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Quarta-feira,
8/11/2006
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Redação
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Economia da Cultura
9 de novembro, às 18h30 na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, ocorre o lançamento do livro Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável - Caleidoscópio da Cultura (Manole, 2006, 383 págs.), de Ana Carla Fonseca Reis, autora do bom Marketing Cultural e Financiamento da Cultura
e Vice-Presidente Executiva do Instituto Pensarte. Seu release informa que o livro "revela por meio de reflexões de casos internacionais e brasileiros uma visão global e integrada de cultura, economia e desenvolvimento sustentável" e "apresenta conceitos que explicam porque a cultura ocupa uma posição privilegiada na geração de riquezas, empregos, arrecadação tributária e comércio exterior". O livro tem prefácio do Embaixador Rubens Ricupero e análise do Ministro Gilberto Gil.
Para ir além
Livraria Cultura (Loja de Artes) do Conjunto Nacional - Av. Paulista, nº 2073 - Tel.: (11) 3170-4033 - 9 de novembro de 2006 (quinta-feira) - A partir das 18h30
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Rafael Fernandes
8/11/2006 às 15h47
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Crítico
Como é possível haver independência da crítica se nos jornais de referência (...) o espaço da crítica musical séria se reduz cada vez mais?
Como reflexo da ignorância e analfabetismo endêmico (...) hoje em dia já nem na imprensa existem elites culturais, os editores são na sua maioria jovens inábeis vindos de escolas de jornalismo, que apesar de conceitos técnicos aprendidos não aprendem o essencial: cultura onde não existe substrato, um defeito da universidade (...), também geralmente medíocre e pouco estimulante. Quem acaba na cultura são rapazes (...) que não dão para a "polítrica" ou para qualquer coisa de mais "útil" dentro do jornal ao contrário de exemplos saudosos do passado em que editores eram figuras intelectuais de referência (...).
Esta falta de substrato lato leva a um destaque de certas formas de cultura, que geralmente nunca incluem a música, compartimentando conhecimentos e formas de agir perante a arte. O cinema, por exemplo, terá sempre destaque face à música, porque é mais acessível aos editores (...). A literatura também passa à frente da música numa compartimentação artística absurda e ligada sempre a carências de gosto e de formação, o que não acontece, por exemplo, na Alemanha, Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Países Nórdicos ou Áustria e que é mais um sintoma do nosso atraso e falta de substrato.
Estes editores são o espelho de administrações mercantilistas e de direções tontas, que julgam que o povo quer é massificação. A opinião política, também esta rasteira e enviezada, enxameia e contamina os jornais e consome os orçamentos. Sempre desprezando o fato básico que leva à venda real de um jornal na via pública: as notícias, notícias bem escritas, em cima da hora.(...)
Um exemplo: apesar de meios técnicos avançadíssimos os jornais já não conseguem ter no dia seguinte a crítica à ópera da véspera, nem sequer em 3000 caracteres, o que é quase igual a zero.(...)
Por outro lado a possibilidade de formação de públicos, no que é verdadeiramente serviço público, está totalmente arredada dos jornais. Pensa-se que o leitor é basicamente estúpido e inculto e não está interessado em coisas longas e complexas, espelho afinal de mentalidades igualmente limitadas. De fato o público é inteligente e está ávido de informação. É evidente que a escrita para um público geral sobre música clássica, por exemplo, deve explicar os contextos e ser relativamente simples, mas não significa que seja imbecilizada, ou reduzida apenas ao D. Giovanni (...) ou à porcaria inenarrável que constitui o exemplo de Anne Sophie von Otter a cantar Abba que surge em destaque em todos os jornais (...).
Reduz-se a zero o espaço inteligente para a escolha dos críticos cada vez mais limitada, críticos que já nem sequer podem escolher o tema de cada artigo que vão escrever, acabando ao editor, que geralmente é uma nulidade total no assunto (e que tem na cabeça, geralmente cabeçuda, o que acha que o público quer) acabando por se exercer uma censura cultural e uma tarraxa que nivela pelo nível mais rasteiro os temas que conseguem entrar nos escassos linguados que vão sobrando aos desgraçados dos críticos.
(...) As direções e edições de cultura (...) de muitos (...) jornais, acrescento eu, são incompetentes para o serviço a que se propõem.
E continuo a acreditar que a crítica bem escrita e fundamentada, por longa que seja, suscita interesse do leitor, sobretudo nas classes que lêem os supostos jornais de referência, e também potencia a formação de quem não tem tanto interesse pelo assunto a priori. O público é bem mais inteligente que os editores e direções dos jornais (...)
P.S. - Uma das vacas sagradas da imprensa (...) são os diretores e os editores. Nenhum jornalista, colaborador ou crítico (...) se atreve a criticar qualquer destes influentes personagens, toda a gente quer continuar a trabalhar... Creio que num blog independente se poderá abordar este assunto sem grandes problemas e é nestes pontos que a blogosfera continua a ganhar ao jornalismo puro.
Henrique Silveira, em Crítico (porque parece o Brasil, mas é Portugal...)
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Julio Daio Borges
8/11/2006 à 00h39
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Incuráveis, de Gustavo Acioli
O longa-metragem Incuráveis é mais um filme brasileiro sem cara de filme brasileiro, a não ser pela sensualidade à flor da pele, expressa por nudez e cenas de sexo, além do linguajar cru tão característico de terras tupiniquins. Notável, não quisesse forçar um clima intimista de cinema europeu que parece não se encaixar, não é bem manejado e acaba sendo enfadonho.
A repetição de diálogos, movimentos dos personagens e mesmo alguns momentos procuram dar conta de diversos pontos de vista que se embaralham e acabamos por nos confundir sobre qual é o verdadeiro até que temos a revelação, mas ela ainda é ambígua. Não há nada de novo nesta seqüência, que muitas vezes perde o timing e entedia.
Seu cenário e personagens lembram o de outro filme nacional que estreou no começo do ano: Achados e Perdidos, encenado por Antonio Fagundes e baseado no romance policial de Luiz Alfredo Garcia-Roza. Ao contrário deste, que busca inspiração na literatura, ele toma como base uma peça inédita: A dama da Lapa, de Marcelo Pedreira. Daí a dramatização dos personagens e estrutura circular mantidas no filme.
Longe de ser uma superprodução, o cenário de Incuráveis consiste em um bar e um quarto, onde os atores Fernando Eiras, premiado no último Festival de Brasília por sua atuação no filme, e Dira Paes, que já participou de filmes nacionais de destaque como 2 Filhos de Francisco, Meu tio matou um cara, Cronicamente Inviável e Amarelo Manga, contracenam com pouquíssimos coadjuvantes em aparições meteóricas.
O filme é um diálogo intenso entre duas almas incuráveis: uma prostituta e um suicida. Ambos são marcados pela solidão e procuram o amor verdadeiro. Eles têm apenas uma noite para se conhecerem e a si mesmos em um pequeno quarto de hotel, após um encontro inesperado em um bar escuro.
O que mais se sobressai é a fotografia eficiente e limpa, que explora todos os cômodos do pequeno quarto onde o filme é encenado. Jogos de luzes suaves que valorizam as expressões dos personagens, bem como diversos planos de profundidade que resultam em telas totalmente preenchidas, são responsáveis pelo bom trabalho de Lula Carvalho. O diretor de fotografia de Incuráveis é surpreendentemente um novato na área, mas essa impressão é logo entendida quando descobrimos que ele é filho de Walter Carvalho, diretor de fotografia de filmes como Lavoura Arcaica e Abril Despedaçado.
Incuráveis é o primeiro longa de Gustavo Acioli, que já contabiliza diversos curtas-metragens em sua carreira, sendo Cão Guia o mais notável, que ganhou quinze prêmios em festivais nacionais, inclusive o de atriz, ator e roteiro no Festival de Brasília. Ele levou o diretor a ser curador da 1º Mostra Internacional sobre Filmes de Deficiência, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro em 2003.
Após participar da Competição de Novos Diretores da 30º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme estréia em circuito comercial nesta sexta, dia 10 de novembro.
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Marília Almeida
8/11/2006 à 00h35
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A noite antes da floresta
Como já havia dito em minha coluna "FIT: Fim de uma trilogia teatral", onde faço um balanço sobre o Festival Internacional de Teatro de Rio Preto deste ano, a peça A noite antes da floresta foi uma de suas participantes e é produzida pela companhia paulista Brancalyone Produções Artísticas e dirigida por Francisco Medeiros. Agora, os paulistas têm a chance de a conferir novamente em reestréia no Espaço dos Satyros, após ter passado também pelo 13º festival Porto Alegre em Cena, em setembro.
Com iluminação de Domingos Quintiliano (também indicado ao Prêmio Shell de Teatro), cenografia de Duda Arruk, trilha sonora de Aline Meyer, preparação de corpo de Thiago Antunes e figurino de Elena Toscano, A noite antes da floresta é a primeira peça da obra do dramaturgo francês "maldito", o soropositivo Bernard-Marie Koltés, e é encenada 15 anos após sua morte. Ela é constantemente montada no país natal de seu autor, onde mereceu 42 encenações diferentes entre 1983 e 1999. Seu diferencial reside em sua estrutura: uma frase de 62 páginas, sem ponto.
O ator Otávio Martins, indicado ao Prêmio Shell de Teatro, não decepciona em um monólogo tenso que começa morno e é por vezes redundante, mas sempre ascendente. Em 70 minutos, Otávio vive um maltrapilho estrangeiro que trava um diálogo em uma esquina da louca vida noturna com um "outro" inexistente. Sua narração é vertiginosa: um diálogo impossível, em que parece falar com o triste retrato de si mesmo. A solidão é veemente e o discurso, um retrato fiel da zoológica sociedade moderna, com seus tipos bizarros, como prostitutas que comem terra de cemitério. O cenário ajuda a criar um sentimento de desolação. Composto por um bloco que imita uma calçada, é rodeado por espelhos sujos e emporcalhados.
Para ir além
A noite antes da floresta - Temporada até 09 de dezembro - Sábados, à meia-noite - Espaço dos Satyros I - Praça Roosevelt, 214 - Centro - Telefone: (11) 3258-6345 - Ingressos: R$20 e R$10 (meia-entrada para estudantes com carteirinha)
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Marília Almeida
7/11/2006 às 18h05
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A bolha da blogosfera
Numa cantina italiana, oito amigos discutem a vida pós-estouro da bolha da blogosfera. A discussão já dura uma hora e estamos num momento impreciso da cronologia, pois que no virtual esta frase tem a mesma (val)idade que esta e enquanto isso não se sabe mais com quem está a palavra. A mistura de discursos exige uma tomada de providência. Resolvo assumir a parada, embora sem nenhuma intenção de encerrar o assunto.
- Não, não, interrompi. Acho que vivemos algo parecido com a transição da literatura para o cinema e daí para a televisão. Da mesma forma que as pessoas passaram a ler menos com o audiovisual, o hipertexto passou a ser desprezado se se mantém apenas como texto. Os internautas deste século querem ver, ouvir. Viajar em sensações programadas, ser conduzidos pela grade de opções da rede, como telespectadores dos programas de domingo à tarde.
- É, mas isso não é de todo verdade, diz Leãdro Wojak. O cinema, por exemplo, já foi tido como destruidor da literatura, mas não conseguiu fazer isso, e nem era essa sua intenção. Assim como a televisão não destruiu o cinema. As mídias podem conviver umas com as outras, tranqüilamente.
- Sim, mas isso não explica a queda brutal de audiência do meu blog, ri Edgar Borges.
- É que você é um ciberdissidente, gargalha Vandré Fonseca, reconhecendo logo depois a própria condição de publicador bissexto.
- O problema é que a gente não ocupa bem esse território anárquico do ciberespaço. Nós temos que avançar, rapaziada, entrar de sola nas outras formas de sociabilidade, com áudio, vídeo e o escambau, propõe um empolgado Israel Barros.
- Rapaz, não tenho certeza disso. Falta afetividade. Em vários lugares a territorialidade é importante. E não falo só do Acre. Em Guarulhos, não há campanha na TV. A eleição se decide com santinho e cartazete na rua. Ao mesmo tempo, a política é exercida de forma cada vez menos territorial e mais virtual. Portanto acho que é a possibilidade de falar, isso mesmo, simplesmente falar, que vai garantir nossa sobrevivência, atesta um messiânico Maurício Bittencourt.
- Mas isso só aumenta a dispersão, avalia Nei Costa. A internet é um punhado de lixo, muitas vezes reciclado, a maior parte inútil. Garimpar algo bom é tão difícil quanto garimpar mesmo. Por isso é que temos de instigar o povo a assumir os media.
- Falas como um comunicólogo, meu caro. O que todos nesta mesa, de certa forma, são, observo.
- E o corporativismo, onde fica? Não é assim não, qualquer um metendo o bedelho na nossa mais-valia?, grita Rogério Christofoletti, posando de sindicalista radical.
- Ó pá, mas que diabos vocês estão a dizer? Blogue é edição. Blog é edição. Blogging is editing. Mesmo, Avery, que um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da pavórnia, venha a dizer o contrário. E peçamos algo para comer, decreta Luís Ene.
- Só se for agora, atalha Leãdro, ávido por umas saltenhas chilenas das que têm na Vila Madalena. Saltenhas!
- Chico Esperto, como é que é isso?
- É comida italiana, italiana, grita o Vicenzo.
- Então mande mais algumas biras, grita Edgar.
- Você não era assim, diz Nei.
- Ô vida dura.
Avery Veríssimo, no seu e-pístolas: contos da era da informação, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
7/11/2006 à 00h30
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Corrente de umbiguismo
Fiquei chocada da primeira vez que me disseram que as pessoas têm medo de mim. Eu falo alto e sou cheia de opiniões, mas não imaginei que pudesse meter medo. É fato. Hoje me acostumei a essa idéia e nem acho tão ruim, mas quem me conhece de verdade deve saber como isso é esquisito.
* * *
Meu raciocínio é hipertextual. Tenho uma imensa dificuldade para pensar em alguma coisa, qualquer coisa, de forma linear. Talvez isso explique por que eu prefira editar a fazer longas reportagens. E porque eu raramente leia só um livro de cada vez.
* * *
Sou uma otimista incurável, mas sofro de sérias crises de pessimismo. Com a maioria das dúvidas da minha vida, tenho aquela certeza, bem lá no fundo, de que tudo vai dar certo. Na maioria das vezes, elas realmente dão.
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Cresci sendo muito amada pelos meus pais e a minha irmã. Embora isso tenha me dado uma segurança muito grande, também faz com que eu me sinta insuportavelmente exigente. Tenho a certeza absoluta de que sou realmente adorável (...).
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Às vezes me espanto com o conhecimento que acumulei sobre alguns assuntos sem sentir. Tenho certeza de que não sei o suficiente a respeito de nada, mas acho que a média harmônica até que é bem razoável.
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Escrevo com poucos erros de gramática e, quero crer, nenhum de ortografia. Não sei nenhuma regra de cor - de pontuação, de acentuação, de nada. Quando me perguntam o que não tenho certeza, recorro ao Aurélio e ao Houaiss, mas quase sempre estava certa intuitivamente. No meu mundo ideal, as pessoas aceitariam as repostas "porque sim" e "porque não" em explicações sobre português.
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Desde que virei jornalista, minha rotina esqueceu o que são feriados. Isso me incomoda até hoje, por mais que eu tente dizer que não.
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Gosto de comer. Sempre gostei. Mas cada vez mais tenho gostado de ler sobre comida. Descobri que engorda bem menos, e a imaginação faz belas refeições.
Cássia Zanon, no seu O dia se espatifa, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
6/11/2006 à 00h19
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Fórum das Letras dia 3
A noite de ontem foi de poesia pelos quatro cantos do lounge gigante montada no Fórum. A previsão de chuva fez com que mudassem o local das leituras da praça para o Centro de Convenções, onde se desenrola a maior parte do evento. O que foi bom, já que estávamos todos lendo e tomando café.
Hoje, pela manhã, mais Experiências de Editoração com Plínio Martins (Edusp/Ateliê) e Maria Amélia Mello (José Olympio). De fato, até agora, Plínio foi o único que falou mais de livros do que de números. Tanta cifra faz a gente pensar que todo editor é administrador. Para quem gosta de texto, livro e design, não soa atrativo. Seria mais feliz montar um curso de MBA, bem à moda FGV e copiadoras. Plínio Martins nos lembra que existe quem se preocupe com o produto "em si". Brilhante e sedutor.
A tarde será de discussões em torno da literatura e do jornalismo. Juremir Machado conversa com outros. Amanhã é dia de discutir o que é ser escritor no Brasil e em outros países. Com esta tarefa, Marcelino Freire já chegou por aqui.
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Ana Elisa Ribeiro
4/11/2006 às 14h53
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Fórum das Letras dia 2
A manhã começou com a experiência de editoração de Luciana Villas-Boas, editora da Record. Mais didática foi a palestra de Joaci Furtado, coordenador editorial da Globo, mais conhecida como editora de revistas, mas também boa de catálogo. Os hits da exposição dele foram as ironias com relação aos livros de capa dura (caríssimos) publicados num país de poucos e pobres leitores como o Brasil. A vontade de elitizar cada vez mais o objeto livro, muito usado para se dar de presente e, segundo Joaci, "enfeitar as coffee tables das pessoas". Na platéia, o sofisticado e cuidadoso editor de livros da Edusp, Plínio Martins Filho.
Na tarde, uma mesa com apresentadores de programas de literatura na tevê. Ótima a idéia de trazer a discussão sobre o eletrodoméstico mais comprado do país à baila. Qual é o papel da tevê em relação à leitura e à formação do leitor? Ivan Marques, Edney Silvestre e outros mostravam suas experiências na tevê.
A noite é badalada por conta da presença loura da escritora norueguesa do Livreiro de Cabul, cuja palestra acabou agorinha mesmo. Mais tarde, Via Sacra Poética, em que leremos (inclusive eu) poesia contemporânea.
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Ana Elisa Ribeiro
3/11/2006 às 21h03
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Infraero e Fórum das Letras
O Fórum das Letras de Ouro Preto, em sua segunda edição, traz uma série imensa e bem-escolhida de atividades sobre editoração. O tema é "memória e edição" e algumas estrelas internacionais do evento são o historiador Roger Chartier (autor de vários livros traduzidos para o português, como A aventura do livro e Os desafios da escrita) e a escritora norueguesa Asne Seierstad (autora do best-seller O livreiro de Cabul). Ambos chegados ao Brasil por via área, claro, apesar da crise na aviação civil.
O evento teve início ontem, quarta-feira, mesmo com as faltas irreparáveis de alguns palestrantes. Uma das faltas mais sentidas foi a de Adriana Calanhotto, que não conseguiu embarcar no Rio de Janeiro e chegar às montanhas mineiras. Desistiu antes de decolar, já que a espera é um verdadeiro inferno. Prejuízo para o evento.
Hoje, quinta-feira, o dia começou com uma conferência de Roger Chartier intitulada "A morte do livro?". A pergunta foi parcialmente respondida com a irônica declaração de que os historiadores são os piores profetas entre os tantos que gostam de discutir o que ocorrerá com uma ou outra tecnologia.
Uma platéia atenta lotou o salão de conferências, que teve que ser engenhosamente aberto para comportar mais público do que eventos sobre editoração e livros costumam ter.
A mesa-redonda da tarde, originalmente formada por Sérgio Sant'Anna e Cristiane Tassis, não aconteceu. Mais uma vez, problemas com aviões atacaram o Fórum das Letras. A reforma improvisada contou, novamente, com Roger Chartier, que tentou falar sobre "autobiografias imaginadas", mas não conseguiu. Parte da platéia ainda nutria curiosidades sobre a conferência da manhã.
Nota 10 para o salão onde ocorrem as mesas-redondas. Uma espécie de lounge gigante, com poemas de Guilherme Mansur expostos na lateral. Um formato muito mais aconchegante do que aquelas cadeiras enfileiradas dos fóruns normais.
Chuva intermitente, aviões que não chegam, público interessado e casas coloniais. Mistura fina. A ironia é que um dos patrocinadores do evento é... a INFRAERO.
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Ana Elisa Ribeiro
2/11/2006 às 17h26
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Contradições da 30ª Mostra
A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo é um dos grandes eventos do setor no Brasil, pois permite ao público entrar em contato com uma pluralidade de cinematografias produzidas em todo o mundo. Desde a estréia, em 1977, o evento expande suas atividades a cada ano, promovendo não só a exibição de filmes, mas também debates, lançamentos de livros, e proporcionando o encontro e a troca de experiências entre profissionais, pesquisadores e o público presente.
Pela qualidade dos filmes exibidos, a Mostra tornou-se uma boa pauta para a imprensa que cobre cultura e entretenimento, além de sagrada para os veículos de crítica cinematográfica. No entanto, o bom relacionamento entre a organização da Mostra e imprensa especializada em cinema foi abalado nesta 30ª edição do evento. Esse fato repercutiu por meio da Carta aberta à organização da Mostra de Cinema de São Paulo, redigida e assinada pelos profissionais dos sites Cinética e Cinequanon. De acordo com a carta, em sua seleção de veículos credenciados para cobrir o evento deste ano, a Mostra de São Paulo concedeu apenas uma credencial para toda a redação do Cinequanon, ignorou a Revista Cinética e reduziu pela metade a cota de credenciais do site Contracampo. Segundo os colaboradores da Cinética e do Cinequanon, a organização da Mostra excluiu os veículos de crítica independente e de internet, privilegiando a mídia impressa e não avaliando a qualidade do conteúdo crítico produzido a partir da programação da Mostra.
A carta contou com aprovação de leitores, jornalistas, cineastas e organizações do setor como a Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas - seção Rio de Janeiro (ABD&C/RJ), o Congresso Brasileiro de Cinema (representante de 54 entidades do setor), Nelson Pereira dos Santos, Maurice Capovilla, Philippe Barcinski, entre outros, que se reportaram à organização da Mostra contra essa atitude. Em resposta a essas manifestações, a organização da Mostra publicou um comunicado à imprensa alegando que a falta de credenciais para determinados veículos ocorreu devido ao recorde de solicitações recebidas em 2006. No caso, foram 611 solicitações, sendo que a organização dispunha de 150 credenciais, as quais permitem assistir a todos os filmes programados no evento.
O editor da Cinética, Eduardo Valente, rebate esse comunicado ressaltando que o ponto em discussão não é a quantidade de credenciais a serem distribuídas, mas os critérios utilizados para a seleção da imprensa credenciada. Para os profissionais da Cinética e do Cinequanon, o principal motivo de indignação é a suposta falta de reconhecimento dos organizadores da Mostra pelo trabalho de crítica cinematográfica independente e reflexiva realizado por ambos.
Segundo a assessoria de imprensa da Mostra, desde sua criação ela é um evento promovido para privilegiar o público. Caso seja esse mesmo o seu intento, os organizadores da mesma precisam repensar suas prioridades, pois a falta de valorização da crítica cinematográfica prejudica não só o publico - carente de textos de boa qualidade, com informações relevantes -, mas também os profissionais do cinema, os quais merecem uma imprensa que compreenda e dialogue sobre seu trabalho e não apenas reproduza frases feitas e o senso comum. Se a Mostra Internacional de Cinema prima pela diversidade de cinematografias, é no mínimo contraditório favorecer veículos de comunicação viciados em um discurso homogeneizado e na reprodução de releases, em detrimento de profissionais que dedicam seu tempo, trabalho e amor a estudar e refletir sobre a arte cinematográfica.
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Fernanda da Silva
2/11/2006 à 00h10
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