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BLOG

Segunda-feira, 30/10/2006
Blog
Redação
 
Gazeta Cultural

O autor deste blog tem 20 anos, estuda, estuda e estuda. Alguém que é inteiramente inconformado. Um verdadeiro revoltado à la Albert Camus. Uma pessoa que gosta de ler muito, sobre muitas coisas aparentementes díspares, mas que no fundo, bem lá no fundo, dizem a mesma coisa em uma linguagem apenas diferente.

Acha importante ter um conhecimento global dos assuntos, lendo para tanto economia, filosofia, literatura e Direito. Um homem sem conhecimento a respeito dos grandes livros, das idéias, não é um homem, é um espectro de homem. Uma casa sem livros é uma casa sem alma. Uma vida sem cultura é um desperdício. Para ele, ler Nietzsche, Sartre, Marx, Mises e Rothbard é um imperativo categórico da mais alta responsabilidade.

Sem Marx não entendemos o Século XX. Sem Sartre não entendemos sobre a liberdade, sem Mises e Rothbard não compreedemos nada de economia, e sem Nietzsche não libertamos nossa alma da escravidão intelectual. Existem outros autores importantes, mas essem resumem a formação intelectual do autor.

Esse é o editor do blog Gazeta Cultural, Guilherme Roesler.

[Porque ele, naturalmente, linca pra nós...]

[3 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
30/10/2006 à 00h45

 
Profissionais do Texto

Ontem teve início o I Seminário de Profissionais do Texto na PUC Minas. O evento é uma parceria (bem-sucedida) entre a graduação em Letras (nos campi Coração Eucarístico e São Gabriel) e a especialização em Revisão de Textos (Instituto de Educação Continuada da PUC). A idéia era trazer à baila a discussão sobre o que é preciso ler e fazer para se formar um profissional de edição e revisão. A noite de ontem começou com uma apresentação do grupo teatral Filhos da PUC. Por cerca de meia-hora a platéia viajou pelo sertão mineiro nas palavras de Guimarães Rosa. Logo em seguida, uma mesa-redonda diferente discutiu a profissão daqueles que trabalham no mercado editorial. Com mediação da profa. Malu Matêncio (coordenadora do curso de Letras da PUC), a profa. Sônia Queiroz (UFMG) e o prof. Plínio Martins Filho (USP) deram simpaticíssimos depoimentos de quem vive e ama os livros e a produção editorial. O assunto é, certamente, um sopro de novidade para os alunos mineiros de Letras, que vivem às voltas com a mais alta abstração lingüística ou com as possibilidades pedagógicas da profissão. O auditório lotado (cerca de 700 alunos) assoviou e quase teve orgasmos múltiplos quando o prof. Plínio criticou as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), com as quais todo estudante passa maus bocados.

O fechamento da noite foi com um fragmento unplugged do espetáculo Um ano entre os humanos, do poeta Ricardo Aleixo, também aplaudido de pé, principalmente porque selecionou, entre os poemas de seu repertório, aqueles que abordavam o mercado editorial e a profissionalização do poeta/escritor. Ironia fina em se tratando de um show que ocorreu logo após uma mesa-redonda de editores.

Hoje a noite é de oficinas e minicursos. Os mais lotados, claro, são aqueles que levam a palavra revisão no nome. Parece que estamos na crista da onda. O curso de especialização do IEC provavelmente terá a opção de oferecer duas turmas paralelas em 2007.

No sábado, haverá o fechamento do evento, com oficinas e uma mesa-redonda de lingüistas. Talvez para soltar os pés dos alunos do chão. Os poetas Wilmar Silva e Luiz Edmundo Alves farão as honras poéticas do fecho. O mais lamentável de tudo foi constatado pelo prof. Plínio, numa conversa de corredor, "estou estranhando um evento que fala sobre livros e não tem nenhum livro exposto para vender", e completa, sorrindo marotamente, "isso já me dá vontade de voltar para casa". É, professor, depois te conto os bastidores dessa discussão sobre estandes de livros.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
27/10/2006 às 12h31

 
Circuito Editorial Literário

Quem compareceu ao evento de abertura do 1º Circuito Editorial Literário pode sair com (pelo menos) uma certeza: o mercado editorial infanto-juvenil não é nada simples. Primeiro assunto do ciclo de palestras e workshops promovido pela agência O Agente Literário, O livro infanto-juvenil e as exigências do mercado abordou os principais aspectos relacionados à criação e publicação de um livro desse gênero, visando elucidar os pontos fundamentais a serem considerados pelos escritores e revelar as principais necessidades do mercado. De maneira clara e bastante direta, forneceu diversas dicas e desvendou precisos atalhos aos que pretendem se aventurar por este caminho.

Ceciliany Alves, editora de literatura e projetos especiais na Editora FTD, metralhou durante 4 horas - divididas em 2 dias - uma quantidade tão grande de informações relevantes e essenciais que poderiam, como a própria brincou, preencher 2 ou 3 dias completos, ou, quem sabe, constituir um livro para os interessados no assunto. Logo nos primeiros minutos de exposição, Ceciliany (que aliás é bastante jovem para a importante posição que já ocupa) disse, sem hesitar, que o mercado infanto-juvenil é, hoje, a maneira mais "fácil" de um novo escritor entrar no mercado editorial e conseguir publicar, e que as editoras têm condições de investirem em novos nomes (e até mesmo buscam pôr novos talentos nessa área). A demanda é grande. Os presentes gostaram, claro. Nas horas que se passaram, a palestrante percorreu os temas relacionados ao assunto, partindo dos aspectos "físicos" do livro (tamanho, formato, cor, ilustrações, etc.), passando brevemente pela relevância dos temas e do próprio texto e finalizando com os detalhes específicos do mercado e das editoras, da sua e outras, inclusive. Tudo muito interessante.

Eu, que comecei a ler basicamente por conta própria e já pequeno era um leitor voraz, confesso que me decepcionei um pouquinho com todo o processo editorial do gênero supracitado, explicitado pela palestrante. Os livros infantis, principalmente, carregavam consigo, em uma visão poética que eu possuía, uma leveza, uma alta dosagem de fantasia, de sonho, de brincadeira. Tudo isso, pensava eu, dava ao escritor desse gênero alguma liberdade no processo de criação, muito de sonho, de fantasia, de um certo paternalismo, daquela imagem (sabe-se lá de onde a concebi!) de que os escritores infantis são uns avós maravilhosos, queridíssimos, meigos, voz calma, mansa, etc., e que se preocupavam exclusivamente em escrever para ensinar, para divertir, só isso. Mas, não. Não é bem assim. O mercado infanto-juvenil é tão duro e difícil como o de qualquer outro gênero e as editoras, assim como quaisquer outras empresas de outros setores da economia, são apenas empresas tentando sobreviver e maximizar seus lucros. Em outras palavras, os livros são editados visando, principalmente, a venda e o lucro gerado, seja ela a venda para as escolas ou para o governo (que são os grandes consumidores de livros infanto-juvenis). Claro, é sempre bastante estimulante e gratificante produzir algo que ensina, diverte e forma pessoas, e não restam dúvidas que as editoras ficam felizes e orgulhosas em participar da formação e consolidação de crianças e adolescentes, mas, no fundo, trata-se de um negócio, também, e os escritores são os operários e a força produtiva da cadeia. Nesse sentido, o mercado infanto-juvenil não difere em quase nada dos demais mercados, mas nem é possível "culpar" as editoras; produzir e vender livros é o seu negócio e elas têm suas maneiras de garantir sua participação no mercado e manter ou conquistar posições. Mas se há algum ponto nessa selva editorial onde se pode sonhar um pouquinho (pelo menos), ainda é dentro dos livros infanto-juvenis, não tenho dúvidas.

O Circuito Editorial Literário continuará com a palestra Como criar um bom romance e ter uma boa edição, no dia 31 de outubro, com o professor Jiro Takahashi, editor com passagem nas principais editoras do país, além da sua recente atuação como diretor editorial da Geração Editorial. Oportunidades como essas são raras e devem ser aproveitadas.

Para ir além
1º Circuito Editorial Literário

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Postado por Marcelo Maroldi
27/10/2006 à 00h26

 
Viu no que dá?

Cerca de um mês atrás, publiquei a coluna "Confissões de uma ex-podcaster" para o Especial Podcasts, aqui do Digestivo. Nela, narrei minha mal-sucedida experiência em continuar produzindo um programa sonoro. Exclusivamente por motivos técnicos, engavetei o programa Estação da Cultura, um podcast que falava de eventos culturais gratuitos em São Paulo.

Nunca imaginei que essa aventura causasse algum rebuliço. Mas o podcaster Renato Siqueira, que produz um interessante programa sobre tecnologia - confira no Conversa Digital - tomou conhecimento de minha história e argumentou, no ar, porque concorda e discorda da coluna. Em linhas gerais, ele lamenta por "aqueles que não tiveram auto-motivação para seguir em frente".

É importante que não restem dúvidas: é fácil ouvir e fazer um podcast. Segundo nosso colega, não levei o programa adiante por não ter encontrado bons editores de áudio. Talvez não ressaltei que meu computador estivesse lotado de vírus - os malditos Trojan Horses, que impediram o funcionamento das ferramentas. Repito que existem excelentes programas gratuitos para serem baixados. O Audacity é um deles. Utilizei durante um bom tempo na época da faculdade, quando produzia um documentário para o TCC. E reitero: é fácil de usar.

Siqueira também não concorda quando eu disse que os tocadores de MP3 são inacessíveis ao grande público. Em parte, ele tem razão quando afirma que estão mais baratos a cada dia. Mas ainda acho que estamos anos-luz de distância do primeiro mundo, que vende por dez dólares o que adquirimos por, no mínimo, 100 reais no Mercado Livre - a exemplo de toda tecnologia importada.

Dizer que os podcasts não vão ficar é quase um crime, e não quero ser a autora desse delito. O Conversa Digital é um maduro exemplo que não pode ser ofuscado com minha história particular. É periódico, traz pautas inteligentes sobre tecnologia e mantém uma audiência admirável de três mil acessos mensais.

Ótima oportunidade para mostrar que não é porque parei que alguém vai desistir. Depois do primeiro homem que tentou escalar o Everest, muitos outros vieram. Ainda bem. Não lamento por quem tentou. Disso tudo, alguma coisa deu certo. Afinal, bons exemplos não faltam.

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Postado por Tais Laporta
26/10/2006 à 01h12

 
Editor, corrija por favor!

Um péssimo hábito da maioria dos jornais é não dar a menor pelota para correções de informação enviadas por seus leitores. E com a qualidade de muitas redações pela hora da morte, correções são necessárias e enviadas. Não estou falando de mudar a opinião de um colunista, não. Estou falando de fatos errôneos, de números incoerentes, ou de notícias baseadas em lugares-comuns que não refletem a realidade.

Este ano resolvi tirar a prova dos nove. Normalmente ignoro uma reportagem quando percebo que existem nela fatos incorretos ou de conhecimento ultrapassado. Basta ler a maioria das reportagens sobre a China ou a Índia. Como tenho acesso a informações muito atualizadas desses países, aqui na Califórnia, rapidamente encontro os furos... No mau sentido do termo.

Pois bem, este ano diligentemente escrevi para a redação do jornal que meus pais assinam. Um grande jornal do Rio de Janeiro. Foram cerca de dez cartas, já com correções em assuntos distintos, que vão desde casamento indiano a política, ciência ou mesmo acidentes de avião da Gol. Tomei cuidado para escrever as cartas sem insultar ninguém ou mesmo ser agressivo. A maioria delas tinham no máximo dois parágrafos, com as fontes de todas informações (a última teve cinco, porque, a cada parágrafo, havia uma informação dúbia ou incorreta). Adivinhem quantas cartas foram publicadas? Uma? Duas? Ou mesmo uma nota do editor corrigindo a informação no rodapé da página três? Que nada... Zero! É isso aí, pessoal.

Para esses jornais, pelo visto, a reputação, a pequena política do repórter, é mais importante do que a informação, do que a notícia mesma. Não à toa, têm feito tradução de artigos do NY Times, da New Yorker, com duas semanas de atraso, e que são apresentados como grande novidade...! Não vou nem comentar a seção de ciência, que é uma tradução da Reuters... Por algum motivo estranho, eu sabia quem era o Nobel de Física antes de sair no jornal (quatro dias antes para ser mais exato)!

Por isso, me parece cada vez mais óbvio: quando traduzir um texto se tornar mais barato do que comprar um jornal, e isso já está quase lá (com os softwares de tradução automática), as redações da maioria dos jornais brasileiros irá simplesmente acabar... Porque a função de editor, e de jornalista, que são, respectivamente, garantir a qualidade e a correção da publicação, e desencavar informações atualizadas, me parecem praticamente extintas.

[4 Comentário(s)]

Postado por Ram Rajagopal
25/10/2006 às 12h59

 
Digestivo Revista Eletrônica

Algumas perguntas, sobre o Digestivo, sempre voltam. Então eu acho que é importante publicar as respostas. Aqui vai uma série, elaborada pela Camila Martucheli, sobre o fato do Digestivo ser uma "revista eletrônica". Com os blogs muito em voga, com as comunidades e com a crise de identidade dos portais, ficou meio relegada a segundo plano a noção de "site", e de revista eletrônica... Assim, tento esclarecer alguns pontos, com base na experiência do Digestivo, é óbvio. - JDB

1. Por que o Digestivo é definido como uma revista eletrônica?
Porque tem seções e porque tem editorias, digamos assim. O Digestivo começou como uma newsletter com editorias, mas era eu quem escrevia em todas (a exemplo dos "Digestivos", de hoje). Meses depois, convidei Colunistas; um ano mais tarde, convidei Ensaístas. Os Editoriais surgiram para organizar as mensagens dos Leitores, para tirar dúvidas freqüentes e para comunicar das novidades que o site implementava (Promoções, Parcerias...). A seção Comentários, só dos Leitores, foi uma conseqüência dos minifóruns (embaixo das Colunas, dos Ensaios, dos Digestivos...). Recentemente, inauguramos a seção Entrevistas... Por isso, falo em revista eletrônica. Pelas seções.

2. Os Comentários dos internautas podem virar notícia?
O que é "virar notícia" na internet? É cair na Rede e virar comentário em blogs? Se for, pode... Os Comentários dos Leitores do Digestivo Cultural estavam originalmente associados a textos. Por exemplo: existe uma Coluna agora defendendo o voto nulo. Os respectivos Comentários estão embaixo - na mesma página. Há algum tempo, porém, nós notamos que os Comentários poderiam ter autonomia fora de seu contexto - poderiam atrair novos Leitores. Desde então, muita gente entra no site para ler primeiro os Comentários. E muita gente, muita gente mesmo, chega no site através dos Comentários - que são indexados, como os textos das demais seções, no Google. Nosso cuidado com os Comentários é grande: aprovamos um a um.

3. No Blog, quem são as pessoas que postam? Quem pode postar?
No Blog, quem posta são os Colunistas - e os Colaboradores da seção Colunas. Ou seja: os Colunistas fixos, que publicam de quinze em quinze dias, e os Colaboradores esporádicos (que publicam normalmente nos Especiais). Geralmente, "autores novos" ou gente que o Digestivo lançou - os jornalistas da grande imprensa (ou os escritores ou afins) ficam na seção Ensaios; e não postam no Blog. (Faltou "definir" os Colunistas: são, quase sempre, Leitores que aparecem para Colaborar. Os Colaboradores mais assíduos se tornam Colunistas.)

4. Qual a proposta do Blog no Digestivo Cultural?
O Blog veio para complementar as demais seções. Ao contrário dos Digestivos, finalizados uma vez por semana, e das Colunas, com Colunistas a cada quinze dias, o Blog é mais dinâmico, pode sair a qualquer hora, e a idéia é que seja atualizado diariamente (ou várias vezes por dia). Acabou se consolidando como um espaço para textos curtos (mais curtos do que os das Colunas), para dicas de links (normalmente de outros blogs que lincam pra nós) e para coberturas externas...

5. Como é a seleção dos Ensaístas? Há uma rotatividade ou são sempre os mesmos?
Começou com jornalistas amigos do Digestivo - que estavam já na imprensa-impressa, mas que, ao mesmo tempo, simpatizavam com o trabalho feito no site e que queriam estar conosco de alguma forma. Desses Ensaístas originais, digamos assim, continuaram enviando matérias o Sérgio Augusto, o Luís Antônio Giron, o Daniel Piza... Fora esses, gostamos de reproduzir, nessa seção, grandes textos que encontramos na imprensa, em outros sites e até em livros - sempre de nomes já conhecidos. Desde o começo, eu não quis misturar o pessoal da imprensa estabelecida com os "autores novos" (das Colunas). É o negócio da revista eletrônica, de novo. Das seções...

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[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
25/10/2006 às 11h59

 
A imagem do Brasil em Turistas

O filme Turistas nem estreou e já está dando o que falar. Passado no Rio de Janeiro, famoso por ser a Cidade Maravilhosa, a trama mostra as férias de um grupo de amigos norte-americanos que quer muita diversão num paraíso natural. Após uma noitada de muita festa, regada a mulatas e muita caipirinha, eles acordam numa praia qualquer sem documentos e muito menos dinheiro. O "paraíso" se torna um inferno quando eles percebem que caíram no temido golpe do "Boa Noite, Cinderela".

Quem assiste ao trailer, fica com a impressão de que apesar da beleza natural, o Brasil é povoado somente por pessoas maliciosas e aproveitadoras. Há um homem suspeito que lembra um índio. Mulheres e homens (inclusive os norte-americanos) dançando sensualmente e adorando a grande "orgia". Após o golpe, o grupo de amigos acorda desnorteado na praia e recebe ajuda de moradores. Após serem abrigados em uma casa simples, os jovens passam a ser torturados e a lutar para sobreviver numa selva fechada e sem comunicação.

"Parece o paraíso. Mas em um país em que tudo vale... tudo pode acontecer", é com esta frase torpe e preconceituosa que o trailer é apresentado. Eu, como brasileira, senti-me profundamente atingida e estou indignada. Como assim um país em que tudo vale? Pelo jeito, é esta a imagem que o nosso belíssimo país vai continuar exportando, o da prostituição e do "oba-oba".

A polêmica surgiu ao se questionar se o filme prejudicaria o turismo no país, em especial no Rio de Janeiro. Honestamente, se eu assistisse a um filme como aquele, falando de um país específico, eu, no mínimo, evitaria ter que passar por lá. O problema não é mostrar a violência no Rio, até porque todos nós (e os estrangeiros também) conhecemos os perigos da Cidade Maravilhosa. A questão é a forma odiosa e canalha como o assunto é abordado. O Brasil não é feito apenas de futebol, mulher, carnaval e violência. Temos que aprender a valorizar nossas riquezas culturais diversas e a mostrá-las de forma correta para que o mundo nos enxergue de forma diferente, até porque o trabalho de muitas pessoas pode ser afetado negativamente.

Com estréia prevista para 1º de dezembro nos Estados Unidos, Turistas pertence ao Fox Atomic, mesmo canal que polemizou ao lançar o episódio do seriado Simpsons, em que a família de Hommer viaja ao Rio de Janeiro e se depara com macacos, ratos nas ruas, e uma população agressiva sexualmente.

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Trailer de Turistas

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Postado por Tatiana Cavalcanti
24/10/2006 à 00h56

 
O trabalho camponês na América

Entre as muitas atrações da 30ª Mostra Internacional de Cinema, que ocorre de 20 de outubro a 2 de novembro em São Paulo, a organização do evento acertou em promover uma sessão com dois documentários que discutem o trabalho, a vida e as aspirações dos camponeses na Bolívia e na Colômbia. Os filmes são, respectivamente, Hartos Evos Aquí Hay, de Hector Ulloque Franco e Manuel Ruiz Montealegre e Cumbal, Caminhos de Gelo e Enxofre de Handrey Correa, interessantes obras para entender as relações trabalhistas e a desigualdade social na América Latina.

"Um monte de Evos há aqui!". Essa foi a frase proferida por um camponês em um comício de Evo Morales, na Bolívia, na tentativa de demonstrar como o processo de politização dos trabalhadores do campo está organizado, forte, e assim como Morales chegou ao poder, muitos outros de seus companheiros estão preparados para apóia-lo e substitui-lo quando chegar a hora. É chegada a vez do povo, dos índios tomarem o poder e transformarem a Bolívia em uma nação comunista e mais justa, esse é o discurso dos ativistas políticos em Hartos Evos Aquí Hay, documentário que mostra a participação dos camponeses plantadores de coca de Cochabamba, região mais conhecida como Chapare, na eleição em que Evo Morales foi o primeiro índio do país a ser eleito presidente, em 18 de dezembro de 2005.


Organização política dos plantadores de coca do Chapare (Bolívia)

Por meio de entrevistas com os militantes políticos e a população do Chapare, tradicional área de plantação de coca na Bolívia, o filme mostra o cotidiano desses trabalhadores, os quais encontraram na representação política o caminho para protestarem, defenderem suas tradições e obterem melhores condições de vida. Essa organização em partidos políticos populares e militâncias regionais foi alvo de dura repressão do governo boliviano. Segundo relatos exibidos, os camponeses tinham suas casas invadidas e plantações queimadas por uma espécie de força policial responsável por acabar com as plantações de coca do Chapare. As famílias eram agredidas com muita brutalidade e alguns membros envolvidos com o partido político de Evo Morales, o MAS, eram presos acusados de terrorismo, tráfico de drogas, comunismo entre outros.

A folha de coca na Bolívia é encarada como algo sagrado e possui grande importância cultural e econômica. Nas áreas agrícolas como o Chapare ela é o principal produto gerador de renda, pois os outros gêneros agrícolas plantados como frutas e vegetais são apenas para subsistência. A coca é comercializada para toda a Bolívia e utilizada para mascar, fazer chá e para uso medicinal, a população boliviana é habituada a mascar a folha de coca de 5 a 6 vezes ao dia, fora os beliscos em outros horários. Alguns produtores da região comercializam a coca com o narcotráfico, mas são minoria. Segundo o diretor colombiano Manuel Ruiz Montealegre, presente na sessão, em toda a Bolívia há 25 mil hectares de plantação de coca, na região do Chapare, existe oito mil, já na Colômbia, há mais de 100 milhões de hectares de coca plantados.

Hartos Evos Aquí Hay me fez lembrar de Peões, de Eduardo Coutinho, tanto na estética quanto na temática, pois este discorre sobre a participação dos trabalhadores do ABC paulista no movimento sindical, mostrando a visão dos militantes, aqueles que lutaram ao lado de Lula para verem suas reivindicações atendidas e seu trabalho valorizado. No entanto, os trabalhadores bolivianos continuam apoiando Morales, pois até o momento ele está cumprindo com o que prometeu, por exemplo, com a nacionalização dos recursos naturais bolivianos. O que não ocorreu com o governo Lula, que prometia lutar contra a corrupção e fazer as reformas de base no Brasil, mas não cumpriu, fato que abateu a militância do PT - assim como a de muitos partidos de esquerda - e a torna cada vez mais desfragmentada.

O mais importante é a terra
Em Cumbal, Caminhos de Gelo e Enxofre é abordado com muita sensibilidade o trabalho e a vida de uma família de camponeses de Nariño, no sul da Colômbia, que como muitos de seus vizinhos, há gerações sobrevivem do trabalho no vulcão Cumbal. O líder da família, Homero, auxiliado por seus filhos, escala o vulcão para extrair gelo e enxofre e vender nas cidades próximas; eles também plantam gêneros alimentícios que servem apenas para subsistência.


Nariño (Colômbia), próximo ao vulcão Cumbal

Apesar de árduo e arriscado, o trabalho no vulcão é realizado com muito orgulho por Homero, que deseja trabalhar no Cumbal até o fim da vida. No entanto, não é apreciado por seus filhos, os quais prezam a vida em família, mas ficam envergonhados por trabalharem no vulcão. Por isso, conforme vão crescendo, migram para o Equador em busca de trabalho.

O filme discorre sobre a falta de esperança e perspectiva de progresso na Colômbia e apresenta uma grande frustração das pessoas entrevistadas: ter que abandonar sua família e seu país e em busca de emprego. É emocionante ver a relação de união e amor desses camponeses com a família e a terra natal, apesar das condições precárias de vida. Em uma passagem do documentário, uma das filhas de Homero, a narradora do filme, transmite o ensinamento do pai que lhe é mais caro. Homero diz aos filhos que eles são índios do campo, e por isso, o mais importante para eles é a terra, lição compreendida e seguida por todos os seus filhos.

Última Sessão
Faap - Fundação Armando Álvares Penteado
Rua Alagoas nº 903 - Higienópolis
Fone: (11) 3662-7000
Dia 24/10 (terça-feira), às 11h00

Cumbal, Caminhos de Gelo e Enxofre (Handrey Correa)
(Colômbia, 2006, 54 min.)

Hartos Evos Aquí Hay (Hector Ulloque Franco
e Manuel Ruiz Montealegre)
(França/Colômbia, 2006, 51 min.)

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Postado por Fernanda da Silva
23/10/2006 às 07h47

 
Por que todo político é ladrão

"Elegem Clodovil, reelegem Maluf, Collor e Sarney. Depois vão passar quatro anos dizendo que todo político é ladrão."

Milton Ribeiro quer saber quem falou... (porque ele também Comenta aqui...)

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
23/10/2006 à 00h35

 
O Escrivão Bartleby

Do alto de seus 56 anos de carreira, direção de 85 peças de teatro com alguns dos mais importantes atores brasileiros e atuação em 29, o diretor e ator Antônio Abujamra agora dirige com primor O Escrivão, em cartaz em São Paulo até o dia 29 de outubro. O espetáculo não deixa nada a desejar: seja pela cenografia dinâmica e surpreendente de J.C Serroni, que explora todos os ângulos possíveis do palco e recria uma torre de dois andares; a iluminação e figurino impecáveis de Kleber Montanheiro e a trilha sonora original de André Abujamra, além de grandes atuações.

Com adaptação e direção de produção de Marília Toledo, autora de Amídalas, pelo qual ganhou o prêmio APCA em 2000, além de Marias do Brasil e Mistinguett, a peça é baseada na novela Bartleby, o escrivão, do escritor norte-americano Herman Melville, autor de Moby Dick. Escrita em 1853, foi considerada pelo renomado escritor argentino Jorge Luis Borges uma das obras mais importantes para a humanidade e precursora de Kafka. Ela já havia sido anteriormente adaptada para o teatro pelo americano R. L. Lane e montada em 2004 pelo diretor inglês Jonathan Holloway, obtendo sucesso de crítica e público.

Situada no final do século 19, a narrativa se desenvolve em um escritório de advocacia de Wall Street e tem início quando o proprietário contrata um novo escrivão: Bartleby. Ele se mostra um funcionário esforçado e produtivo que se diferencia dos demais, mas, ao mesmo tempo, uma pessoa misteriosa sem história ou passatempos, a não ser admirar o infinito. Mas esta personalidade exótica não interfere em seu trabalho; até que um dia, ao ser requisitado por seu chefe a fazer uma tarefa, diz preferir não fazê-la. Esta resposta e um crescente imobilismo do escrivão traz à tona fatos surpreendentes e uma grande reviravolta na história, mostrando como a rotina rígida pode se mostrar frágil diante da negação inesperada e as instituições, ocas.

A peça tem uma peculiaridade: explora movimentos de personagens no palco puramente ilustrativos, que se assemelham a ponteiros do relógio e expressam a passagem do tempo e de cena. Ainda utiliza um telão para contextualizar datas e um pequeno balcão situado ao lado do palco é lugar para um desabafo pessoal do ator dirigido à platéia, como se vislumbrássemos por um momento o tempo presente, fora da história que se passa à nossa frente. A expressão dúbia de Miguel Hernandez como Bartleby é eficiente e complementada pelas boas atuações de Marcelo Galdino, como Prudente; Adriano Stuart, como Horácio; André Corrêa, como Rufus; e Abrahão Farc, no papel de Ravid. As tiradas sarcásticas dos personagens com pitadas de assuntos modernos suavizam a peça e dão cor e leveza a uma obra por natureza pesada e monocromática.

Para o diretor Antonio Abujamra, Bartleby deve existir pelas esquinas, mas nunca conseguimos decifrá-lo. "Percebi, sob as aparências, o mundo infinito que invade Bartleby e foi uma luta, sem dúvida, feroz, para chegarmos dentro de uma análise cruel deste Melville que é um bumerangue, nos atinge de volta e parece querer cortar a nós mesmos, com o caos na garganta, fazendo de Bartleby uma comédia-pânico, onde as palavras iluminantes mostram, na sua pureza, um esplendor humano".

Para ir além
Teatro Aliança Francesa - Rua General Jardim, 182 - Telefone: 11 3188-4141 - Sexta, às 21h30; sábados, às 21h; e domingos, às 19h - Preço: R$30 (inteira) e R$15 (meia) - Até 29 de outubro.

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Postado por Marília Almeida
20/10/2006 às 13h11

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