigações vão dizer...
Saudações
Adriana Carvalho
do Brasil
Tradução do e-mail que mandei para o jornalista Joe Sharkey, do The New York Times, que estava no avião Legacy, envolvido no trágico acidente acontecido dias atrás com o avião da companhia aérea brasileira GOL.
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Adriana Carvalho
9/10/2006 à 00h01
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A quase morta cultura na TV
Mudam os governos, a direção de jornalismo da TV Cultura e a relação da emissora com políticas de patrocínio, mas o Metrópolis, bem ou mal, continua ali. E, talvez pela força do tempo há que está no ar - desde 1988 -, praticamente impôs um modelo de como abordar cultura na televisão, a ponto de claramente ter inspirado o Fantástico, da Globo, a usar obras de artistas plásticos no cenário do programa. Hoje, um dos nomes por trás do Metrópolis é Helio Goldsztejn (apesar do programa invariavelmente ter a cara do Cunha Jr. para o telespectador), convidado pelo Centro de Estudos da Revista Cult a falar de jornalismo cultural na TV.
De fato, segundo a programação, estava prometida uma palestra sobre jornalismo cultural da TV. O que acontece é que Goldsztejn também faz parte da equipe do Entrelinhas, da mesma Cultura. E diante do inegável desgaste do Metrópolis, é tentador, praticamente irresistível, falar do mais recente e fresco Entrelinhas, programa sobre literatura (embora houvesse na programação do curso, no dia seguinte, uma palestra só para abordar literatura na TV).
Goldsztejn é adepto da idéia do teórico Marshall McLuhan de que o meio é a mensagem. É dizer, em outras palavras, que a culpa da superficialidade é mesmo da TV. Para ele, assistir televisão "não é como ir ao cinema ou ao teatro, que é um ritual. A displicência e ligação com o meio é diferente". E o jornalismo mais direto, recortado e ofegante, nessa lógica, é mais fácil e gostoso de assistir. Pena, sofrem os espectadores. Reportagens mais leves não necessariamente significam reportagens mais superficiais. E um dos fatores de sucesso e sobrevivência do Metrópolis, citado na palestra, é o fato de sempre ter despertado interesse de patrocinadores e apoiadores culturais. "Essa relação da TV com o mercado sempre existiu", diz Goldsztejn. "Eu trabalho numa TV pública que agora também tem patrocínio e também depende do mercado".
Pode até ser. É compreensível que a diferença de ritmos e equipes não permita um produto tão bem acabado no jornalismo diário. A produção do Metrópolis envolve 12 pessoas, com duas inserções por dia; no Entrelinhas, são cinco os responsáveis pelo programa semanal. Isso sim, e não as características do público e da TV, justificam as diferenças. O que, de todo jeito, é uma pena.
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Verônica Mambrini
5/10/2006 à 00h07
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Nasi in blues no Bourbon
Quem conhece o vocalista do Ira! da época em que era fã do The Clash, fazia shows alternativos e compunha letras rebeldes e, digamos, "cruas", estranharia à primeira vista seu terno engomado e visual "Wolverine Valadão" utilizado em um programa da MTV, no Bourbon Street Club, tradicional casa paulista de blues e jazz localizada em um bairro nobre da cidade. É fácil reconhecer a tradição da casa nos diversos quadros autografados por nomes conhecidos de ambos os ritmos e ao visualizarmos o tesouro da casa repousando em uma redoma de acrílico: a guitarra Lucille autografada por B.B King.
Mas é justamente esta a proposta do Credicard Vozes. Encaixado no conjunto de músicos nacionais que interpretam músicas em estilos ou formatos diferentes dos que os consagraram, Nasi e blues não parecem uma combinação tão inusitada. O projeto começou em 2004 com um show da cantora baiana Daniela Mercury que tinha no repertório clássicos de Chico Buarque e Tom Jobim com arranjos jazzísticos. Em 2005, Sandy apresentou jazz e bossas e, neste ano, Alcione já interpretou clássicos de Billie Holiday e Toni Garrido ganhou pegada rock em músicas próprias. Todos provaram sua versatilidade e isso não foi diferente com Nasi.
Produzido pelo Bourbon Street e a Credicard, o Credicard Vozes privilegia o artista cantando músicas que gosta de cantar informalmente, lançando um ou outro trabalho que siga esta linha alternativa. No caso de Nasi, que já havia lançado três CDs do ritmo com os Irmãos do Blues (Uma noite com Nasi e os Irmão do Blues, 1994, Os Brutos também amam, 1996, e O Rei da Cocada Preta, 2000), um projeto solo, Onde os anjos não ousam pisar, lançado neste ano e que agrega hip-hop, pontos de umbanda e toques latinos ao blues e rock.
O Show
Foi um disco de Muddy Waters na adolescência que tornou o blues uma grande paixão de Marcos Rodolfo Valadão, o Nasi. Com participações do trombonista Bocato e do gaitista Sergio Duarte, seu repertório contempla desde o blues clássico do delta do Mississipi ao branco inglês, passando por composições próprias e versões em português para standards do gênero. O experiente saxofonista Hugo Hori assume o backing vocal e o virtuosismo dos tecladistas Adriano Grineberg e Johnny Boy contagia o ambiente descontraído diante do vocalista desbocado.
Entre as músicas tocadas, são destaques clássicos como "Hoochie Coochie Man", que contou com a performance impagável de Nasi como cachorro conversando com o som da gaita de Sergio; o "Blues do Assovio", versão de "Mardi Gras" de New Orleans feita pelo pianista Professor Longhair; "I put a spell on you", música de Screamin Jay Hawkins que já foi regravada pelo Creedence e homenagem de Nasi ao bluseiro que tanto admira, além de músicas próprias como "Poeira nos olhos" e "Acredito no amor", cujas letras mantêm o espírito do Ira!.
Para ir além
Dia 4 de outubro de 2006 às 22h
Couvert Artístico: R$ 75 (bar), R$ 95 (mesa)
Clientes Credicard: 20% de desconto para até 4 lugares
Local: Bourbon Street Music Club
(Rua dos Chanés, 127 - Moema)
Telefone: 11 5095-6100
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Marília Almeida
4/10/2006 às 16h21
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Conversas sobre literatura
.as conversas sobre literatura, mesmo entre o público mais culto e esclarecido, raramente ultrapassam variações de diálogos do tipo "E aí, já leu o LIVRO X, do AUTOR Y?" "Claro, bom à beça. Gostei muito." "Bacana, né? Agora já comecei o LIVRO Y, achei o início sensacional." "De quem é esse mesmo?" "Do AUTOR X, primeira tradução direto do original, saiu pela coleçãozinha nova, aquela, da EDITORA Z, com as capinhas aquelas." "Ah, claro. Claro. Tinha lido a resenha do RESENHISTA A no JORNAL B. Tenho que comprar esse aí também, mas a grana tá curta."
Sob o risco de minha memória estar sendo deformada por sentimentos nostálgicos, acho que na adolescência eu tinha muito mais conversas longas e profundas sobre livros com meus amigos do que hoje, agora que já publiquei livros e trabalho praticamente só com coisas relacionadas a literatura ou mercado editorial.
Em seu blog, Ranchocarne, o escritor gaúcho Daniel Galera - autor de Mãos de cavalo, desde já um dos livros brasileiros do ano - fala da sensação de que a qualidade da leitura vem caindo à medida que aumenta a velocidade com que novidades literárias são lançadas e substituídas no foco de interesse de um público numericamente ridículo. Galera está falando da leitura em geral e não apenas da dele - o que poderia ser atribuído com algum cinismo ao seu ingresso na idade adulta. Vale a pena ler o texto inteiro. A generalização é perigosa, como todas, mas alguma coisa nessa conversa faz muito sentido. Só não sei dizer ainda exatamente qual.
Acho que preciso ler mais.
Sérgio Rodrigues, no seu Todoprosa, sempre levantando boas discussões.
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Rafael Rodrigues
4/10/2006 às 11h50
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Outubro literário
Um livro de dualidades e surpresas, do projeto gráfico ao conteúdo - começando pelo próprio título. Videoverso - poesia que se lê vendo; que se vê lendo (7 Letras, 2006) reúne poesia visual e poesia "em verso" (como brinca Frederico Barbosa na apresentação do livro) da carioca Gabriela Marcondes, que terá lançamento paulistano em 7 de outubro na Casa das Rosas (Avenida Paulista, 37 - a partir das 20h).
Poema visual de Gabriela Marcondes
Trabalhando sentidos internos ou pinçando revelações nas palavras("interno descompasso/ eterno descompássaro", no poema "Passos e pássaros" ou em "Ilusão meretriz/ Dança de sentidos/ Subentendidos/ Paixão por um triz.", "Flerte"), Gabriela constrói um livro original e - como o próprio eu-lírico coloca no poema "Texturas" - "repleto de possibilidades" ("Meu verso é repleto de possibilidades/ Não possuo seqüência, não possuo métrica.").
O intenso "Dobradura" ("Sentimento origami/ Marco, dobro, e pronto/ Caio fora do tatame.") é apenas um dos diversos belos poemas de videoverso, cuja autora também realiza um trabalho de videopoesia e é médica com pós-graduação em clínica geral e endocrinologia.
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O II Fórum de Editoração, organizado por alunos do curso de Editoração da USP, acontece novamente no Grande Auditório do MASP, dia 8 de outubro. O tema deste ano é "Literatura: incentivo X consumo". A programação se estende durante toda manhã e tarde, com debates sobre "Marketing editorial e formas de divulgação", "Livro digital: como e por quê", "Feira de livros: consumo de cultura ou cultura de consumo?", entre outros temas. Na parte da manhã, às 11h, o destaque é o lançamento da revista literária dos alunos da USP, a Originais Reprovados, que chega ao segundo número. A revista, dedicada a publicar prosa e poesia uspianas e produzida pela Com-Arte Jr., busca gerar "a circulação de idéias dentro da universidade" e criar "oportunidades para aqueles que não encontram espaço nas editoras e revistas comerciais."
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Começa dia 9 de outubro o Programa Anual de Criação Literária, oferecido pela Academia Internacional de Cinema. O curso - dirigido à formação de escritores nas áreas de poesia, ficção (conto, romance, novela) e não-ficção (biografia, reportagem, crítica) - tem duração de dois semestres e se realiza por meio de workshops opcionais e palestras, incluindo aulas práticas e apoio teórico. Os professores de outubro a dezembro de 2006 são os escritores Marcelino Freire, Marcelo Rezende, Márcia Tiburi, Michel Laub, Rodrigo Petronio e Wagner Carelli. Mais informações sobre o curso podem ser consultadas no site da Academia.
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Capa do livro Doze
E, na terça-feira, dia 10 de outubro, oito poetas comemoram e apresentam ao público a coletânea Oitavas - livro feito à mão e com capa dura, concebido pelo editor e designer, Vanderley Mendonça. O livro sai pelo selo do simpático diabinho Demônio Negro e reúne poetas brasileiros e estrangeiros. Corra e chegue cedo porque a tiragem é limitadíssima e o sucesso é garantido! Prova é que na mesma noite será relançada outra coletânea, também pelo selo Demônio Negro, a Doze (que reúne doze prosadores). Tudo na Casa das Rosas, a partir das 19h.
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Elisa Andrade Buzzo
3/10/2006 às 06h00
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Circuito Editorial Literário
Frequentemente (pelo menos uma vez por semana), alguém me escreve perguntando como se tornar um escritor, como publicar um livro, como escrever um livro que possa ser aceito pelas editoras, se um agente literário poderá realmente ajudá-los a conseguir publicar, que tipo de livro as editoras publicam mais, qual o tamanho que um romance deve ter para ser mais facilmente aceito por editoras, que tipo de editora é a mais adequada ao livro em questão, qual gênero é mais difícil de emplacar, etc. Sem dúvida, há uma carência gigantesca de informações sobre o assunto, o que é uma pena, pois acaba por desestimular muitas pessoas com talento - e às vezes até com bons originais prontos - a se aventurarem no mundo da literatura profissional, digamos assim. Os aspirantes a escritores ficam perdidos, sem saber a quem recorrer e o que fazer para ter mais chance neste concorrido mercado.
De fato, não sou a pessoa mais capacitada para responder essas perguntas. Entretanto, indico algumas palestras que ocorrerão nos meses de outubro e novembro na cidade de São Paulo e que poderão ajudar os novos escritores nas questões lançadas acima, ou mesmo escritores que já conseguiram publicar mas querem se atualizar sobre o atual momento do mercado editorial brasileiro. Para um assunto carente como este, sem dúvida essa é uma iniciativa bastante interessante e pertinente.
O 1º Circuito Editorial Literário, promovido pela Agência Literária, pretende, através de quatro palestras relevantes, promover a interface entre escritores e envolvidos no mercado editorial, discutindo os principais aspectos relacionados a criação e publicação de uma obra literária, a partir de uma visão da realidade do mercado editorial nacional.
Abaixo, as palestras agendadas:
* Livro infanto-juvenil e as exigências do mercado, dias 17 e 24 de outubro, com a editora Ceciliany Alves, responsável por Literatura e Projetos Especiais da Editora FTD.
* Como criar um bom romance e ter uma boa edição, no dia 31 de outubro, com o professor Jiro Takahashi, editor com passagem nas principais editoras do país, além da sua recente atuação como diretor editorial da Geração Editorial.
* Dicas de um editor: escrevendo obras de não-ficção, nos dias 7 e 8 de novembro, com a diretora editorial da Larousse do Brasil, Soraia Reis.
* Como ter seu livro publicado e as exigências do mercado, dia 21 de novembro (finalizando o Circuito), com a agente literária Alessandra Pires, completando os temas abordados.
As palestras ocorrerão na Livraria Martins Fontes - Al. Jaú, 1742 - Cerqueira César - São Paulo/SP e mais informações (e inscrições) estão disponíveis no (11) 3675-8347 ou pelo site O Agente Literário.
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Marcelo Maroldi
2/10/2006 à 01h00
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Genet no Satyros
Uma cela. A solidão de um homem. Expectativas que se contradizem. O que dizer diante do tribunal na manhã seguinte e quando o carcereiro chegar ordenando a saída pra tomar sol parecem duas questões desoladoras. O falar sozinho redunda no ambiente tosco composto por duas privadas e paredes sujas. Alucinações, idéias de grandeza, desejos impossíveis e incorporações onde autor se confunde com sua obra parecem ser as soluções para um cenário desesperador.
Pedro Vieira traduz os abundantes desejos do escritor francês outsider Jean Genet (1910-1986), que vivia de roubos e prostituição após ser abandonado pela mãe, com o lirismo que é próprio de sua literatura no monólogo Três Paredes e Meia, última semana em cartaz no Espaço Satyros 2. Com um jogo de cena primoroso, o cenário pobre e fidedigno à história de Frank Dezeuxis torna-se extremamente dinâmico. A luz é essencial na peça, assim como o jogo corporal do protagonista, obra de Valéria Jouse, que se desnuda e se recompõe com incrível naturalidade e leveza de gestos.
A idéia de encenar um espetáculo baseado na obra de Genet surgiu do próprio ator em uma turnê por presídios com o grupo Teatro da Vertigem, que tem mais de uma década de vida e se tornou famoso por encenar uma trilogia bíblica que discute o limite entre o sagrado e o profano, relacionando-os a temas como o massacre do Carandiru. Na ocasião, Pedro participava da peça Apocalipse 1,11 e, em um destes presídios, um polonês lia com emoção Nossa Senhora das Flores, obra de Genet na qual se inspira a livre-adaptação e que se tornou conhecida principalmente entre os próprios presidiários por seu retrato fiel e autobiográfico dos sentimentos contraditórios da "vida bandida". Pedro chamou, então, Emerson Rossini, ator da Companhia do Latão com experiências anteriores de direção, e o dramaturgo Sérgio Pires, responsável pelo texto, dentre outros espetáculos, de Cadência (2004), e produziu o espetáculo.
Ernestine e Divine são personagens da obra repetidamente clamadas pelo ator no espetáculo, sempre em estado de puro torpor. Por fim, vemos uma fusão e não a encarnação de diferentes personagens. É o autor alucinado, no fundo do poço, que conversa e confidencia com o espectador imaginário, além de se revoltar com outros presos fora de cena e cochichar consigo mesmo. Ele sente suas personagens, sofre com elas e se preocupa com o que lhe acontecerá diante do tribunal. Ao mesmo tempo, deseja o carcereiro ardentemente e se fantasia de Divine.
Genet choca não por sua crueza, mas pela intensidade de seus desejos, expressos em sua resumida carreira como escritor, que o transformou de pária a um dos maiores escritores franceses contemporâneos. E Pedro consegue mostrar estes desejos de forma eficiente em uma peça singela que merece atenção. Além do que, é bom sentir no teatro um gostinho da obra de Genet que, já foi bem dito, é uma obra mais comentada do que conhecida.
Para ir além
Espaço dos Satyros 2 - Praça Roosevelt, 124 - Tel. 11 3258-6345 - Ingresso - R$20 com meia entrada para idosos, estudantes e classe teatral - Quinta às 23h30 e Sábado às 19h
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Marília Almeida
29/9/2006 às 06h30
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O problema da Lei Rouanet
O benefício concedido ao Cirque du Soleil, através da Lei Rouanet, revoltou muita gente. E não era para menos. Enquanto artistas brasileiros enfrentam a burocracia, a intolerância e até a ignorância dos empresários para conseguir o subsídio, a companhia canadense recebeu mais de 9 milhões de reais para suas apresentações, que custam, ao espectador, de 50 a 400 reais o ingresso.
Absurdo? Custa-me assimilar que a culpa seja do MinC - Ministério da Cultura. Afinal de contas, ele apenas aprova a renúncia fiscal de uma empresa que contribui com o artista. Então, a culpa seria de quem? Do empresário brasileiro? O empresário cresce os olhos para a visibilidade que sua empresa pode ter através da divulgação de sua marca por parte de um megaespetáculo como este, o que é, no mínimo, compreensível.
Na realidade, a culpa não é de ninguém. Talvez o método esteja errado. A Lei Rouanet, embora contribua com o projeto de muitos artistas merecedores, ainda não supre a necessidade daquele artista regional, que não possui visibilidade o bastante para aguçar a boa vontade de um grande empresário. O problema da Lei Rouanet está justamente neste contraste, ou seja, o sistema ainda não é o adequado para todos. É por isso que os artistas regionais necessitam de leis municipais para subsidiar seus projetos.
O Ministério da Cultura acabou negando a segunda parte do pedido de incentivo por parte do Cirque du Soleil, pois o rebuliço que a classe artística brasileira causou não foi brincadeira. Em abril, houve até mudanças na Lei Rouanet, com inserção de alguns critérios a mais para que um projeto seja aprovado. Um deles, o que seria um reflexo desta movimentação, foi o de que seria necessário o benefício do público, afinal, o dinheiro é público. O Cirque du Soleil, como se sabe, cobra os ingressos, que não são baratos, então, por isso, teve seu segundo pedido negado.
Esta atitude do MinC, porém, não resolve o problema, apenas o abafa. Não adianta nada haver uma lei de incentivo que não beneficia aqueles que mais precisam dela. O certo, como já disse, é criar um fundo de cultura, de preferência regional, que alcance os pequenos artistas ou profissionais que colaboram com a Cultura. Este fundo de cultura não só seria mais justo como mais prático para todos, pois o trabalho de incentivo seria descentralizado, distribuindo as funções para cada órgão competente, na esfera municipal.
Afinal, a Cultura está em todo lugar. Ela surge o tempo todo, independente de qualquer coisa. E para preservá-la, é necessário ordem, dedicação e compreensão por parte do poder público.
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Cristiane Carvalho
28/9/2006 às 16h45
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Rascunho
Esse blog não nasceu para polemizar ou engessar nenhuma de minhas opiniões. Aliás, eu nem gosto muito da palavra opinião. Dá impressão de idéia estanque sobre alguma coisa. Eu tenho sim meus sentimentos a respeito do que vejo, do que experimento, e até algumas convicções. Mas sei que tudo, absolutamente tudo nessa vida pode mudar. Inclusive o que eu escrever neste blog...
Alessandra Pajolla, no seu blog (porque ela Comenta no Digestivo Cultural...)
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Julio Daio Borges
27/9/2006 à 00h30
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Ceravolo e a velha internet
Um dos alunos do curso de Jornalismo Cultural do Centro de Estudos da Revista Cult pergunta: "Você acha que a internet roubou público da TV, do jornal, da revista?". Haroldo Ceravolo Sereza, editor da capa do UOL, responde: "Acho que não. Mas pode vir a tirar."
Se você der uma passadinha na capa do UOL, provavelmente vai achar conteúdo de cultura que privilegia a interação entre vídeos, arquivos de som, imagens e texto, além de links com a grife de veículos de imprensa como a Folha de S.Paulo ou a Veja. "Hoje não dá para pensar em nenhum processo jornalístico abrindo mão da internet", diz Ceravolo. "Eu não conheço nenhum caso de site que fechou uma revista ou jornal, pelo contrário. Bons sites tendem a render uma versão em papel".
De acordo com o editor, as chamadas de capa do UOL sempre tentam equilibrar conteúdo relevante e ao mesmo tempo interessante para o público. A palestra de Ceravolo, no último dia 19, deu detalhes de como a internet tem ganhado credibilidade com o público e da consolidação da linguagem que funciona bem para a Web.
"Uma coisa bacana de se fazer jornalismo cultural na internet é ficar ligado nessa produção que está sendo feita na rede", comentou Ceravolo. A Web é inesgotável tanto por sua capacidade praticamente ilimitada de prover conteúdo, quanto pela forma livre e autônoma com que a informação se organiza, como pelos novos filtros que estão sendo criados. Formatos como o blog, o podcast e o videocast abrem um espectro de possibilidades de circulação da informação diferentes de tudo que havia antes, sobretudo pelo fato de que qualquer um que tenha acesso às ferramentas pode gerar conteúdo em pé de igualdade, em termos de acesso, com o do de grandes veículos. E é difícil para a velha guarda do jornalismo aceitar esse processo irreversível.
A Web 2.0 tem suas próprias regras, que vão se criando dentro de uma geração que cresceu usando a internet como principal ferramenta de trabalho, entretenimento e comunicação. Em outras palavras, o futuro já chegou para a internet, mas o jornalismo na rede é teimoso e, no geral, insiste no passado. Se a era anterior foi a da informação, possivelmente a presente é a dos filtros. O sistema de abas ou de menus estáticos, por exemplo, ainda são as duas grandes opções usadas na organização de conteúdo de grandes portais de conteúdo jornalístico, como o próprio UOL, o Terra ou o Último Segundo. Perguntado sobre se as tags, extremamente usadas em fenômenos atuais da Internet como YouTube ou del.icio.us, poderiam ser absorvidas pelo jornalismo como parte da linguagem da Web, Ceravolo, concluiu, caetanamente: "Isso no limite, é a morte do jornalismo. Ou não."
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Postado por
Verônica Mambrini
26/9/2006 às 23h27
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Editor
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