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Sexta-feira,
15/12/2006
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Redação
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Livros de presente
Aproveitando a proximidade do Natal e o gancho da Ana Elisa, proponho aqui uma verdadeira "ação cultural": vamos todos presentear nossos entes queridos com livros, neste Natal.
Escolhas não faltam, tantos são os livros no mercado. Um bom guia para os menos antenados nos lançamentos ou para aqueles que acham difícil escolher o livro certo é ler as Colunas e os Digestivos do Digestivo.
Nas colunas, os colunistas e colaboradores dizem o que acharam ou deixaram de achar sobre cada livro. Nos Digestivos, o Julio, nosso editor, coloca suas impressões sobre os lançamentos mais "quentes".
É claro que muita coisa fica de fora, justamente por haver tantos livros sendo lançados, mas boas dicas não faltam. Se me permitem, direi aqui os livros que vou dar de presente para algumas pessoas queridas neste final de ano. Para minha mãe, O segredo do anel - O legado de Maria Madalena, da escritora Katheleen McGowan, simplesmente porque ela comentou sobre ele comigo, demonstrando interesse.
Pro meu pai comprei o Você está louco! - Uma vida administrada de outra forma, do Ricardo Semler (meu pai não está louco mas do jeito que está trabalhando, é capaz de ficar!). Para uma amiga do Rio, vou mandar o Poesia completa de Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa. Infelizmente não vai ser surpresa, porque tive que perguntar se ela tinha ou não o livro. Coisas da distância. Para uma outra amiga, darei O Codex 632, do português José Rodrigues dos Santos. Pra terminar a lista, um da Clarice Lispector para minha namorada. Não revelo o título aqui para não estragar o restinho da surpresa pois, do jeito que ela é intuitiva, com certeza já sabe que vai ganhar um livro da Clarice.
Livros podem não agradar algumas pessoas, infelizmente, pelo fato de a leitura não ser um hobby do brasileiro. Mas acho que, acertando nas escolhas, podemos fazer com que pelo menos pais, irmãos, amores e amigos desenvolvam o gosto pela leitura. E toda corrente começa assim, de algum lugar, não é verdade?
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Rafael Rodrigues
15/12/2006 às 20h31
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Random Art
Do Random Art, um site que eu acabo de descobrir (porque, graças a ele, ilustramos o novo Especial Melhores de 2006...)
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Julio Daio Borges
14/12/2006 à 00h11
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Seu minuto, meu segundo
O primeiro CD do Gram é de uma qualidade impressionante. Tanto as letras quanto o instrumental se casam perfeitamente, culminando em uma harmonia e vista em poucos CDs. Uma outra qualidade desse primeiro CD é a coesão. Todas as músicas são boas, não há o que tirar nem pôr. Não se pula uma música sequer. Poucas são as bandas que conseguem fazer um disco assim.
Por ter 10 músicas, essa coesão é mais fácil de ser atingida. Assim, agora, no calor do post, só lembro de outro CD assim, o There is nothing left to lose, do Foo Fighters, que tem 11 petardos, 11 obras-primas, o melhor CD da banda e um dos melhores CDs de rock de todos os tempos. Se o Foo quisesse, teria lançado 11 singles.
Mas o assunto aqui é o Gram. O segundo CD deles, Seu minuto, meu segundo.
Comprei o DualDisc e demorei um pouco a ouvir. Assistir, então, nem sei quando.
E quando eu ouvi, aconteceu o mesmo que aconteceu com o 4, do Los Hermanos. Primeiro, não gostei. Achei estranho. Cheguei a pensar em "dinheiro jogado fora". Mas não. Bastou uma segunda audição, mais tranqüila que a primeira - que foi interrompida na música 7 - para perceber que esse segundo CD da banda é um excelente disco.
Com 12 músicas, e notavelmente mais complexo que o primeiro, Seu minuto, meu segundo é um álbum também coeso, mas não tanto quando seu irmão mais novo. A diferença maior, que eu percebi, do primeiro para o segundo álbum foi nas letras. Enquanto que no primeiro algumas letras eram verdadeiras metáforas para o que quer que o ouvinte quisesse, o segundo também é recheado de metáforas, mas bem mais, mil vezes mais, subjetivas. Às vezes pode não parecer, mas é, como nos seguintes versos da primeira música, "O rei do sol": "Depois do sol/ depois do sol é frio/ depois do sol é frio// O rei do sol/ o rei do sol é frio// Quem é seu rei?/ quem é você?/ que explora o sol mas é tão frio".
"Lupado" tem uma letra mais simples: "Quem acordo amanhã?/ Depende se eu me sonho mal/ quem não durmo amanhã?/ deve estar me sonhando acordado/ se fiquei pra depois, me sei um pouco mais/ nesse retrato sou eu, mas quem me era?". Lembra até as letras do Amarante, dos Hermanos.
Senti que as guitarras nesse disco estão mais bem elaboradas. Não que no primeiro elas não fossem. Mas nesse segundo me parece que houve uma evolução, e não apenas a repetição de uma fórmula. Repetição realmente não houve, pois o disco é muito diferente do primeiro.
Dizer qual o melhor dos dois é difícil. Ambos são bons. Muito bons, mesmo. Posso dizer que o primeiro é mais pop, e esse segundo é um tanto mais "alternativo". O que é uma pena, porque eu pensei que o segundo disco seria o estouro do Gram. Infelizmente, a massa não gosta desse tipo de música - a boa música, a música que vale a pena - e a banda paulista deve continuar mesmo com seu fiel e seleto grupo de fãs, como aconteceu com o Los Hermanos, na virada do primeiro CD para o Bloco do eu sozinho.
Mas espero mesmo que eu esteja errado. E que o Gram consiga mais fãs não só no Brasil, mas fora dele também. A banda merece.
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Rafael Rodrigues
13/12/2006 à 01h28
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O primeiro de muitos
Pronto, finalmente decidi iniciar minha jornada literária. Adiada por tanto tempo, agora ela será o fruto de todos os meus desvarios.
Antes disso, me questiono sobre qual a razão de escrever. Não vivo da escrita, e sequer teria tal capacidade. Muito menos almejo os louros da fama, o que se verifica por ser o leitor exclusivo dos meus textos.
Hoje de manhã, no entanto, vi brotar a mais plausível das explicações: escrevo porque gosto, e gosto porque extravaso o turbilhão de pensamentos que me ocorrem, dos simples e bobos aos mais íntimos e oníricos.
Do Devaneio que continua "à procura do fio da meada" (e que linca pra nós...).
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Julio Daio Borges
12/12/2006 à 00h37
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Lázaro
Adaptação bastante fiel da obra-prima do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), Crime e Castigo (1866), a peça Lázaro, após curta temporada no Teatro Augusta em junho, está em cartaz no Centro Cultural de São Paulo (CCSP) desde setembro. Esta é sua última semana e vale a pena dar uma checada no espetáculo.
Ruy Cortez, diretor de uma peça recentemente em cartaz no SESC Santana (A Louca de Chaillot, de Jean Giraudoux, com Cleyde Yáconnis) é responsável pela adaptação e direção da peça. Resultado de um trabalho de nove meses com a Cia. de Estudo Teatral, impressiona a preparação do grupo para adentrar na obra densa do escritor russo.
A companhia iniciou a adaptação em agosto de 2005. Em dezembro, fez uma viagem à Rússia para conhecer a cidade de São Petersburgo, onde se passa a ação do livro, e realizou um curso na Academia Russa de Arte Teatral - GITIS - Moscou, onde trabalhou a obra com o russo Valentin Vassílievitch Teplyakov. O diretor centraliza sua pesquisa no método de Constantin Stanislavski, fundador do Teatro de Arte de Moscou e ex-professor da escola.
Luiz Felipe Pondé, autor do livro Crítica e Profecia - A Filosofia da Religião em Dostoiévski, explica a metáfora que dá título à peça. Segundo ele, ela tem o objetivo de deslocar a discussão para o cristianismo ortodoxo do autor. "O que está em jogo não é uma simples controvérsia entre teorias abstratas de como organizar socialmente e politicamente o mundo, mas sim uma batalha entre Deus (o Bem) e o Diabo (o Mal), cujo campo de batalha é o coração humano".
Um porão escuro dá efeitos de sombra às atuações e cria um clima de submundo. A pensão de Raskólnikov é um mosteiro, reforçando seu foco religioso. Ao fundo do cenário de Ulisses Cohn há um painel com uma sombria pintura da imagem de Cristo, que é onisciente em toda peça, como se estivesse observando cada gesto. Os personagens interagem com ela como se fosse um confessionário. Seis camas rústicas compõem o cenário e dão seu dinamismo e contextualização do tempo, completados por figurinos de época criados por Atílio Beline Vaz. A trilha sonora grave e forte é dirigida por Leonardo Costa e composta para o espetáculo.
Como uma adaptação, a peça é livre para fazer suas mudanças e de forma geral o faz poucas vezes. Mas há personagens descabidos e atuações fracas. A prostituta que descobre o crime de Raskólnikov é afetada e sua linguagem quebra a sobriedade da peça. Mas há atuações e mudanças notáveis, como a juíza investigadora que tortura Raskólnikov lentamente e a mãe tuberculosa da prostituta Sônia. Em conclusão, é uma peça com atores jovens em desenvolvimento que consegue colocar em cena, durante duas horas e meia, com considerável respeito, uma obra complexa e atemporal.
Para ir além
Lázaro - Até 17/12 - Sextas às 21h e sábados e domingos às 20h - Centro Cultural São Paulo - Avenida Vergueiro, nº 1000, Paraíso - Fone: (11) 3383-3402 - Sala: Espaço Cênico Ademar Guerra - 135 min. - 14 anos - Ingressos: R$ 10
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Marília Almeida
12/12/2006 à 00h16
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Nova Pós: Projetos Editoriais
Estão abertas as inscrições para mais uma pós-graduação que pode ajudar a profissionalizar o mercado mineiro da edição. Desta vez, não apenas em plataformas impressas, mas também em multimídia. Trata-se da especialização em Projetos Editoriais Impressos e Multimídia do Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte. O curso prevê 360 horas de aulas que trafegam por jornais, livros, revistas, sites e DVDs, mas não pode ser entendido como um monte de aulas de informática. Ninguém sairá de lá exímio utilizador de ferramentas como Indesign ou Dreamweaver. Nada disso. É um curso para melhor formar pessoas que gerenciam processos e equipes editoriais, para que o produto saia do forno de maneira mais organizada, com menor risco durante o processo de produção, menor uso do estilo tentativa-e-erro das editoras, agências e gráficas. Entre os professores estão Fabrício Marques (ex-editor do Suplemento Literário de Minas Gerais), Carlos d'Andrea (premiado pela Aberje pelo site do Palácio das Artes) e eu, colunista deste sítio bacana. As disciplinas que fazem a diferença estão relacionadas à gestão de projetos, à submissão às leis de incentivo e aos seminários que prometem convidar feras da produção editorial para conversar com os alunos. Não é gasto, é investimento.
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Ana Elisa Ribeiro
11/12/2006 às 12h40
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A secretária de Borges
Há alguns meses, depois de ler quatro livros impactantes, eu não conseguia dar seqüência a uma leitura. Isso fez com que eu atrasasse algumas resenhas de livros, e isso não é nada legal, pode ter certeza.
Mas eis que em um certo domingo eu resolvo ler A secretária de Borges (Record, 2006, 176 págs.), da carioca Lúcia Bettencourt.
O livro de contos, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura de 2005, foi minha salvação, digamos assim. Depois de lê-lo por inteiro naquele domingo mesmo, consegui deixar pra trás a urucubaca que me impedia de ler outros livros.
Mas se por um lado a leitura me foi providencial, por outro me deu uma preocupação. Por conta de o livro não ter me agradado completamente, fiquei com a mesma dúvida que o colega Spalding: escrever ou não uma crítica não muito elogiosa sobre o livro de uma "nova autora"? Resolvi escrever pelo seguinte: a omissão não seria boa nem para mim nem para a autora. Imagino que todo autor leva a sério o que os outros dizem sobre seus livros. Se elogios ou se críticas, não importa. Desde que sejam bem argumentadas e justas, devem ser levadas a sério. Digo isso porque A secretária de Borges é um livro irregular, e poderia ser bem melhor do que é, na minha opinião.
No primeiro conto, que dá título ao livro, Jorge Luis Borges é o narrador-personagem. Ele conta que em determinado momento de sua vida, quando a cegueira já havia se apoderado de seus olhos, sua secretária, que colocava no papel as palavras ditadas pelo escritor argentino, passou a fazer pequenas alterações em seus textos. Mas essas pequenas alterações, a troca de uma determinada palavra por um sinônimo, por exemplo, aumentaram. Ao perceber isso, Borges convoca outra pessoa para reproduzir no papel seus ditados. É quando percebe que a sua secretária era quem dava vida a seus textos, melhorando-os, e ele a chama de volta. Com o tempo, ela se torna uma espécie de ghost-writer. Borges colhe os frutos do sucesso frente ao grande público, enquanto que a secretária se contenta em ser uma reles coadjuvante. Vê-se que é uma ótima história. Talvez seja este colunista querer demais, mas acho que se o conto fosse escrito em terceira pessoa, faria muito mais efeito e seria bem melhor.
Em "O inseto" Lúcia Bettencourt inverte a situação de A metamorfose, de Kafka. Uma barata se torna um ser humano. E uma mulher acaba por cuidar desse ser, e tenta inseri-lo na sociedade, tenta educá-lo. Ótima idéia para um conto também, e a execução não deixa de ser boa, mas talvez a extensão da história, 21 páginas, tenha prejudicado o texto. Ao fim dele, fica a sensação de que pouco foi dito, pois o que quer tenha sido dito, ficou diluído em todo o texto.
Mas há pequenas obras-primas em A secretária de Borges. Quando a autora não se deixa levar por algum autor é quando ela mostra sua verdadeira pena.
"Minha avó dançava charleston" é talvez o melhor conto do livro. Uma história simples, curta e muito bonita, de uma mulher lembrando-se dos tempos de menina e de sua convivência com a avó. Não há o que tirar nem pôr, no conto.
"Perfeição" prova aquela história de que não importa o que se diz, mas sim como se diz. E de um tema que não parece nada propício para um conto, um velho que, ao ver uma bela jovem sentada ao seu lado num banco perto da praia, Lúcia Bettencourt constrói mais uma boa história, que contra tudo o que se pode imaginar no decorrer do conto, tem um fim trágico. E não dizem que o bom conto é aquele que surpreende o leitor? Mas no caso de "Perfeição" o surpreendente não é como um prato de metal caindo no chão em pleno silêncio. É o surpreendente de uma brisa inesperada em um lugar fechado...
Pode ser pretensão minha querer aqui apontar o caminho que a escritora carioca deve ou não seguir, mas acredito que se ela se afastar um pouco das "recriações", digamos assim, como nos contos citados "A secretária de Borges" e "O inseto", e no não citado até agora "Os três últimos dias de Marcel Proust", e se aproximar das criações simples, porém profundas, como "Perfeição" e "Minha avó dançava charleston", Lúcia Bettencourt escreverá algumas das mais belas páginas da nossa literatura contemporânea.
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Rafael Rodrigues
11/12/2006 às 07h32
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Escolha o seu presente
O jornal de literatura contemporânea O Casulo completa um ano com festa na Feira Moderna, na Vila Madalena (São Paulo), dia 12 de dezembro. A comemoração, a cargo dos editores Eduardo Lacerda e Andréa Catrópa, inclui leitura dos poetas Claudio Daniel, Donizete Galvão, Lilian Aquino, Marcelo Bonvicino, Paulo Ferraz e Virna Teixeira, dentre outros.
Será distribuída gratuitamente no dia a edição nº 4 do Casulo, especial de poesia latino-americana. Alguns destaques do novo número é a entrevista com o poeta do portunhol selvagem, Douglas Diegues, traduções de textos mexicanos, cubanos, chilenos e de poemas da argentina Maria Eugenia López. Além de ensaio sobre poesia cubana e reportagem sobre dois festivais chilenos de poesia: Poquita Fé e Con Rimel.
* * *
O carioca Thiago Ponce de Moraes lança seu primeiro livro de poemas Imp., pela editora Caetés, também no dia 12 de dezembro, só que no Rio de Janeiro. Em seu perfil no blog Algaravária, diz, "Tento, assim, enquanto utensílio-utilizador das palavras, fazê-las duvidar de si e subverter pela não-completude, falha, que alcançam; tangem." Thiago faz duas graduações no momento: em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dividido em três partes ("Livro I - Quem desejar, diga", "Livro II - Todo poema" e "Livro III - Agora vai o que nunca de fato sei", onde se lança numa dissolução total), Imp. será lançado no Unibanco Artplex Livraria (Praia de Botafogo, nº 316), a partir das 19h.
O primeiro poema, "Defletir", dá o tom de "Dique de palavras", que o poeta imprime durante o livro, assim como a busca de uma dicção pessoal ("Para gen/ Te galgando/ Dicção"). Em "Lição", Thiago nos ensina as diversas possibilidades de seu "horizonte" numa brincadeira de constante deslocar da palavra. Palavra entrecortada, deslizante, mas sempre focalizada ("forçosa poesia/ viscosa palavra/ nunca achada", em "Refluxoperário").
Muitos dos poemas completam-se, não só na leitura, mas em sua contemplação no papel. Reproduzir alguns trechos aqui é matar a beleza do uso de cada espaço em branco, numa intensa reflexão que Thiago faz sobre a poesia e seu lugar ("Su-/ Pondo perfumes/ Vales espirais", em "Antídoto"). Vale ver o livro.
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Antes, dia 9 de dezembro, será a vez da Rave Cultural no Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, a Casa das Rosas (Avenida Paulista, nº 37). A comemoração é de dois anos da casa paulistana como pólo de literatura - dirigida por Frederico Barbosa - e sediando a biblioteca do poeta Haroldo de Campos, livraria da Imprensa Oficial, intensa grade de cursos e oficinas culturais, salas de leitura e exposições, assim como uma biblioteca circulante especializada em poesia. A rave começa às 18 deste sábado, encerrando-se às 7 da manhã de domingo com um café da manhã. Leituras, conversas com escritores durante a noite, dança, cinema, teatro e, na madrugada, technobeat e black music fazem parte da programação.
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Papel-manteiga para embrulhar segredos: cartas culinárias (Memória Visual, 2006, 104 págs.). Este é o novo e belo livro de Cristiane Lisbôa, lançado em novembro último. Cristiane entrelaça uma história bem estruturada - com direito a ação e romance - a partir de cartas que a personagem Antônia envia para sua bisavó, de "alguma parte no mapa". É do restaurante Mi Casa, onde recebe aulas para aprimorar a arte da culinária, como única aluna da autoritária Senhorita Virgínia ("Comida é o que um chef de cozinha deve saber fazer e não doidices com pó de ouro ou crista de galo. Comida é o que une Senhorita Virgínia a esta casa sem tempo nem espaço, fincada no alto de um morro. Comida é o que procuram as quatro pessoas que noite sim, noite não, jantam na sala, vindas não sei de onde. (...) Comida são estas receitas que mando em letra apressada atrás das cartas escritas em papel-manteiga. Comida é meu destino.").
Todas as cartas são acompanhadas de receitas, que vão desde "bolinhos de chuva" até "guisado de cabrito com anis estrelado". Cada uma delas criada - na vida real -, pela gastrônoma Tatiana Damberg. O projeto de capa e fotografias impecáveis do livro são de Mariana Newlands. A autora, também dona da Editora Fina Flor, que faz livros com a mesma delicadeza com que redige estas cartas de Antônia, é gaúcha e reside em São Paulo.
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Você sabia que "cueca por cima da calça não é invenção do Super-Homem" ou que, "para os espanhóis, usar óculos era sinal de status"? Como fazíamos sem... (Panda Books, 2006, 143 págs.) não é apenas um apanhado de curiosidades, mas um livro que nos lembra (ou, provavelmente, nos revela) como era a vida antes de termos à mão uma infinidade de coisas, indispensáveis(?) hoje: talheres, cueca, calcinha, banho, elevador e, até mesmo, Internet!
São alguns exemplos do que podem ser encontrados nesta reportagem feita por Bárbara Soalheiro para a revista Aventuras na História, e transformada em livro neste ano. Num estilo informativo e descontraído, Bárbara, que atualmente é uma das editoras da revista Capricho, prende o leitor do início ao fim. O texto é acompanhado de uma série de imagens - dentre elas, ilustrações de Negreiros.
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Elisa Andrade Buzzo
8/12/2006 à 00h12
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Meus segredos (im)publicáveis
Eu lia quadrinhos eróticos escondida no banheiro do colégio na 5ª série. Eu e duas amigas corríamos pro banheiro pra ler os quadrinhos em paz. E como ficávamos "trocando informações" durante a leitura, criou-se o boato de que éramos lésbicas. Pena que eu saí do colégio naquele mesmo ano.
* * *
Eu sempre choro com o programa Extreme Make Over Reconstrução Total. (Vê se esse não é um segredo bombástico? Admitir isso não é pra qualquer um não! Hahaha.) Esse programa é um horror. Eu não choro, simplesmente. Eu me acabo de chorar. De ficar com olho inchado e tal. Sensibilidade à flor da pele. Mas adoro, adoro. É um programa do bem, mesmo.
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Eu sorrio pros animais na rua. Não, não é um sorriso pela fofura deles, ou algo assim. Eu sorrio pra eles, meio que cumprimentando, mesmo. Já pros donos, eu nem olho.
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Eu não falo palavrão. Não é que eu não queira falar, é que eu não consigo, é meio que um bloqueio.
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Eu já invadi webmail alheio. De descobrir senha e fuxicar, mesmo. Acompanhar e-mails por semanas, meses, e descobrir muitas coisas. Não me orgulho nem um pouco disso, hoje não faço mais.
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Eu já matei um cachorro. De susto. Literalmente. Eu tinha três anos, era noite e eu "vesti" um lençol e fui pro quintal da minha vó. Não sei se foi coincidência ou se aquele era um cachorro sensível que tinha medo de fantasmas. O fato é que o pobre teve um treco ali mesmo. Na hora. Tipo infarto fulminante.
B., do Meio amarga, mas sorri, que linca pra nós (porque... você tem segredos (im)publicáveis também?).
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Julio Daio Borges
7/12/2006 à 00h00
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A bênção, Marcel Powell
Ele entra no palco de chinelos e uma vistosa camisa vermelha de gola em V e mangas compridas. Na penumbra e em silêncio, senta-se e começa a dedilhar o seu violão. Aos poucos, o público reconhece os acordes de "Manhã de Carnaval", de Luiz Bonfá. A música seguinte é "Último Desejo", de Noel Rosa. Enquanto ele se apresenta, muitos procuram identificar os traços do pai, Baden. No final, pouco mais de uma hora depois, Marcel Powell é aplaudido de pé pelas aproximadamente 50 pessoas presentes na Sala Sidney Miller, da Funarte, no centro do Rio de Janeiro. Marcel não está sozinho: parte do show de 5 de dezembro teve a participação do percussionista brasiliense Sandro Araújo, do baixista Rômulo Duarte e de Roberto Santa Marta, músico da Lapa, com seu bandolim. No bis, canja de Hélio Schiavo, baterista que tocou com Baden e estava na platéia. O tempo, realmente, não pára.
Nascido na França e com trabalhos no exterior, Louis Marcel, 24 anos (começou há quase 15), lançou apenas no ano passado um CD no Brasil, Aperto de Mão. A princípio, conta, o pai não queria ser professor, alegando não ter paciência. Mas depois que aceitou o pedido dos filhos (Marcel e Philippe, pianista), avisou: "Vocês vão ter de ser escravos do instrumento, escravos da música."
E assim foi. Baden morreu em 2000, aos 63 anos, mas deixou herdeiros. Marcel herdou, cultivou e leva adiante o gosto pela música brasileira.
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Postado por
Vitor Nuzzi
6/12/2006 à 01h22
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