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Segunda-feira, 20/11/2006
Blog
Redação
 
A morte das línguas

Eu queria ler um livro que tratasse dos temas caros a mim, mas não queria uma leitura pesada, científica, acadêmica em demasia. Na estante da livraria, a capa roxa me chamou a atenção. Quando abri o livro, o projeto gráfico arejado e a mancha pequena me deixaram aliviada. A leveza dos grafismos em retícula no canto de baixo e nas aberturas de capítulos me pareceram clean. Comprei.

Tratava-se do livro A revolução na linguagem (Jorge Zahar, 2006, 152 págs.), do lingüista David Crystal, mais conhecido entre os graduandos em Letras pelo seu dicionário de Lingüística. O professor da Universidade de Wales resolveu tratar da morte das línguas como um tema da escala dos problemas ecológicos. É até divertido ler o desespero concentrado de Crystal ao tratar as línguas moribundas. Para ele, um movimento enorme e internacional deve tratar logo de salvar as línguas, assim como se salvam as baleias jubarte.

Crystal ajuntou cinco conferências sobre língua nesta obra despretensiosa. No primeiro capítulo, ele explica por que trata a mudança lingüística deste século (e do passado) como revolução. Para ele, tudo aconteceu tão rápido e tanto que merece ser chamado de "revolucionário". Mais adiante, o lingüista se derrete pela globalização da língua inglesa. De fato, o fenômeno do inglês como primeira, segunda língua ou língua estrangeira é algo de novíssimo na história da humanidade. Impossível não perceber que temos um idioma que, ao mesmo tempo que serve para a comunicação em quase todas as partes do globo, também se diversifica a cada dia, já que britânicos e norte-americanos perdem o controle sobre ele e seus padrões gramaticais. Crystal não vê a mudança e a diversificação como ameaças, apenas como mudanças.

De vez em quando, o professor toca no caso do português e de algumas línguas indígenas. Aproxima-se de uma pequena história das línguas francas e aponta soluções divertidas (inclusive com toques de ironia) para o salvamento das línguas que morrem. Segundo Crystal, a cada duas semanas uma língua se extingue em algum canto do mundo. Um terror.

E a Internet com isso? Claro que o lingüista menciona a Internet como uma das responsáveis pela difusão da língua inglesa. E mais: como um meio de comunicação capaz, também, de ajudar a salvar o idioma dos perigos da dispersão. A Internet possibilita a comunicação pelo mundo inteiro, de maneira mais real do que muita aulinha de inglês de verdade.

No último capítulo, Crystal toca num ponto interessantíssimo para quem visitou o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. O professor menciona as tentativas, na década de 1990, de erguer "templos" para as línguas em vários países do mundo. Em nenhum lugar isso vingou. Crystal lamenta que não tenham se lembrado de cultuar a língua, qualquer que seja, numa espécie de museu vivo. Chega a descrever um projeto europeu para o que chamaria O Mundo da Língua, no Reino Unido, que seria construído num prédio de três ou quatro andares. Bingo! Está aí nosso museu do português, único no mundo a vingar e a dar tanta fila para entrar. Bacana, não? Tudo bem que as escolhas mereciam mais conversa, talvez uma pesquisadinha do lado de fora da academia. Também pode-se questionar tanto espetáculo e videoclipe no lugar dos livros. Affonso Romano de Sant'Anna, numa lindíssima crônica no Estado de Minas, questiona justamente isso: cadê os livros num museu da língua? Ah, mas deixa pra lá. Vamos convidar o prof. Crystal para uma visitinha. Quem sabe somos citados em sua próxima conferência?

Vale a pena procurar o livro da Jorge Zahar Editor e pensar nas revoluções por minuto das línguas conectadas pela Internet. Ah, também vale visitar o Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
20/11/2006 às 14h07

 
Pessoas que irritam

Aquelas que dizem que são muito sinceras e dizem tudo na cara.

Aquelas que mandam spam diariamente.

Aquelas que dizem yeah e whatever.

Aquelas que chegam atrasadas no cinema.

Aquelas que dizem "minha vida daria um filme".

Aquelas que fazem currículo com capa.

Aquelas que fazem arte conceitual.

Aquelas que querem entrar no metrô elevador antes de todas as outras que querem sair.

Wellington, que Comenta no Digestivo, no seu Imigrante Sofre!.

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Postado por Julio Daio Borges
17/11/2006 à 00h20

 
Uma feira (in)descritível

Apesar de escritora, meu fundamento é a imagem. Mesmo a palavra, antes de tudo é para mim, a palavra grafada, concreta, desenho sobre o papel (ou sobre a tela). Visualizo a palavra, em suma, antes de lê-la, o que não quer dizer que dela desvincule o significado: para mim, a palavra-imagem já significa.

Traduzir em palavras um fenômeno como a Feira do Livro de Porto Alegre, significa desenhá-la, portanto e para mim, em palavras. É possível configurar tantos gestos? Tantas cores e percursos? Veremos, ou melhor, verão vocês, que me lêem nesse exato instante: a Feira do Livro de Porto Alegre como nenhuma outra, presta-se a imagens. Porque aqui não se trata somente de literatura, mas de uma festa em torno do livro, consagrado não como mero suporte transverso a um conteúdo abstrato, imaginário, além-mundo; na Feira do Livro de Porto Alegre, o livro é tão objeto quanto o brinquedo barato vendido pelo ambulante, tão maduro quanto o senhor curioso que investiga uma leitura antiga; tão criança quanto aquela que pasmada espia por baixo dos braços da mãe. Borboleta branca que voa perdida entre os quiosques - com ela foi o livro comparado por Mallarmé. A Feira seria um grande livro anímico? Um livro folheado e lido em poucos dias de novembro? É leitura de feriados, de passeios distraídos? De domingo?

Sim, em Porto Alegre.

Não bastasse a chuva roxa, esse atropelo de olhos obcecados, desejosos de encontrar certa obra perdida; esse debate apaixonado e ruidoso que entorta ainda mais esses labirintos da praça de onde menos se espera saem jornalistas, aquele poeta, um travestido - até quem já morreu; mas no meio do formigueiro a gente senta pra tomar um café, onde toda conversa é um paratexto, um prefácio crítico; o chope, até a água mineral tem gosto de celulose - árvores e livros.

Como demonstro: esta feira não é bem e só um espetáculo-vitrine de lançamentos, editores, ou autores de umbigos. Ao lado do best-writer, do autor sensível e obscuro, da sensação cult do momento, autografa o marginal independente, o funcionário público ansioso, crente na genialidade incontestável das suas mal-editadas linhas, a senhora dona-de-casa estreando um conto infantil caseiro ilustrado pela filha mais velha - quase uma moça já. O vento se encarrega de desmanchar as poses mais atraentes, de equalizar os corpos, iguais na mesma celebração. O mesmo vento se encarrega de recobrir o sucesso de ontem com a poeira sebosa e amarelenta dos estoques acumulados. Não tem cenário e iluminação que estanque o suor, que disfarce olheiras exaustas após tantos eventos, tantas brochuras.

A Feira de Porto Alegre é uma festa de quem trabalha no e para o livro, de quem ama o livro, de quem deseja, cultua, produz e - por que não? - vende esse nosso fetiche. Um ritual completo.

Inclui, é claro, sacrifícios: desde o de aprender a tolerar cotovelos e ritmos andares alheios ou de permanecer isolado, imóvel à espera do leitor ausente; desde o de gastar tudo o que ainda nem se tem, esperando que se cumpra uma promessa feita por escrito - a garantia de um paraíso feito de poesia ou ficção -, até o de trabalhar duramente para que tudo aconteça e para que a Feira instale-se na praça tão naturalmente a ponto de confundir-se com os jacarandás floridos.

Esta feira é mais que do Livro, é uma Feira de Leitores e de Escritores que, no fundo, no fundo, não passam de leitores de todo o imaginário futuro. Pois a diferença entre o leitor e o escritor é bem e unicamente essa: o escritor é aquele que lê aquilo que ainda não foi escrito.

Da Paula Mastroberti, artista plástica e escritora (porque era para entrar nos Ensaios, mas não deu o tamanho...!).

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Postado por Julio Daio Borges
16/11/2006 às 14h11

 
Controlando o acesso à Web

Para se ter uma idéia do absurdo da proposta apresentada pelo senador Eduardo Azeredo, basta imaginar que, se o mesmo princípio fosse aplicado ao telefone, todos os brasileiros teriam que apresentar CPF ou CNPJ antes de fazer uma ligação.

Carlos Castilho, citado por Rogério Mosimann, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
16/11/2006 à 00h05

 
internet jornalismo revolução

Qual o futuro do jornalismo? A internet vai acabar com tudo? E com o jornalista, o que acontece? Você é contra? Você é a favor? - são perguntas que também sempre voltam. Não tenho, obviamente, uma resposta definitiva para cada uma dessas questões. Mas decidi responder aqui de uma vez por todas. Quando alguém me perguntar, de novo, aí está o link. Agradeço à Jamille Callai, por ter ido mais longe do que o normal, e por ter me dado essa chance de mais ou menos encerrar o assunto... - JDB

1. Você acredita que estamos passando por uma revolução tecnológica?
Sim, não resta dúvida. Muitos já falam que a internet é uma revolução equivalente à invenção da prensa por Gutenberg.

2. Quais os benefícios que a nova mídia - a internet - trouxe para os jornalistas?
A publicação/ difusão em tempo real. O custo quase zero dessa mesma publicação/ difusão. Um espaço para armazenamento (e transmissão) de dados quase infinito. Uma capacidade de interação, com o leitor/ espectador, como nunca antes houve. Além da redução das distâncias geográficas, na internet caíram as barreiras sociais/ profissionais. Porque, como dizem os teóricos da comunicação, a internet é a única mídia "de muitos para muitos" (e não "de um, ou alguns, para muitos" - como as mídias anteriores). As vantagens para os jornalistas, em resumo, são tantas que até gente comum está ingressando na prática do jornalismo: a internet é um convite quase irrecusável ao jornalista-cidadão (ou ao cidadão jornalista).

3. O que já mudou no jornalismo com a internet? E o que você acredita que ainda vai mudar?
O jornalismo ficou, logo de início, mais ágil. Numa segunda etapa, mais rico - com a capacidade multimídia da internet. E, num terceiro momento, ficou mais diversificado - porque surgiram novos atores em cena, justo quando o jornalismo tradicional dava sinais de esgotamento. Por último, minha previsão: ou o jornalismo convencional migra para (se funde com) o jornalismo on-line ou acaba.

4. Alguns analistas sugerem que a definição de jornalismo tenha sido diluída pela tecnologia, de forma que qualquer coisa hoje é tida como jornalismo. Qual a sua posição em relação a isso?
Quando o jornalismo pode ser praticado por qualquer pessoa com acesso à internet, é natural que o conceito de "jornalismo" se amplie e se dilua. Muitos jornalistas "das antigas", como dizem os jovens, reclamam porque perderam seu status e até uma certa "reserva de mercado". Essa discussão tende a morrer junto com os mesmos jornalistas que defendem esse ponto de vista. É questão de tempo, portanto. O próximo passo, a meu ver, é a triagem entre o que é "bom jornalismo" e o que é "mau jornalismo". E penso que quem vai fazer isso é o internauta/ leitor. Analogamente ao que já acontece com o ranking de buscas do Google.

5. Você acredita em uma futura concorrência dos jornalistas com os chamados cidadãos-repórteres, que publicam em seus blogs e/ou sites notícias?
Não sei se a palavra é "concorrência". Na internet, talvez você concorra apenas pelo tempo do internauta. Usando uma metáfora do Windows, na Web você pode ter várias janelas simultâneas: é como se o assinante do jornal A assinasse, também, o jornal B (coisa que, normalmente, não acontece fora da internet). Uma vez que os jornalistas profissionais estejam na WWW, junto com os repórteres-cidadãos, como você chama, uns podem ter uma função de complementariedade em relação a outros. E o Google vai dizer quem é mais relevante. Dentro da Web, eu acredito bastante no princípio da "sabedoria das multidões".

6. Qual o diferencial que o jornalista precisará ter para que não ocorra essa concorrência?
O jornalista da velha guarda tem de ser humilde para conviver, de igual pra igual, com o repórter-cidadão. Muitos ainda estão entrando na internet de salto alto (uma postura que não combina com a Rede Mundial de Computadores). Penso que o jornalista pode, ainda, assumir o papel de catalisador da informação relevante "postada" na Web. Uma vez que ele tem, supostamente, o critério e a técnica para exercer também o papel de editor (além do de repórter).

7. Você acredita numa falência dos meios impressos por causa da internet ou acha que ambos terão espaço?
Alguns autores já falam em "extinção" do meio impresso. Particularmente, não acredito na extinção, mas, sim, numa redução drástica. E não é "preconceito" por parte de quem consome outra mídia, é o simples fato de que a internet é economicamente mais interessante (para quem produz e para quem consome); é ubíqua (está em todo lugar); é socialmente/ politicamente mais democrática (qualquer um pode participar dela - ao contrário do que ocorre no papel). O fim, ou a crise, do suporte papel não tem tanto a ver com o jornalismo (e com os jornalistas), tem mais a ver com as transformações que a internet impôs à sociedade.

8. O que ainda se observa em muitos sites é uma simples transposição do conteúdo impresso para o on-line, não aproveitando as possibilidades que a nova mídia oferece. Você poderia apontar alguma solução para isso?
A solução é produzir conteúdo exclusivo para a internet. É também "dialogar" com a internet, fazer parte da "grande conversação" (os blogs, como os americanos dizem). Na Espanha, estão chamando isso tudo de "jornalismo 3.0". A maior parte das empresas jornalísticas, no Brasil, ainda está no 1.0, que é isso que você falou: despejando apenas o impresso no on-line.

9. Qual o principal desafio para o jornalismo on-line?
Ser tão rentável quanto o impresso. Ter estrutura para se desenvolver, como jornalismo, e cumprir as promessas com que a tecnologia hoje acena. Dar um futuro não só para os novos jornalistas, mas para qualquer um que queira praticar bom jornalismo. Pois em termos jornalísticos, a internet já é tão importante para a sociedade quanto o resto da mídia off-line.

10. A excessiva preocupação com a "obrigação" de veicular uma notícia a cada segundo na internet opõe-se ao bom e velho conceito do jornalismo de apuração das informações. Como dar informações com credibilidade na internet?
O Google encontrou um caminho. O Google não faz a checagem que o jornalismo tradicional faz, mas, por meio de seu algoritmo, conseguiu organizar um "ranking da informação" por palavra-chave. Acredito que a Wikipedia, também, está conseguindo (apesar dos eventuais danos). Outros projetos, como o Newsvine, podem ser um caminho ainda para o jornalismo. Ninguém vai checar os quase 100 milhões de blogs hoje: a internet vai "se checar" sozinha (como já está acontecendo). O jornalismo do futuro deve partir dessa premissa.

11. Você acha que a internet está criando a sua própria linguagem?
Sim. Como disse o Pedro Doria, o blog é o primeiro formato 100% oriundo da internet. É, portanto, a linguagem do blog que predomina. E, no âmbito da comunicação pessoal, é a linguagem do e-mail, do MSN (dos mensageiros instantâneos) e até do Orkut (das redes de relacionamento). Não sou teórico da linguagem para traduzir isso em conceitos, mas, por esses exemplos, você já tem uma idéia.

12. Como você definiria os profissionais da nova mídia?
Hoje, ainda existe um híbrido do profissional que veio da (ou que se formou na) velha mídia e que trabalha com a nova. Profissional da nova mídia será, verdadeiramente, aquele que surgir da geração "milenial" - a que cresceu com a internet, desde que ela surgiu comercialmente, de 1995 pra cá. Quando essa geração estiver praticando jornalismo, aí sim, teremos o profissional da nova mídia. Por enquanto, vale estudar os "millennials" em seus hábitos...

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Postado por Julio Daio Borges
15/11/2006 às 11h39

 
O banco dos seus sonhos

Imagine um Banco que sabe te atender bem. Você liga e o Gerente está pronto para atendê-lo, você passa um e-mail e tem a resposta em minutos e na agência não existem filas.

Além disso, esse Banco sabe que Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável são essenciais para uma grande empresa e por isso não os enaltece em propagandas. Os funcionários que lá trabalham não têm do que reclamar, pelo contrário. Amam o que fazem e trabalham pensando sempre em você, cliente.

O Internet Banking deste Banco tem as últimas tecnologias, tanto em segurança, quando em praticidade. Ele te avisa por e-mail, por sms ou rss das movimentações ocorridas na conta e te oferece os investimentos mais rentáveis sem ser um pé no saco.

Eles não adotam práticas de telemarketing sem que o cliente solicite, e quando usam esta via não colocam um robô na linha, é o seu Gerente pronto para resolver seus problemas.

Imagine que poucos sabem, mas este Banco briga na justiça contra a cobrança da CMPF e as taxas de manutenção são justas.

Depois de conhecer um Banco com todas essas características você está querendo saber de qual Banco eu estou falando, não é? Pois relaxe e fique sabendo que esse Banco não existe.

Rafael Slonik, no n-m LOG, que eu também acabei de descobrir...

[4 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
15/11/2006 à 00h42

 
A Mãe, de Górki

Considerado uma obra-prima do realismo russo, o romance A Mãe, do escritor e dramaturgo Máximo Gorki (1868-1936), ganha nova montagem encenada pelo Núcleo 2 da Cia. Fábrica São Paulo. A peça se baseia na adaptação do célebre dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956), que se identificou com o ideário socialista, também compartilhado pelo escritor, e criou o teatro épico repleto pelo "distanciamento".

Encenada por Denise Courtouké, Gustavo Arantes, Jezreel Silva, Robson Alfieri, Rodrigo Valim, Tânia Paes, Thiago Machado e Vímerson Cavanilas, a peça é ambientada na pré-Revolução Russa e narra a história verídica de uma mãe que, por causa do filho operário, acabou se envolvendo no movimento revolucionário. A sopa rala que serve a ele age como um despertar em sua consciência, intensificado pela ação repressiva da polícia no domingo sangrento de 1905. No final, temos um recorte do amor materno e suas últimas conseqüências e a transformação da alienação em ação através de situações-limite.

Um dos pontos altos da peça é sua trilha-sonora, tocada ao vivo no piano por uma das atrizes e composta pelas músicas originais de Hanns Eisler, parceiro de Brecht. A Mãe também é marcada pelo estudo da Biomecânica e do Realismo Musical do encenador russo Vsevelod Meyerholdde por Kátia Cípris. O método ensina os atores a terem domínio sobre cada gesto e sua respectiva expressividade, para melhor se enquadrarem no realismo que uma obra como a de Gorki e Brecht demandam.

Com efeito, a peça é carregada de intenso dinamismo, reforçado até mesmo por personagens que caem do teto do galpão circular do Fábrica, que também ajuda bastante para a criação deste efeito. Todos os cantos do palco são explorados com parca, mas eficiente, cenografia. A utilização de recursos audiovisuais se encarrega de dar o clima do contexto histórico e os atores também utilizam bem o espaço, inclusive entre a platéia. Atuações sóbrias complementam o já sóbrio cenário.

A peça faz parte da pesquisa As Formas do Teatro Social, focada na obra do dramaturgo e sua base teórica: o pensamento de Karl Marx. Patrocinada pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, é desenvolvida pelo grupo há dois anos e marcada por vários eventos públicos, entre eles os ciclos de palestras Diálogos com Brecht, A Função Social da Arte e Marx: A Perspectiva da Emancipação Humana. Parte das palestras estão disponíveis para download no site da Fábrica.

Para ir além
A Mãe - Núcleo 2 da Cia. Fábrica de São Paulo - Até 19 de novembro - Sextas e sábados às 21h30 e Domingos às 20h30 - Teatro Fábrica São Paulo - Sala 1 - Rua da Consolação 1623 - Ingresso: R$ 25,00 inteira e R$ 12,50 meia - Tel: 3255-5922

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Postado por Marília Almeida
14/11/2006 à 01h07

 
Seu blog em destaque

Seja honesto(a) e responda:

Seu blog é legível (a estrutura, o design, as cores e as fontes permitem uma leitura agradável)?

É de fácil leitura (está escrito de forma clara e fácil de entender)?

É fácilmente navegável, levando o leitor a outros conteúdos, desde cada página?

Oferece categorias de conteúdo, ajudando o leitor a encontrar tópicos relacionados dentro do blog?

O design está relacionado com o conteúdo?

O conteúdo é consistente com um tópico, tema ou assunto específico?

O conteúdo mostra você como um expert, como alguém que escreve sobre seu hobby, ou como alguém vagamente curioso sobre os assuntos tratados?

O conteúdo está bem escrito, gramática e ortografia corrigidas, e estimula o leitor a ler?

O design e o conteúdo do blog dão às pessoas uma razão para retornar?

Que tão Quão conveniente é o uso do seu blog?

O blog oferece feeds?

Oferece comentários?

Oferece trackbacks?

(...)A chave do sucesso de um blog está em seus leitores, então, procure sempre avaliá-lo desde o ponto de vista deles. Ofereça o que o leitor deseja, crie uma experiência satisfatória, atenda suas necessidades, e ele fará propaganda grátis para você.

Dicas do Nospheratt, no Aprenda a utilizar melhor o Google Adsense, que eu acabei de descobrir...

[1 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
14/11/2006 à 00h28

 
Entrevista pra que te quero

"Fui educado que o centro é o lugar privilegiado da cidade, onde você encontra tudo. Eu não entendo colegas que vão para bairros distantes e esquecem que quem trabalha com eles às vezes não tem carro. As empresas que mudaram para bairros nobres deslocaram seu trabalhador. Faz parte da ideologia dessa classe dominante maligna."
Paulo Mendes da Rocha, arquiteto, em entrevista à Laura Artigas Forti na revista Simples (nº 38, setembro de 2006)

"No caso de uma comparação entre São Paulo e Nova York, as duas maiores cidades dos seus respectivos países, a sociologia da violência é diferente, mas a raiz é semelhante: vem da pobreza, do tráfico de drogas e da corrupção. A diferença é que os níveis dessas raízes, em São Paulo, e no Brasil em geral, são muito maiores do que o nível de pobreza e de corrupção nos Estados Unidos."
Fernanda Santos, "primeira repórter brasileira a trabalhar no New York Times, como contratada", em entrevista a Marcos Augusto Ferreira na revista Idéia (nº 31, julho/agosto de 2006)

"O excesso de imagens faz com que você edite mais o que absorve. Isso cria uma dinâmica de visão, em que não apenas a percepção é importante, mas também a atenção e um certo discernimento visual. As pessoas se preocupam não só com o que estão vendo, mas com o que não estão vendo. Ver, hoje, consiste tanto em ver como em ignorar o visual que está em volta de você."
Vik Muniz, fotógrafo, em entrevista a Tania Menai na revista V (nº 20, setembro/outubro de 2006)

"São Paulo me cansou, apesar de gostar da cidade e ter muitos amigos lá. Sou gaúcha, de Pelotas, mas morei em outros lugares, fiz faculdade de jornalismo em Porto Alegre... Andar pelo mundo divertindo gente já era um projeto. Passei temporadas fora, duas vezes na Escócia, duas na Alemanha, uma no Japão, na Dinamarca, aprendendo tudo o que podia. Lavei prato, trabalhei em mercadinhos, fiz estágio em jornal. Viajei de carona pro Chile, dormi em posto de gasolina. Em São Paulo, era muito trabalho sempre. Eu me matava trabalhando pra quê? Pra comer o melhor hambúrguer do Brasil no fim de semana?"
Angélica Freitas, poeta e jornalista, em entrevista à Ana Rüsche, no site Palavras e Lugares (2006)

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Postado por Elisa Andrade Buzzo
13/11/2006 às 13h10

 
As várias faces da blogosfera

Ultimamente, tenho observado quão grande é a blogosfera, e o potencial que ela oferece. Nos meus tempos de adolescente, em que construía inúmeros blogs, isso tudo passava despercebido.

Talvez pela minha ânsia em encontrar respostas para minhas próprias indagações, fazia do blog uma verdadeira terapia de auto-análise. Isso foi bom para aquele tempo, confesso que me surpreendi com o resultado positivo. Auto-crítica sempre é necessário, seja em que quesito for. E o blog, naquele tempo, me ajudou a olhar pra trás e observar (confesso que às vezes [de maneira] um tanto hostil) o quanto eu aprendi e amadureci.

Mas este não é o fato: o fato agora é que as coisas mudaram. Foi-se o tempo em que os blogs pessoais faziam sucesso. Exceto quando se é alguém famoso ou se está na mídia, um blog pessoal fazer sucesso é uma estimativa possibilidade praticamente remota. Entenda-se por "blogs pessoais" aqueles destinados a mostrar o dia-a-dia de seus autores, em forma de diário.

Os leitores estão cada vez mais exigentes quanto ao conteúdo dos blogs os quais que freqüentam, interagem interagindo junto com o autor. Aliás, esta é a grande diferença entre um post e uma notícia jornalística: a notícia se atém apenas aos fatos; o blog mostra a opinião.(...)

Hilderlei Santos, cujo Pimenta com Dendê linca pra nós.

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
13/11/2006 à 00h14

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Peirópolis
(2009)



Mulheres de Aço e de Flores
Fábio de Melo
Planeta
(2015)



Massacre Fase 1 Foto Original
Os Fabulosos X-men Numero 33
Abril
(1990)



O Iluminismo Rosa-Cruz
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