Blog | Digestivo Cultural

busca | avançada
51777 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Ícone da percussão no mundo, Pascoal Meirelles homenageia Tom Jobim com show em Penedo
>>> Victor Biglione e Marcos Ariel celebram 30 anos de parceria em show no Palácio da Música
>>> Hospital Geral do Grajaú recebe orquestra em iniciativa da Associação Paulista de Medicina
>>> Beto Marden estreia solo de teatro musical inspirado em Renato Russo
>>> Beto Marden estreia solo de teatro musical inspirado em Renato Russo
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lisboa, Mendes e Pessôa (2024)
>>> Michael Sandel sobre a vitória de Trump (2024)
>>> All-In sobre a vitória de Trump (2024)
>>> Henrique Meirelles conta sua história (2024)
>>> Mustafa Suleyman e Reid Hoffman sobre A.I. (2024)
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
Últimos Posts
>>> Escritor resgata a história da Cultura Popular
>>> Arte Urbana ganha guia prático na Amazon
>>> E-books para driblar a ansiedade e a solidão
>>> Livro mostra o poder e a beleza do Sagrado
>>> Conheça os mistérios que envolvem a arte tumular
>>> Ideias em Ação: guia impulsiona potencial criativo
>>> Arteterapia: livro inédito inspira autocuidado
>>> Conheça as principais teorias sociológicas
>>> "Fanzine: A Voz do Underground" chega na Amazon
>>> E-books trazem uso das IAs no teatro e na educação
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Vida e morte do Correio da Manhã
>>> O centenário de Contos Gauchescos
>>> Suassuna no Digestivo
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Neruda, oportunista fantasiado de santo
>>> Lauro Machado Coelho
>>> Tchekhov, o cirurgião da alma
>>> Desperte seu lado Henry Ford
>>> Teatro sem Tamires
>>> Porque crescer não é fácil
Mais Recentes
>>> Tempo Bom, Tempo Ruim de Jean Wyllys pela Paralela (2014)
>>> Livro Chama Acessa de Jamile Coelho E Patricia Zwipp pela Albatroz
>>> Livro Os Pensadores Diálogos O Banquete-Fédon Sofista-Político de Platão pela Abril Cultural (1979)
>>> Livro A Sabedoria Do Condado de Noble Smith pela Novo Conceito (2012)
>>> Livro Viagens de Gulliver Série Reencontro de Jonathan Swift pela Scipione (1998)
>>> Adorno 100 Anos Tp Nº 155 de Jürgen Habermas e Outros pela Tempo Brasileiro (2003)
>>> Livro Lucratividade Pela Inovação Como Eliminar Ineficiências Nos Seus Negócios E Na Cadeia De Valor de Rubens Da Costa Santos E Outros pela Campus (2006)
>>> Livro Canoas E Marolas Plenos Pecados de João Gilberto Noll pela Objetiva (1999)
>>> A Mochila do Mascate Fragmentos do Diário de um Anônimo de Gianni Ratto pela Bem Ti Vi (2016)
>>> Livro Feridas Da Alma A Luz e a Sabedoria de Deus Para a Superação de Nossas Dores e Limites de Reginaldo Manzotti pela Agir (2013)
>>> Livro Família, Família, Negócios À Parte de Édio Passos E Outros pela Gente (2006)
>>> Livro 10 Respostas Que Vão Mudar Sua Vida de Pe. Reginaldo Manzotti pela Ediouro (2010)
>>> História do Brasil Em Cordel de Mark Curran pela Edusp (2001)
>>> Livro O País Dos Petralhas de Reinaldo Azevedo pela Record (2008)
>>> Livro A Descoberta Do Amor de Cairbar Schutel pela Petit (1996)
>>> Livro Rute A Decisão Acertada de R R Soares pela Graça (2012)
>>> Leitura do Texto Leitura do Mundo de Domicio Proença Filho pela Anfiteatro (2017)
>>> Livro Anfíbios E Répteis Zoologia Brasilica Volume 3 de Eurico Santos pela Itatiaia (1981)
>>> Livro Há Um Outro Mundo Coleção Vértice Volume 53 de André Frossard pela Quadrante (2003)
>>> Livro Eu Líder Construindo O Sucesso Corporativo de Tânia Nobre Gonçalves Ferreira Amorim pela Qualitymark (2005)
>>> Livro Comunicação Use Corretamente A Linguagem Empresarial Coleção Gestão Inteligente de Garry Kranz pela Senac Rj (2009)
>>> Por Mãos Alheias Usos da Escrita na Sociedade Colonial de Sílvia Rachi pela Pucminas (2016)
>>> Livro De Dentro Para Fora de Alexandre Teixeira pela Arquipelago Editorial (2015)
>>> Caetano esse Cara de Heber Fonseca pela Revan (1993)
>>> Livro Fotografia Digital de Tom Ang pela Senac Sao Paulo (2007)
BLOG

Quinta-feira, 9/11/2006
Blog
Redação
 
Suicídio da grande imprensa

Aquela diversidade que os jornais ainda tinham e perderam, o pessoal foi buscar na internet. E uma coisa a gente aprende com os blogs: se houver 20 vários blogs falando "A", basta um blog falando "B" de forma consistente, que ele inverte e desmascara. Há a interação entre os blogs e seus leitores. Os blogs emergiram como uma alternativa.

Luis Nassif, numa entrevista sobre outro assunto...

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
9/11/2006 à 00h39

 
Três paredes e meia

Reestréia hoje, dia 09 de novembro, em São Paulo, após temporada no Espaço Satyros, Três paredes e meia. A peça, encenada pelo ator Pedro Vieira, com texto de Sérgio Pires e direção de Emerson Rossini, é baseada no romance Nossa Senhora das Flores, do escritor francês Jean Genet (1910-1986).

Enquanto aguarda o momento de ir para o pátio tomar sol à véspera de sua audiência, Pedro Vieira, no papel do autor, medita na prisão sobre personagens criadas por seu imaginário, revivendo fatos e anseios de sua vida neste monólogo que funde sua vida e obra.

Como já havia dito em um post anterior, o ator consegue traduzir os abundantes desejos do escritor outsider com o lirismo que é próprio de sua literatura. O jogo corporal do protagonista, obra de Valéria Jouse, se desnuda e recompõe com incrível naturalidade e leveza de gestos.

Para ir além
Três paredes e meia - Reestréia 09 de novembro - Temporada até 14 de dezembro - Quintas-feiras, às 21h - Espaço dos Satyros 2 - Praça Roosevelt, 124 - Centro - Telefone: (11) 3258-6345 - Ingresso: R$20 e R$10 (idosos, estudantes e classe teatral).

[1 Comentário(s)]

Postado por Marília Almeida
9/11/2006 à 00h04

 
Economia da Cultura

9 de novembro, às 18h30 na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, ocorre o lançamento do livro Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável - Caleidoscópio da Cultura (Manole, 2006, 383 págs.), de Ana Carla Fonseca Reis, autora do bom Marketing Cultural e Financiamento da Cultura e Vice-Presidente Executiva do Instituto Pensarte. Seu release informa que o livro "revela por meio de reflexões de casos internacionais e brasileiros uma visão global e integrada de cultura, economia e desenvolvimento sustentável" e "apresenta conceitos que explicam porque a cultura ocupa uma posição privilegiada na geração de riquezas, empregos, arrecadação tributária e comércio exterior". O livro tem prefácio do Embaixador Rubens Ricupero e análise do Ministro Gilberto Gil.

Para ir além
Livraria Cultura (Loja de Artes) do Conjunto Nacional - Av. Paulista, nº 2073 - Tel.: (11) 3170-4033 - 9 de novembro de 2006 (quinta-feira) - A partir das 18h30

[Comente este Post]

Postado por Rafael Fernandes
8/11/2006 às 15h47

 
Crítico

Como é possível haver independência da crítica se nos jornais de referência (...) o espaço da crítica musical séria se reduz cada vez mais?

Como reflexo da ignorância e analfabetismo endêmico (...) hoje em dia já nem na imprensa existem elites culturais, os editores são na sua maioria jovens inábeis vindos de escolas de jornalismo, que apesar de conceitos técnicos aprendidos não aprendem o essencial: cultura onde não existe substrato, um defeito da universidade (...), também geralmente medíocre e pouco estimulante. Quem acaba na cultura são rapazes (...) que não dão para a "polítrica" ou para qualquer coisa de mais "útil" dentro do jornal ao contrário de exemplos saudosos do passado em que editores eram figuras intelectuais de referência (...).

Esta falta de substrato lato leva a um destaque de certas formas de cultura, que geralmente nunca incluem a música, compartimentando conhecimentos e formas de agir perante a arte. O cinema, por exemplo, terá sempre destaque face à música, porque é mais acessível aos editores (...). A literatura também passa à frente da música numa compartimentação artística absurda e ligada sempre a carências de gosto e de formação, o que não acontece, por exemplo, na Alemanha, Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Países Nórdicos ou Áustria e que é mais um sintoma do nosso atraso e falta de substrato.

Estes editores são o espelho de administrações mercantilistas e de direções tontas, que julgam que o povo quer é massificação. A opinião política, também esta rasteira e enviezada, enxameia e contamina os jornais e consome os orçamentos. Sempre desprezando o fato básico que leva à venda real de um jornal na via pública: as notícias, notícias bem escritas, em cima da hora.(...)

Um exemplo: apesar de meios técnicos avançadíssimos os jornais já não conseguem ter no dia seguinte a crítica à ópera da véspera, nem sequer em 3000 caracteres, o que é quase igual a zero.(...)

Por outro lado a possibilidade de formação de públicos, no que é verdadeiramente serviço público, está totalmente arredada dos jornais. Pensa-se que o leitor é basicamente estúpido e inculto e não está interessado em coisas longas e complexas, espelho afinal de mentalidades igualmente limitadas. De fato o público é inteligente e está ávido de informação. É evidente que a escrita para um público geral sobre música clássica, por exemplo, deve explicar os contextos e ser relativamente simples, mas não significa que seja imbecilizada, ou reduzida apenas ao D. Giovanni (...) ou à porcaria inenarrável que constitui o exemplo de Anne Sophie von Otter a cantar Abba que surge em destaque em todos os jornais (...).

Reduz-se a zero o espaço inteligente para a escolha dos críticos cada vez mais limitada, críticos que já nem sequer podem escolher o tema de cada artigo que vão escrever, acabando ao editor, que geralmente é uma nulidade total no assunto (e que tem na cabeça, geralmente cabeçuda, o que acha que o público quer) acabando por se exercer uma censura cultural e uma tarraxa que nivela pelo nível mais rasteiro os temas que conseguem entrar nos escassos linguados que vão sobrando aos desgraçados dos críticos.

(...) As direções e edições de cultura (...) de muitos (...) jornais, acrescento eu, são incompetentes para o serviço a que se propõem.

E continuo a acreditar que a crítica bem escrita e fundamentada, por longa que seja, suscita interesse do leitor, sobretudo nas classes que lêem os supostos jornais de referência, e também potencia a formação de quem não tem tanto interesse pelo assunto a priori. O público é bem mais inteligente que os editores e direções dos jornais (...)

P.S. - Uma das vacas sagradas da imprensa (...) são os diretores e os editores. Nenhum jornalista, colaborador ou crítico (...) se atreve a criticar qualquer destes influentes personagens, toda a gente quer continuar a trabalhar... Creio que num blog independente se poderá abordar este assunto sem grandes problemas e é nestes pontos que a blogosfera continua a ganhar ao jornalismo puro.

Henrique Silveira, em Crítico (porque parece o Brasil, mas é Portugal...)

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
8/11/2006 à 00h39

 
Incuráveis, de Gustavo Acioli

O longa-metragem Incuráveis é mais um filme brasileiro sem cara de filme brasileiro, a não ser pela sensualidade à flor da pele, expressa por nudez e cenas de sexo, além do linguajar cru tão característico de terras tupiniquins. Notável, não quisesse forçar um clima intimista de cinema europeu que parece não se encaixar, não é bem manejado e acaba sendo enfadonho.

A repetição de diálogos, movimentos dos personagens e mesmo alguns momentos procuram dar conta de diversos pontos de vista que se embaralham e acabamos por nos confundir sobre qual é o verdadeiro até que temos a revelação, mas ela ainda é ambígua. Não há nada de novo nesta seqüência, que muitas vezes perde o timing e entedia.

Seu cenário e personagens lembram o de outro filme nacional que estreou no começo do ano: Achados e Perdidos, encenado por Antonio Fagundes e baseado no romance policial de Luiz Alfredo Garcia-Roza. Ao contrário deste, que busca inspiração na literatura, ele toma como base uma peça inédita: A dama da Lapa, de Marcelo Pedreira. Daí a dramatização dos personagens e estrutura circular mantidas no filme. Longe de ser uma superprodução, o cenário de Incuráveis consiste em um bar e um quarto, onde os atores Fernando Eiras, premiado no último Festival de Brasília por sua atuação no filme, e Dira Paes, que já participou de filmes nacionais de destaque como 2 Filhos de Francisco, Meu tio matou um cara, Cronicamente Inviável e Amarelo Manga, contracenam com pouquíssimos coadjuvantes em aparições meteóricas.

O filme é um diálogo intenso entre duas almas incuráveis: uma prostituta e um suicida. Ambos são marcados pela solidão e procuram o amor verdadeiro. Eles têm apenas uma noite para se conhecerem e a si mesmos em um pequeno quarto de hotel, após um encontro inesperado em um bar escuro.

O que mais se sobressai é a fotografia eficiente e limpa, que explora todos os cômodos do pequeno quarto onde o filme é encenado. Jogos de luzes suaves que valorizam as expressões dos personagens, bem como diversos planos de profundidade que resultam em telas totalmente preenchidas, são responsáveis pelo bom trabalho de Lula Carvalho. O diretor de fotografia de Incuráveis é surpreendentemente um novato na área, mas essa impressão é logo entendida quando descobrimos que ele é filho de Walter Carvalho, diretor de fotografia de filmes como Lavoura Arcaica e Abril Despedaçado.

Incuráveis é o primeiro longa de Gustavo Acioli, que já contabiliza diversos curtas-metragens em sua carreira, sendo Cão Guia o mais notável, que ganhou quinze prêmios em festivais nacionais, inclusive o de atriz, ator e roteiro no Festival de Brasília. Ele levou o diretor a ser curador da 1º Mostra Internacional sobre Filmes de Deficiência, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro em 2003.

Após participar da Competição de Novos Diretores da 30º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme estréia em circuito comercial nesta sexta, dia 10 de novembro.

[Comente este Post]

Postado por Marília Almeida
8/11/2006 à 00h35

 
A noite antes da floresta

Como já havia dito em minha coluna "FIT: Fim de uma trilogia teatral", onde faço um balanço sobre o Festival Internacional de Teatro de Rio Preto deste ano, a peça A noite antes da floresta foi uma de suas participantes e é produzida pela companhia paulista Brancalyone Produções Artísticas e dirigida por Francisco Medeiros. Agora, os paulistas têm a chance de a conferir novamente em reestréia no Espaço dos Satyros, após ter passado também pelo 13º festival Porto Alegre em Cena, em setembro.

Com iluminação de Domingos Quintiliano (também indicado ao Prêmio Shell de Teatro), cenografia de Duda Arruk, trilha sonora de Aline Meyer, preparação de corpo de Thiago Antunes e figurino de Elena Toscano, A noite antes da floresta é a primeira peça da obra do dramaturgo francês "maldito", o soropositivo Bernard-Marie Koltés, e é encenada 15 anos após sua morte. Ela é constantemente montada no país natal de seu autor, onde mereceu 42 encenações diferentes entre 1983 e 1999. Seu diferencial reside em sua estrutura: uma frase de 62 páginas, sem ponto.

O ator Otávio Martins, indicado ao Prêmio Shell de Teatro, não decepciona em um monólogo tenso que começa morno e é por vezes redundante, mas sempre ascendente. Em 70 minutos, Otávio vive um maltrapilho estrangeiro que trava um diálogo em uma esquina da louca vida noturna com um "outro" inexistente. Sua narração é vertiginosa: um diálogo impossível, em que parece falar com o triste retrato de si mesmo. A solidão é veemente e o discurso, um retrato fiel da zoológica sociedade moderna, com seus tipos bizarros, como prostitutas que comem terra de cemitério. O cenário ajuda a criar um sentimento de desolação. Composto por um bloco que imita uma calçada, é rodeado por espelhos sujos e emporcalhados.

Para ir além
A noite antes da floresta - Temporada até 09 de dezembro - Sábados, à meia-noite - Espaço dos Satyros I - Praça Roosevelt, 214 - Centro - Telefone: (11) 3258-6345 - Ingressos: R$20 e R$10 (meia-entrada para estudantes com carteirinha)

[Comente este Post]

Postado por Marília Almeida
7/11/2006 às 18h05

 
A bolha da blogosfera

Numa cantina italiana, oito amigos discutem a vida pós-estouro da bolha da blogosfera. A discussão já dura uma hora e estamos num momento impreciso da cronologia, pois que no virtual esta frase tem a mesma (val)idade que esta e enquanto isso não se sabe mais com quem está a palavra. A mistura de discursos exige uma tomada de providência. Resolvo assumir a parada, embora sem nenhuma intenção de encerrar o assunto.

- Não, não, interrompi. Acho que vivemos algo parecido com a transição da literatura para o cinema e daí para a televisão. Da mesma forma que as pessoas passaram a ler menos com o audiovisual, o hipertexto passou a ser desprezado se se mantém apenas como texto. Os internautas deste século querem ver, ouvir. Viajar em sensações programadas, ser conduzidos pela grade de opções da rede, como telespectadores dos programas de domingo à tarde.

- É, mas isso não é de todo verdade, diz Leãdro Wojak. O cinema, por exemplo, já foi tido como destruidor da literatura, mas não conseguiu fazer isso, e nem era essa sua intenção. Assim como a televisão não destruiu o cinema. As mídias podem conviver umas com as outras, tranqüilamente.

- Sim, mas isso não explica a queda brutal de audiência do meu blog, ri Edgar Borges.

- É que você é um ciberdissidente, gargalha Vandré Fonseca, reconhecendo logo depois a própria condição de publicador bissexto.

- O problema é que a gente não ocupa bem esse território anárquico do ciberespaço. Nós temos que avançar, rapaziada, entrar de sola nas outras formas de sociabilidade, com áudio, vídeo e o escambau, propõe um empolgado Israel Barros.

- Rapaz, não tenho certeza disso. Falta afetividade. Em vários lugares a territorialidade é importante. E não falo só do Acre. Em Guarulhos, não há campanha na TV. A eleição se decide com santinho e cartazete na rua. Ao mesmo tempo, a política é exercida de forma cada vez menos territorial e mais virtual. Portanto acho que é a possibilidade de falar, isso mesmo, simplesmente falar, que vai garantir nossa sobrevivência, atesta um messiânico Maurício Bittencourt.

- Mas isso só aumenta a dispersão, avalia Nei Costa. A internet é um punhado de lixo, muitas vezes reciclado, a maior parte inútil. Garimpar algo bom é tão difícil quanto garimpar mesmo. Por isso é que temos de instigar o povo a assumir os media.

- Falas como um comunicólogo, meu caro. O que todos nesta mesa, de certa forma, são, observo.

- E o corporativismo, onde fica? Não é assim não, qualquer um metendo o bedelho na nossa mais-valia?, grita Rogério Christofoletti, posando de sindicalista radical.

- Ó pá, mas que diabos vocês estão a dizer? Blogue é edição. Blog é edição. Blogging is editing. Mesmo, Avery, que um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da pavórnia, venha a dizer o contrário. E peçamos algo para comer, decreta Luís Ene.

- Só se for agora, atalha Leãdro, ávido por umas saltenhas chilenas das que têm na Vila Madalena. Saltenhas!

- Chico Esperto, como é que é isso?

- É comida italiana, italiana, grita o Vicenzo.

- Então mande mais algumas biras, grita Edgar.

- Você não era assim, diz Nei.

- Ô vida dura.

Avery Veríssimo, no seu e-pístolas: contos da era da informação, que linca pra nós.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
7/11/2006 à 00h30

 
Corrente de umbiguismo

Fiquei chocada da primeira vez que me disseram que as pessoas têm medo de mim. Eu falo alto e sou cheia de opiniões, mas não imaginei que pudesse meter medo. É fato. Hoje me acostumei a essa idéia e nem acho tão ruim, mas quem me conhece de verdade deve saber como isso é esquisito.

* * *

Meu raciocínio é hipertextual. Tenho uma imensa dificuldade para pensar em alguma coisa, qualquer coisa, de forma linear. Talvez isso explique por que eu prefira editar a fazer longas reportagens. E porque eu raramente leia só um livro de cada vez.

* * *

Sou uma otimista incurável, mas sofro de sérias crises de pessimismo. Com a maioria das dúvidas da minha vida, tenho aquela certeza, bem lá no fundo, de que tudo vai dar certo. Na maioria das vezes, elas realmente dão.

* * *

Cresci sendo muito amada pelos meus pais e a minha irmã. Embora isso tenha me dado uma segurança muito grande, também faz com que eu me sinta insuportavelmente exigente. Tenho a certeza absoluta de que sou realmente adorável (...).

* * *

Às vezes me espanto com o conhecimento que acumulei sobre alguns assuntos sem sentir. Tenho certeza de que não sei o suficiente a respeito de nada, mas acho que a média harmônica até que é bem razoável.

* * *

Escrevo com poucos erros de gramática e, quero crer, nenhum de ortografia. Não sei nenhuma regra de cor - de pontuação, de acentuação, de nada. Quando me perguntam o que não tenho certeza, recorro ao Aurélio e ao Houaiss, mas quase sempre estava certa intuitivamente. No meu mundo ideal, as pessoas aceitariam as repostas "porque sim" e "porque não" em explicações sobre português.

* * *

Desde que virei jornalista, minha rotina esqueceu o que são feriados. Isso me incomoda até hoje, por mais que eu tente dizer que não.

* * *

Gosto de comer. Sempre gostei. Mas cada vez mais tenho gostado de ler sobre comida. Descobri que engorda bem menos, e a imaginação faz belas refeições.

Cássia Zanon, no seu O dia se espatifa, que linca pra nós.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
6/11/2006 à 00h19

 
Fórum das Letras dia 3

A noite de ontem foi de poesia pelos quatro cantos do lounge gigante montada no Fórum. A previsão de chuva fez com que mudassem o local das leituras da praça para o Centro de Convenções, onde se desenrola a maior parte do evento. O que foi bom, já que estávamos todos lendo e tomando café.

Hoje, pela manhã, mais Experiências de Editoração com Plínio Martins (Edusp/Ateliê) e Maria Amélia Mello (José Olympio). De fato, até agora, Plínio foi o único que falou mais de livros do que de números. Tanta cifra faz a gente pensar que todo editor é administrador. Para quem gosta de texto, livro e design, não soa atrativo. Seria mais feliz montar um curso de MBA, bem à moda FGV e copiadoras. Plínio Martins nos lembra que existe quem se preocupe com o produto "em si". Brilhante e sedutor.

A tarde será de discussões em torno da literatura e do jornalismo. Juremir Machado conversa com outros. Amanhã é dia de discutir o que é ser escritor no Brasil e em outros países. Com esta tarefa, Marcelino Freire já chegou por aqui.

[Comente este Post]

Postado por Ana Elisa Ribeiro
4/11/2006 às 14h53

 
Fórum das Letras dia 2

A manhã começou com a experiência de editoração de Luciana Villas-Boas, editora da Record. Mais didática foi a palestra de Joaci Furtado, coordenador editorial da Globo, mais conhecida como editora de revistas, mas também boa de catálogo. Os hits da exposição dele foram as ironias com relação aos livros de capa dura (caríssimos) publicados num país de poucos e pobres leitores como o Brasil. A vontade de elitizar cada vez mais o objeto livro, muito usado para se dar de presente e, segundo Joaci, "enfeitar as coffee tables das pessoas". Na platéia, o sofisticado e cuidadoso editor de livros da Edusp, Plínio Martins Filho.

Na tarde, uma mesa com apresentadores de programas de literatura na tevê. Ótima a idéia de trazer a discussão sobre o eletrodoméstico mais comprado do país à baila. Qual é o papel da tevê em relação à leitura e à formação do leitor? Ivan Marques, Edney Silvestre e outros mostravam suas experiências na tevê.

A noite é badalada por conta da presença loura da escritora norueguesa do Livreiro de Cabul, cuja palestra acabou agorinha mesmo. Mais tarde, Via Sacra Poética, em que leremos (inclusive eu) poesia contemporânea.

[Comente este Post]

Postado por Ana Elisa Ribeiro
3/11/2006 às 21h03

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Telas Que Ensinam Mídia e Aprendizagem - 3ª Edição
Samuel Pfromm Neto
Alínea
(2011)



Margaret Thatcher os Grandes Líderes Encadernado
Nova Cultural
Nova Cultural
(1987)



Livro Tocqueville Y las Fronteras de la Democracia
Nestor Capdevila
Claves
(2007)



Cinema Politico Italiano Anos 60 E 70
Angela Prudenzi
Cosac & Naify
(2006)



Polígonos, Centopéias e Outros Bichos - Vivendo a Matemática
Nílson José Machado
Scipione
(1988)



Livro Literatura Brasileira Crônica de uma Namorada
Zélia Gattai
Record
(1998)



Os Remédios Florais do Dr. Bach
Dr. Edward Bach
Pensamento
(2008)



memorial
Marco Aurélio Baggio
Gráfica
(2014)



Sap S/4HANA: An Introduction
Devraj Bardhan
Rheinwerk
(2019)



Egypt and The Egyptians
Brewer, Douglas J. / Teeter, Emily
Cambridge
(1999)





busca | avançada
51777 visitas/dia
1,9 milhão/mês