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Quarta-feira,
1/11/2006
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Redação
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Carona na Rede
Com o crescimento da internet brasileira, cada vez mais as pessoas fazem uso de serviços on-line, se interagindo em comunidades, fóruns e sites de relacionamento.
Diante de tantas mudanças de comportamento, por que não tentar descolar uma carona na Rede Mundial de Computadores, sem sair de casa, deixando de lado os diversos perrengues que surgem na beira das estradas?
Jeferson Jess, em seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
1/11/2006 à 00h28
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Profissionais do Texto III
O maior espetáculo de todos no I Seminário de Profissionais do Texto da PUC Minas, no entanto, não estava em cima dos palcos ou atrás das mesas. Estava sentado num canto, em cima de uma cadeira simples, praticando o que se convencionou chamar educação inclusiva. Os dois intérpretes de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) escalados para o evento deram um show ao interpretar, para os alunos surdos-mudos da PUC, não apenas os debates das mesas-redondas, mas o espetáculo de poesia dos poetas Wilmar Silva e Luiz Edmundo Alves. Mais fantástico do que isso foi ver os intérpretes fazendo a "tradução" de Ricardo Aleixo. Quem conhece o poeta mineiro sabe do que estou falando... Nota 10 para os intérpretes de LIBRAS da PUC. Em vários momentos, chamaram mais atenção do que os artistas em cena.
É bom frisar que a PUC tem investido sistematicamente na formação de intérpretes de LIBRAS. Abriu recentemente um curso superior sobre a Língua Brasileira de Sinais e vem obedecendo às diretrizes do Ministério da Educação segundo as quais em pouco tempo todas as escolas serão obrigadas não apenas a incluir alunos com diferentes deficiências, mas dar a eles condições de estudar. A LIBRAS já é obrigatória nos cursos de licenciatura, especialmente em Letras, e os intérpretes serão obrigatórios nas escolas, nas salas de aula, no vida escolar. E saiam da frente que o Braile vem aí!
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Ana Elisa Ribeiro
31/10/2006 às 12h29
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Máscaras de gesso
Às vezes fico assim, meio mudo, meio sem ter o que dizer. Acho que talvez eu devesse ficar mais tempo assim. Percebo alguns aborrecimentos, algumas chateações que não são bons sinais. Venho me perguntando seriamente de que o meu humor vale, ou melhor, a pergunta não é essa, a pergunta é se as pessoas com quem eu convivo no trabalho, merecem o meu humor, a minha atenção, aquela coisa toda de delicadezas... Não sei, sinceramente não sei.
Edu (?), em seu A reta e a curva, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
31/10/2006 à 00h54
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Engolindo Sapo Barbudo
Acabou. Enfim, Lula se reelegeu. A tal "festa da democracia" chega ao fim e, mais uma vez, continuamos na mesma inércia. Impressionante a capacidade de se iludir do brasileiro. Capacidade esta de acreditar que viveremos num país melhor, mais justo e que, com o nosso voto, já fizemos a nossa parte. Pronto, já podemos sentar a bunda no sofá, que agora o resto é com "eles" e, mesmo que "eles" roubem, nossas bundas continuarão no sofá. Afinal de contas, isso não é problema nosso.(...)
* * *
Algumas pessoas andam dizendo que eu fiz um livro "contra o PT", outras dizem que eu isolei a corrupção como se ela fosse exclusiva e oriunda do PT em meu livro corruPTos?... mas quem não é?. Não é verdade. Na introdução do livro, eu traço um paralelo entre o PSDB no governo e do PT na oposição. A conclusão é de que pouca coisa mudou de lá pra cá. A compra de votos, os dossiês e o caixa dois sempre existiram e TODOS os partidos SEMPRE usaram desses artifícios. A novidade foi mesmo o Mensalão, mostrando que a criatividade do brasileiro na arte de corromper é infinita. A corrupção no Brasil não acontece através de fatos isolados, porque ela é endêmica, está no DNA do brasileiro. O livro é, enfim, contra tudo o que é feito sistematicamente na nossa política. Podem escrever: em 2010, todo o bacanal petista será mais vez esquecido, o sentimento ufanista de um Brasil melhor reaparecerá, e o nosso círculo vicioso continuará girando, cada vez mais sombrio.
Diogo Salles, hoje no seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
30/10/2006 às 12h53
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Profissionais do Texto II
O segundo dia de Seminário de Profissionais do Texto da PUC Minas/IEC foi de minicursos. Vários professores, de diversas instituições, ofereceram cursos que versavam sobre escrita e texto. Nem todos vinham com a discussão rente ao tema do debate, alguns fizeram questão mesmo de manter a lengalenga lingüístico-literária padrão dos cursos de Letras, mas uma tímida mistura com outros profissionais e o incômodo das discussões sobre a formação de bacharéis (chamada de "precária" no dia anterior por um dos palestrantes) ajudaram a arejar a noite.
No sábado pela manhã, os lingüistas Manoel Luiz Gonçalvez Corrêa (USP) e Luiz Carlos Travaglia (UFU) participaram de uma mesa-redonda em que discutiam texto, enunciação, "erro", etc. e tal. O bolero de uma nota só dos cursos de Letras. O burburinho dos alunos inquietos acelerou a fala dos palestrantes e deu lugar à voz dos poetas Wilmar Silva e Luiz Edmundo Alves, que declamaram poemas de Mario Quintana, Hilda Hilst, Rimbaud e outros. A apresentação, intitulada Ais, arrepia em alguns trechos. Falta talvez uma direção mais harmoniosa dos poetas, que se apresentam opostos, não por querer. Como comentou uma professora na platéia: "um travado e o outro solto demais", referindo-se aos apupos e gritos de Wilmar em cima do palco.
O saldo do Seminário será discutido pela coordenação do evento. Ao que parece, haverá fôlego para um II Seminário, quem sabe mais bem-planejado. A militância pela formação do bacharel com perfil profissional definido continua.
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Ana Elisa Ribeiro
30/10/2006 às 12h16
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Gazeta Cultural
O autor deste blog tem 20 anos, estuda, estuda e estuda. Alguém que é inteiramente inconformado. Um verdadeiro revoltado à la Albert Camus. Uma pessoa que gosta de ler muito, sobre muitas coisas aparentementes díspares, mas que no fundo, bem lá no fundo, dizem a mesma coisa em uma linguagem apenas diferente.
Acha importante ter um conhecimento global dos assuntos, lendo para tanto economia, filosofia, literatura e Direito. Um homem sem conhecimento a respeito dos grandes livros, das idéias, não é um homem, é um espectro de homem. Uma casa sem livros é uma casa sem alma. Uma vida sem cultura é um desperdício. Para ele, ler Nietzsche, Sartre, Marx, Mises e Rothbard é um imperativo categórico da mais alta responsabilidade.
Sem Marx não entendemos o Século XX. Sem Sartre não entendemos sobre a liberdade, sem Mises e Rothbard não compreedemos nada de economia, e sem Nietzsche não libertamos nossa alma da escravidão intelectual. Existem outros autores importantes, mas essem resumem a formação intelectual do autor.
Esse é o editor do blog Gazeta Cultural, Guilherme Roesler.
[Porque ele, naturalmente, linca pra nós...]
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Julio Daio Borges
30/10/2006 à 00h45
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Profissionais do Texto
Ontem teve início o I Seminário de Profissionais do Texto na PUC Minas. O evento é uma parceria (bem-sucedida) entre a graduação em Letras (nos campi Coração Eucarístico e São Gabriel) e a especialização em Revisão de Textos (Instituto de Educação Continuada da PUC). A idéia era trazer à baila a discussão sobre o que é preciso ler e fazer para se formar um profissional de edição e revisão. A noite de ontem começou com uma apresentação do grupo teatral Filhos da PUC. Por cerca de meia-hora a platéia viajou pelo sertão mineiro nas palavras de Guimarães Rosa. Logo em seguida, uma mesa-redonda diferente discutiu a profissão daqueles que trabalham no mercado editorial. Com mediação da profa. Malu Matêncio (coordenadora do curso de Letras da PUC), a profa. Sônia Queiroz (UFMG) e o prof. Plínio Martins Filho (USP) deram simpaticíssimos depoimentos de quem vive e ama os livros e a produção editorial. O assunto é, certamente, um sopro de novidade para os alunos mineiros de Letras, que vivem às voltas com a mais alta abstração lingüística ou com as possibilidades pedagógicas da profissão. O auditório lotado (cerca de 700 alunos) assoviou e quase teve orgasmos múltiplos quando o prof. Plínio criticou as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), com as quais todo estudante passa maus bocados.
O fechamento da noite foi com um fragmento unplugged do espetáculo Um ano entre os humanos, do poeta Ricardo Aleixo, também aplaudido de pé, principalmente porque selecionou, entre os poemas de seu repertório, aqueles que abordavam o mercado editorial e a profissionalização do poeta/escritor. Ironia fina em se tratando de um show que ocorreu logo após uma mesa-redonda de editores.
Hoje a noite é de oficinas e minicursos. Os mais lotados, claro, são aqueles que levam a palavra revisão no nome. Parece que estamos na crista da onda. O curso de especialização do IEC provavelmente terá a opção de oferecer duas turmas paralelas em 2007.
No sábado, haverá o fechamento do evento, com oficinas e uma mesa-redonda de lingüistas. Talvez para soltar os pés dos alunos do chão. Os poetas Wilmar Silva e Luiz Edmundo Alves farão as honras poéticas do fecho. O mais lamentável de tudo foi constatado pelo prof. Plínio, numa conversa de corredor, "estou estranhando um evento que fala sobre livros e não tem nenhum livro exposto para vender", e completa, sorrindo marotamente, "isso já me dá vontade de voltar para casa". É, professor, depois te conto os bastidores dessa discussão sobre estandes de livros.
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Ana Elisa Ribeiro
27/10/2006 às 12h31
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Circuito Editorial Literário
Quem compareceu ao evento de abertura do 1º Circuito Editorial Literário pode sair com (pelo menos) uma certeza: o mercado editorial infanto-juvenil não é nada simples. Primeiro assunto do ciclo de palestras e workshops promovido pela agência O Agente Literário, O livro infanto-juvenil e as exigências do mercado abordou os principais aspectos relacionados à criação e publicação de um livro desse gênero, visando elucidar os pontos fundamentais a serem considerados pelos escritores e revelar as principais necessidades do mercado. De maneira clara e bastante direta, forneceu diversas dicas e desvendou precisos atalhos aos que pretendem se aventurar por este caminho.
Ceciliany Alves, editora de literatura e projetos especiais na Editora FTD, metralhou durante 4 horas - divididas em 2 dias - uma quantidade tão grande de informações relevantes e essenciais que poderiam, como a própria brincou, preencher 2 ou 3 dias completos, ou, quem sabe, constituir um livro para os interessados no assunto. Logo nos primeiros minutos de exposição, Ceciliany (que aliás é bastante jovem para a importante posição que já ocupa) disse, sem hesitar, que o mercado infanto-juvenil é, hoje, a maneira mais "fácil" de um novo escritor entrar no mercado editorial e conseguir publicar, e que as editoras têm condições de investirem em novos nomes (e até mesmo buscam pôr novos talentos nessa área). A demanda é grande. Os presentes gostaram, claro. Nas horas que se passaram, a palestrante percorreu os temas relacionados ao assunto, partindo dos aspectos "físicos" do livro (tamanho, formato, cor, ilustrações, etc.), passando brevemente pela relevância dos temas e do próprio texto e finalizando com os detalhes específicos do mercado e das editoras, da sua e outras, inclusive. Tudo muito interessante.
Eu, que comecei a ler basicamente por conta própria e já pequeno era um leitor voraz, confesso que me decepcionei um pouquinho com todo o processo editorial do gênero supracitado, explicitado pela palestrante. Os livros infantis, principalmente, carregavam consigo, em uma visão poética que eu possuía, uma leveza, uma alta dosagem de fantasia, de sonho, de brincadeira. Tudo isso, pensava eu, dava ao escritor desse gênero alguma liberdade no processo de criação, muito de sonho, de fantasia, de um certo paternalismo, daquela imagem (sabe-se lá de onde a concebi!) de que os escritores infantis são uns avós maravilhosos, queridíssimos, meigos, voz calma, mansa, etc., e que se preocupavam exclusivamente em escrever para ensinar, para divertir, só isso. Mas, não. Não é bem assim. O mercado infanto-juvenil é tão duro e difícil como o de qualquer outro gênero e as editoras, assim como quaisquer outras empresas de outros setores da economia, são apenas empresas tentando sobreviver e maximizar seus lucros. Em outras palavras, os livros são editados visando, principalmente, a venda e o lucro gerado, seja ela a venda para as escolas ou para o governo (que são os grandes consumidores de livros infanto-juvenis). Claro, é sempre bastante estimulante e gratificante produzir algo que ensina, diverte e forma pessoas, e não restam dúvidas que as editoras ficam felizes e orgulhosas em participar da formação e consolidação de crianças e adolescentes, mas, no fundo, trata-se de um negócio, também, e os escritores são os operários e a força produtiva da cadeia. Nesse sentido, o mercado infanto-juvenil não difere em quase nada dos demais mercados, mas nem é possível "culpar" as editoras; produzir e vender livros é o seu negócio e elas têm suas maneiras de garantir sua participação no mercado e manter ou conquistar posições. Mas se há algum ponto nessa selva editorial onde se pode sonhar um pouquinho (pelo menos), ainda é dentro dos livros infanto-juvenis, não tenho dúvidas.
O Circuito Editorial Literário continuará com a palestra Como criar um bom romance e ter uma boa edição, no dia 31 de outubro, com o professor Jiro Takahashi, editor com passagem nas principais editoras do país, além da sua recente atuação como diretor editorial da Geração Editorial. Oportunidades como essas são raras e devem ser aproveitadas.
Para ir além
1º Circuito Editorial Literário
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Marcelo Maroldi
27/10/2006 à 00h26
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Viu no que dá?
Cerca de um mês atrás, publiquei a coluna "Confissões de uma ex-podcaster" para o Especial Podcasts, aqui do Digestivo. Nela, narrei minha mal-sucedida experiência em continuar produzindo um programa sonoro. Exclusivamente por motivos técnicos, engavetei o programa Estação da Cultura, um podcast que falava de eventos culturais gratuitos em São Paulo.
Nunca imaginei que essa aventura causasse algum rebuliço. Mas o podcaster Renato Siqueira, que produz um interessante programa sobre tecnologia - confira no Conversa Digital - tomou conhecimento de minha história e argumentou, no ar, porque concorda e discorda da coluna. Em linhas gerais, ele lamenta por "aqueles que não tiveram auto-motivação para seguir em frente".
É importante que não restem dúvidas: é fácil ouvir e fazer um podcast. Segundo nosso colega, não levei o programa adiante por não ter encontrado bons editores de áudio. Talvez não ressaltei que meu computador estivesse lotado de vírus - os malditos Trojan Horses, que impediram o funcionamento das ferramentas. Repito que existem excelentes programas gratuitos para serem baixados. O Audacity é um deles. Utilizei durante um bom tempo na época da faculdade, quando produzia um documentário para o TCC. E reitero: é fácil de usar.
Siqueira também não concorda quando eu disse que os tocadores de MP3 são inacessíveis ao grande público. Em parte, ele tem razão quando afirma que estão mais baratos a cada dia. Mas ainda acho que estamos anos-luz de distância do primeiro mundo, que vende por dez dólares o que adquirimos por, no mínimo, 100 reais no Mercado Livre - a exemplo de toda tecnologia importada.
Dizer que os podcasts não vão ficar é quase um crime, e não quero ser a autora desse delito. O Conversa Digital é um maduro exemplo que não pode ser ofuscado com minha história particular. É periódico, traz pautas inteligentes sobre tecnologia e mantém uma audiência admirável de três mil acessos mensais.
Ótima oportunidade para mostrar que não é porque parei que alguém vai desistir. Depois do primeiro homem que tentou escalar o Everest, muitos outros vieram. Ainda bem. Não lamento por quem tentou. Disso tudo, alguma coisa deu certo. Afinal, bons exemplos não faltam.
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Tais Laporta
26/10/2006 à 01h12
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Editor, corrija por favor!
Um péssimo hábito da maioria dos jornais é não dar a menor pelota para correções de informação enviadas por seus leitores. E com a qualidade de muitas redações pela hora da morte, correções são necessárias e enviadas. Não estou falando de mudar a opinião de um colunista, não. Estou falando de fatos errôneos, de números incoerentes, ou de notícias baseadas em lugares-comuns que não refletem a realidade.
Este ano resolvi tirar a prova dos nove. Normalmente ignoro uma reportagem quando percebo que existem nela fatos incorretos ou de conhecimento ultrapassado. Basta ler a maioria das reportagens sobre a China ou a Índia. Como tenho acesso a informações muito atualizadas desses países, aqui na Califórnia, rapidamente encontro os furos... No mau sentido do termo.
Pois bem, este ano diligentemente escrevi para a redação do jornal que meus pais assinam. Um grande jornal do Rio de Janeiro. Foram cerca de dez cartas, já com correções em assuntos distintos, que vão desde casamento indiano a política, ciência ou mesmo acidentes de avião da Gol. Tomei cuidado para escrever as cartas sem insultar ninguém ou mesmo ser agressivo. A maioria delas tinham no máximo dois parágrafos, com as fontes de todas informações (a última teve cinco, porque, a cada parágrafo, havia uma informação dúbia ou incorreta). Adivinhem quantas cartas foram publicadas? Uma? Duas? Ou mesmo uma nota do editor corrigindo a informação no rodapé da página três? Que nada... Zero! É isso aí, pessoal.
Para esses jornais, pelo visto, a reputação, a pequena política do repórter, é mais importante do que a informação, do que a notícia mesma. Não à toa, têm feito tradução de artigos do NY Times, da New Yorker, com duas semanas de atraso, e que são apresentados como grande novidade...! Não vou nem comentar a seção de ciência, que é uma tradução da Reuters... Por algum motivo estranho, eu sabia quem era o Nobel de Física antes de sair no jornal (quatro dias antes para ser mais exato)!
Por isso, me parece cada vez mais óbvio: quando traduzir um texto se tornar mais barato do que comprar um jornal, e isso já está quase lá (com os softwares de tradução automática), as redações da maioria dos jornais brasileiros irá simplesmente acabar... Porque a função de editor, e de jornalista, que são, respectivamente, garantir a qualidade e a correção da publicação, e desencavar informações atualizadas, me parecem praticamente extintas.
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Ram Rajagopal
25/10/2006 às 12h59
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