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Segunda-feira, 15/1/2007
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Redação
 
Os prédios mais feios de SP

Prédio da Daslu, na marginal Pinheiros Prédio Villa Europa, na marginal Pinheiros Prédio na Vila Nova Conceição Plaza Iguatemi, na Faria Lima

A Folha promoveu uma enquete entre arquitetos para saber quais seriam os prédios mais feios de São Paulo. Não houve unanimidade; no máximo, menções esparsas a coisas como a loja da Daslu, o prédio da Dacon e até o Edifício Martinelli.

É que a quantidade de coisas feias em São Paulo é tão grande, que qualquer escolha pode perfeitamente ser a melhor. Naturalmente, critérios estéticos e ideológicos se misturaram bastante nessa lista.

O edifício Martinelli, tanto quanto o prédio da Daslu, foram criticados pelo que significam de arrivismo das nossas "elites", imaginando um luxo europeu no que é puro esbanjamento subdesenvolvido. Mas é claro que, fora desse ataque a prédios luxuosos, muito mais coisa poderia ser apontada.

A Igreja "Deus é Amor", que mereceu um voto também, é muito mais feia, claro, do que o prédio da Dacon.

Mas eu citaria ainda aquele prédio preto do Unibanco, na Marginal do Pinheiros; o conjunto de edifícios chamado "Place des Vosges", no Morumbi; o hospital da saúde da mulher, na avenida Doutor Arnaldo; o edifício Viadutos (acho que é esse o nome), quase em frente à Câmara Municipal - um estafermo de Artacho Jurado que bloqueia completamente o horizonte de quem está na avenida São Luís em direção à rua Augusta; o Hotel Renaissance, de Ruy Ohtake, com suas listas pretas e vermelhas, na alameda Santos.

Menção especial, porque não é prédio, merece a marquise do premiado Paulo Mendes da Rocha na Praça do Patriarca, uma intrusão desproporcional e chatíssima no lugar.

Ainda nos ícones da arquitetura paulistana sempre elogiados pelos especialistas, acharia muito estranho se dissessem que o famoso edifício Esther, na praça da República, é bonito... E o consagrado edifício Louveira, de Villa Nova Artigas, na praça Villaboim, tem uma combinação de cores bastante infeliz, e quem está na rua vê uma parede inteira de fundos de cozinha e área de serviço envidraçada. Ah, mas vá falar mal...

Não esqueço das janelas do prédio do Sesc Pompéia, de Lina Bo Bardi, e, claro, do prédio da Folha, na Barão de Limeira... casa de ferreiro, espeto de pau.

Marcelo Coelho, em seu blog (porque eu nunca citei, porque, dia 10, foi aniversário dele, e porque nós poderíamos lançar um concurso...)

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Postado por Julio Daio Borges
15/1/2007 às 16h36

 
DaniCast no Dynamite Pub

Devido a várias coisas que aconteceram, a vernissage da minha exposição foi transferida de local.

A festa se realiza hoje, dia 15/01, no Dynamite Pub: Rua Cardeal Arcoverde, nº 1857 (quase esquina com a Mourato Coelho), a partir das 20 horas, 11 3032-5623 (telefone), na Vila Madalena.

É uma festa fechada, então, por favor, quem quiser ir, confirme por
e-mail diretamente: [email protected]. Peço desculpas pela repentina mudança de local, mas vai ter bebida para todos...

Atenciosamente,


Daniela Castilho aka DaniCast [por e-mail...]

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Postado por Julio Daio Borges
15/1/2007 às 10h49

 
E-lovelados

Alguns meses já se passaram e vivamente se faz em mim o mundo noturno que se mantinha quando nos encontrávamos onde não sei se descia ou era aberta uma cortina pesada de veludo vinho, delimitando o começo de uma história-encenação à distância que os dedos separam uns dos outros. Confabulando ferozmente o que dizer, atento às sílabas esvoaçantes que envio num mexer de lábios, você, como um animal latente, também pressente meus movimentos, passeia ao meu redor roncando baixo, comprovante de que vivemos à nenhuma distância, pois meus ouvidos recebem sua respiração de fantasma recém-adormecido. Posso vê-lo em feitiçaria de bola de cristal onde, diluídos, nos tateamos longamente, em brincadeira surda-muda, no lugar algum, emaranhados nos fios de suor da noite, nos mantemos, bravamente acesos diante da manhã próxima, estraga-prazer. E, ao toque da tomada, altas horas - robôs que voltam à vida lata velha.

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Postado por Elisa Andrade Buzzo
15/1/2007 à 00h27

 
Cinema em Atibaia III

Depois da última sessão de curtas brasileiros, a cidade de Atibaia entrou em clima de expectativa. Em 2007, o Festival de Atibaia Internacional Audiovisual alcançou a popularidade esperada: as mostras receberam uma quantidade considerável de espectadores e as intervenções artísticas, promovidas por uma delegação francesa, atraíram quem passava por perto. Os que circularam pelo Centro de Convenções entre uma sessão e outra puderam assistir à performance do grafiteiro Blade e do músico Khalid K., que criou sons extraordinários apenas com a voz e recursos eletrônicos.

Outra grande sensação do festival - fora as mostras de cinema - foi o show com o cantor e compositor Luiz Melodia. Com voz de veludo que lembra os grandes mestres do jazz e do blues, Melodia deitou seu repertório musical entre as quatro paredes do Cine Itá, no centro de Atibaia. Levou o público ao êxtase com as músicas "Estácio, eu e você", "Codinome beija-flor" e "Ébano". Quando encerrou a apresentação, a platéia aglomerou-se em frente ao palco, aos delírios, com pedido de bis. Melodia voltou com "Negro gato" na ponta da língua.

Antes do show, aliás, os últimos filmes da mostra competitiva vieram a público. Em termos de qualidade, a média da seleção foi razoável se comparada às sessões anteriores. O primeiro curta a rodar, no formato de vídeo, foi Tinha a gata Gioconda, de Ivan Spacek. O diretor fez um passeio nostálgico pela infância em Atibaia, por meio de colagens e recortes com fotografias, trabalho que desembocou em engraçadas criações. Entre elas, os quatro super-heróis que habitam a antiga cidade. O curta é um criativo projeto de humor.

Em seguida, o documentário Lectures percorreu os metrôs e trens da França para documentar as principais leituras dos passageiros. Flagrou momentos de introspecção e cenas curiosas, como a de uma mulher contando uma história, através de um livro, para o filho pequeno. Pautado pela imagem, o vídeo foi totalmente gravado por uma câmera de telefone celular, o que rendeu uma baixa qualidade visual. Apesar do feito experimental, não merece maiores elogios.

Já o também curta-metragem de não-ficção A resistência do vinil faz uma interessante imersão pelo universo dos que resistem em colecionar, vender ou pechinchar discos de vinil, dez anos depois de sua substituição pelo CD - e, agora, pelo DVD e pelo MP3. Capta depoimentos curiosos e engraçados e resgata memórias já esquecidas sobre o tempo em que as agulhas choravam em muitas vitrolas. Grande filme, completo e sem lacunas evidentes, foi merecidamente indicado para figurar na mostra.

Quanto ao curta De Glauber para Jirges, de André Ristum - o mesmo diretor de 14 Bis, um dos mais bem orçados da história brasileira, também exibido no Festival de Atibaia - relê trechos de cartas enviadas por Glauber Rocha ao amigo Jirges Ristum - pai do diretor - em meados dos anos 70. Mostra o olhar crítico de Glauber sobre as características brasileiras da época e presta uma homenagem aos dois amigos, ambos falecidos na década de 80. A ótica de Ristum, assim como em 14 Bis, é predominantemente emotiva. No desenrolar do filme, os movimentos de câmera são sempre atribulados e inconstantes. Pode ser definido como um documento memorável, mas não como uma obra-prima.

No caso de No princípio era o verbo, ficção de Virgínia Jorge, descortina-se um forte resgate de situações tipicamente brasileiras e há muito esquecidas pelo cinema. O roteiro desenvolve três histórias simultâneas em um dia de Carnaval, que se fundem em ritmo poético e bem-humorado. Tece uma reflexão simples, porém brilhante, sobre os mistérios do cotidiano pelo prisma de pessoas comuns. Um retrato fiel do cotidiano que se repete todos os dias no Brasil. Este, sim, um filme de sensibilidade ímpar.

O próximo curta, Deu no jornal, é uma animação que mostra as fantasias sexuais de um solitário leitor de jornal. Nos classificados, o personagem dá asas ao desejo e a lembranças eróticas. Arrancou risos da platéia, mas constrangeu algumas mães com crianças pequenas. Já o filme mais aguardado da noite, Eletrodoméstica, de Kleber Mendonça Filho, não é nenhum lampejo de genialidade, mas faz o gênero do gosto popular. Havia sido bem comentado em outros festivais. O roteiro desenvolve a relação de uma dona de casa com seus afazeres domésticos e com os recursos eletrônicos que cercam seu trabalho. Mas as cenas finais, dependendo da ótica pessoal, podem ser interpretadas como uma idéia sem graça ou como uma saída fantástica. As opiniões se dividiram.

Agora resta aguardar o resultado final da competição. O melhor curta-metragem em 35mm receberá 16 mil reais dos organizadores, mais oito mil em equipamentos de filmagem. Já o melhor vídeo recebe oito mil reais dos organizadores, mais quatro mil em equipamento. O melhor diretor, fotógrafo, ator e atriz também recebem premiações. Além do prêmio do júri, a Federação Internacional de Cineclubes vai conceder o prestigioso Troféu Dom Quixote a um dos trabalhos apresentados.

O Digestivo vai fazer um balanço, aqui no blog, dos resultados que saem esta noite.

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Postado por Tais Laporta
13/1/2007 às 14h27

 
Foi assim

Rolei de lado, ajeitei o travesseiro pela última vez. Lá fora, barulho de hóspedes colocando malas, coisas em carros, voltando para os lugares de onde vieram. O quarto já estava cheio de uma luz bem fraquinha, me dizendo que eu podia desistir de tentar dormir, levantar. Levantei. Lavei o rosto, vesti a camiseta regata verde amassada, peguei o livro, saí. Desejei BOM DIA aos hóspedes que se preparavam para a viagem de volta, sorri OLÁ para a menininha sentada na escada da pousada. O dia prometia ser bonito, recompensa para a noite mal-dormida, ruim. Resolvi caminhar até a praia, sentei na areia, abri o livro, olhei o mar. A quatro dedos acima da linha do horizonte, umas nuvens de chuva, lá longe. No meio da página 152, vi o sol surgindo devagarinho. Ele foi nascendO nascENDO nASCENDO e em pouco tempo estava INTEIRO, sobre o mar, sob as nuvens. Sorri o meu segundo sorriso do dia. Tinha esquecido como é bonito ver o sol nascer. Fiquei feliz.

Do Tiago A., cujo blog, claro, linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
12/1/2007 às 16h24

 
Cinema em Atibaia II

Depois de um dia marcado por exibições mornas, finalmente a segunda edição do Festival de Atibaia Internacional Audiovisual começa a ferver. Ontem foi a vez de fragmentos de genialidade ganharem espaço na sala de projeção do Centro de Convenções. A seleção de curtas mostrou temáticas mais diversificadas e abriu portas para o humor inteligente. Grandes surpresas lançaram luzes, inclusive, sobre produções mais medianas, tornando a média de ontem bem superior ao dia anterior.

A mostra não competitiva dos filmes exibidos durante o Festival de Emden, na Alemanha, trouxe ficções com roteiros indiscutivelmente bem-elaborados. Seria melhor que todos fossem exibidos com legendas em português, assim como os brasileiros receberam cuidadosa tradução para o francês. A organização se desculpou pela falha, mas o detalhe não passou batido. Um festival aberto para o grande público - que, não necessariamente, entende mais de uma língua - não poderia se dar a esse luxo. Um curta alemão, recheado de diálogos, ganhou projeção sem qualquer legenda. Outro foi traduzido em inglês. Por sorte, o público captou a expressividade na dupla "forma-conteúdo" dos filmes.

Dentro da sessão, o curta Clube de Chicxu metaforizou a tragédia de um casal diante do acidente da filha. O "choque humano", sempre abordado por óticas convencionais, ganhou adequada comparação ao período em que um meteoro se chocou à Terra, há 65 milhões de anos. Transportou o horror do fim do mundo dentro de duas pessoas. Outro curta que literalmente emocionou o público foi Romance. Embora discutisse o velho estigma da solidão e da enfermidade em um quarto de hospital, transbordou em delicadeza e sensibilidade, sem cair no perigo da comoção "barata".

Ainda na mostra alemã, a animação em stop motion, Kater, alucinou o público com sua veia humorística - gênero que quebrou, em boa hora, a sequência de filmes dramáticos. O curta alcançou visibilidade no Anima Mundi e provou que a técnica em stop motion agrada tanto ou mais que o desenho em três dimensões. Para finalizar a sessão estrangeira, o curta Chinese take away foi daquelas ficções em que o conteúdo fala mais alto que a forma. Propositadamente engraçado e catártico, completou a lista dos grandes trabalhos da mostra.

Quanto aos curtas brasileiros, ontem foi o dia dos documentários e filmes de humor. Todos trouxeram um dinamismo que esteve em falta na média da mostra anterior. Os trabalhos de não-ficção Z.inema, de Carol Thomé, e Canto de cicatriz, de Laís Chaffe, exploraram lacunas inéditas em suas respectivas temáticas. O primeiro contou a história de um homem que construiu uma sala de cinema com sucatas encontradas na rua. Já o segundo discutiu um problema ainda indigesto no Brasil: a exploração sexual de crianças. Ambos redondos e bem documentados, valeram pelo conteúdo.

O esperado Alguma coisa assim, de Esmir Filho e Mariana Bastos, se salvou pela composição visual e pelo jogo de câmeras, mas se apagou perto dos outros curtas. O roteiro, cheio de mensagens subentendidas, começa e termina com uma indefinição confusa. Ontem foi mesmo o dia dos humorísticos. A começar por Santa de casa, animação inspirada em conto de Aldir Blanc que satiriza a sociedade brasileira sem agressividade. Os grandes estereótipos presentes no país do Carnaval ganharam destaque em um enredo leve e bem-humorado.

O fim do mundo - Flashback Society, classificado como documentário, é um retrato propositadamente engraçado sobre a tensão do ser humano perante o fim do mundo, durante a virada do ano de 1999 para 2000. O vídeo caseiro e sem comprometimento com a forma chamou a atenção pelas brincadeiras ilustrativas sobre a posição dos planetas no momento da "destruição final". Também captou depoimentos e cenas igualmente sarcásticos. Um tipo de humor que não estaciona na superficialidade ou nos preconceitos sociais. Alcança as bases da sociedade - fé, morte, religião e amizade.

Mas o projeto que realmente surpreendeu foi A espera da morte, de André Luís da Cunha. De longe o mais comentado, chamou a atenção quando ninguém mais esperava produções ímpares. No curta, a companhia de teatro brasiliense Os Melhores do Mundo interpreta a tripulação do submarino soviético Krushev. O cenário, o figurino e os planos de câmera convencem. E o roteiro também impressiona por intercalar, de forma apropriada, momentos de tensão e de humor. Um detalhe curioso: os diálogos são todos em russo. O elenco ensaiou por meses para satirizar as tripulações russas com mais intimidade. Outra surpresa foi a interpretação de Jovane Nunes no papel do comandante. O público ovacionou o curta, que encerrou a mostra com saldo positivo.

O Festival de Atibaia encontra, aos poucos, o seu norte. Mas ainda é cedo para tirar conclusões definitivas. Faltam mais dois dias de exibições. E o Digestivo vai cobrir os melhores momentos.

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Postado por Tais Laporta
12/1/2007 às 15h16

 
Banheiros

O templo sagrado da humildade é o banheiro. Estamos ali a sós, percebendo a fragilidade da carne, olhando o espelho que nos confronta com um outro ser que nos olha, pasmo, atrás do vidro e nos mostra a realidade de uma anatomia que sente, mais do que supúnhamos, a passagem do tempo.

Ali permanecemos às vezes quietos e pelas paredes, em silêncio, reverberam memórias, alguns sonhos, uma gota de água estala musicalmente em algum canto e acordamos de repente no meio de uma função qualquer, extremamente física.

Ali testamos, meio sem graça, algumas posturas a serem talvez usadas a posteriori, mas não, não funcionou.

Ali descobrimos recantos do corpo ainda não mapeados, testamos as juntas, joelhos, juventudes idas, nos tocamos como desconhecidos e em silêncio, até que a água de um chuveiro nos absolva e, talvez, cantemos alegres porque sentimos, estamos vivos.

Acredito piamente que a água de uma pia é um bálsamo e que o brilho nos ladrilhos, latrinas e canos dissipam o engano, o humano engano.

Todos aqueles que saem de um banheiro são, em proporção direta com o tempo em que lá estiveram e ainda que minimamente, seres humanos melhores.

[2 Comentário(s)]

Postado por Guga Schultze
11/1/2007 às 15h51

 
Cinema em Atibaia I

Os melhores curtas-metragens de 2006 encontraram um destino que promete ser o novo endereço do cinema brasileiro: Atibaia, no interior de São Paulo. O segundo ano do Festival de Atibaia Internacional Audiovisual mantém clima de expectativa e salas de projeção cheias. Até ontem, o terceiro dia do evento, a cidade mostrou um vigoroso interesse pelos projetos mais premiados nas principais mostras do país, entre elas o Anima Mundi e É Tudo Verdade.

Até o dia 14 de janeiro, o festival exibirá 27 projetos dentro da mostra competitiva de curtas brasileiros. Já entre os filmes não competitivos, sete curtas franceses, seis alemães e quatro afro-brasileiros ganharão projeção. O mesmo acontecerá com a seleção de longas brasileiros que tiveram boa recepção em 2006, programados para serem exibidos em praça pública nos próximos dias.

O grande homenageado desta edição é o cineasta e ator Anselmo Duarte, que completa 87 anos de vida e 65 de carreira em 2007. Consagrado pela conquista da Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo filme O pagador de promessas (1962), Duarte desfruta, hoje, de grande prestígio na Europa. É considerado, por muitos, o melhor diretor brasileiro de todos os tempos.

Os destaques da mostra em 35mm são Alguma coisa assim (Esmir Filho), Eletrodoméstica (Kleber Mendonça Filho), Deu no jornal (Yanko del Pino), O Som da luz do trovão (Petrônio Lorena e Tiago Scorza), O maior espetáculo da Terra (Marcos Pimentel), No princípio era o verbo (Virgínia Jorge) e De restos e das solidões (Petrus Cariry). Já entre os vídeos, Arquitetos do mar (Marcelo Abreu Góis), Lectures (Consuelo Lins), A resistência do vinil (Eduardo Castro), O fim do mundo (Alan Langdon) e Canto de cicatriz (Laís Chaffe) despertam as maiores expectativas.

Aos moldes de 2006, como mostrou Marcelo Miranda aqui no Digestivo, o festival pretende premiar "o melhor entre os melhores" curtas brasileiros nas categorias 35mm e vídeo, a fim de receber, definitivamente, o título de "festival dos festivais". Para tanto, procurou cortar as falhas da edição anterior. A organização reduziu pela metade o número de filmes por sessão este ano, contabilizando uma média de sete trabalhos. Isso levou as projeções de "quase três horas ininterruptas", nas palavras de Miranda em 2006, para pouco mais de uma hora. De fato, a mudança ajudou a segurar o público até o final das sessões.

A programação de ontem trouxe uma delicada seleção de curtas franceses anteriormente exibidos no Festival de Contis (que este ano fechou parceria com a organização do Festival de Atibaia). Dos sete trabalhos apresentados, o que mais surpreendeu foi Veneno de Abril, cuja temática é a desconfiança - para reafirmar a típica sensibilidade francesa para conflitos essencialmente humanos. Com roteiro inteligente e sarcástico, o curta recebeu os maiores aplausos do dia.

Quanto à temática, a infância foi o grande alvo da mostra francesa. Seja para traduzir a subjetividade de uma pintura aos olhos de uma criança (Olhares Livres), seja para encarnar o menino que planeja a morte do irmão bebê, por ciúmes (Um nascimento). O personagem deste curta, aliás, foi inspirado na história de ninguém menos que o cineasta sueco Ingmar Bergman. A crítica social também retorna à infância na pele do garoto Ousmane, habilidoso em pedir esmolas pelas ruas do Senegal (Deweneti).

Em comparação aos curtas brasileiros exibidos ontem, os franceses estiveram bem à frente, tanto na forma quanto no conteúdo. O segundo dia da mostra competitiva não convenceu, com exceção de poucos trabalhos. O público demonstrou evidente preferência pela seleção do primeiro dia. Mas o que mais prejudicou a exibição dos curtas foi a má qualidade do áudio. Embora num volume altíssimo, as trilhas e diálogos mal puderam ser compreendidos.

O documentário Maior espetáculo da Terra, de Marcos Pimentel, captou imagens sensíveis e inimagináveis ao acompanhar a turnê de um circo em um vilarejo subdesenvolvido no interior do Brasil. Outro filme que merece atenção é O Homem-livro, de Anna Azevedo. Acompanha a rotina de um senhor que possui 42 mil livros aglomerados em sua pequena casa. A edição conseguiu transmitir aspectos curiosos do personagem.

Já a ficção Balada das duas mocinhas de Botafogo, de João Caetano Feyer e Fernando Valle, embora apresente belas trilhas e planos sequências, não acrescenta supresas no roteiro. A abordagem sobre a vida marginalizada é exaustiva. Pode-se dizer que, na mostra do dia, prevaleceram abordagens interessantes, porém com um certo abuso de cenas longas e repetitivas, o que tornou muitos dos filmes pouco convidativos.

As exibições de ontem só deixam uma certeza: os próximos dias devem trazer uma leva melhor. Acompanhe a programação completa para o resto da semana. Amanhã volto com novidades, aqui no Digestivo. Até lá.

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Postado por Tais Laporta
11/1/2007 às 14h38

 
Mais Kaizen

Aqui em Ipanema ouço muito a expressão chique "estou Zen", ou a exortação "fica Zen". No caso preferiria substitui-la pela expressão "um pouco mais de Kaizen". O método Kaizen, adotado largamente na indústria japonesa, consiste em motivar funcionários a sugerirem melhorias microscópicas em uma empresa. Com o tempo, a coleção de pequenas melhorias resulta em um grande salto.

No livro Um pequeno passo pode mudar a sua vida: o método Kaizen (Nova Fronteira, 2005, 144 págs.), o psicólogo Robert Maurer advoga e exemplifica o uso da idéia no nosso dia-a-dia. Não sou muito fã de livros de auto-ajuda, justamente por pecarem ao não oferecerem sugestões de como alguém pode se auto-ajudar... Neste caso, no entanto gostei muito do livro. Ainda mais numa sociedade como a nossa que advoga revoluções para tudo. Um exemplo do livro é de uma senhora que não tinha nem tempo nem motivação para se exercitar. A sugestão do psicólogo foi diariamente, aproximadamente no mesmo horário, caminhar por 2 minutos na frente da televisão. Em um mês, a senhora se exercitava regularmente.

O livro fica como uma sugestão para muitos dos nossos autores e políticos. Que tal adotar o Kaizen em suas vidas? Todo dia, mais ou menos no mesmo horário, leiam duas frases de um livro de fição compreensível e divertido... Todo dia, mais ou menos no mesmo horário, falem e pensem sem mentiras ou demagogias, por dois minutos. Quem sabe, não teremos uma verdadeira revolução na maneira de se fazer arte e política?

Como me disse um amigo, no Brasil estamos a espera de epifanias, soluções miraculosas caídas do céu ou clássicos das letras que se manifestam ao partir as ondas de Ipanema... Mas em realidade até mesmo criar, descobrir, consiste em uma série de pequenos passos, pequenos incrementos - práticas, treinamentos - que com o tempo, a sorte e a experiência podem ser uma grande revolução.

Para ir além
Um pequeno passo pode mudar a sua vida: o método Kaizen

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Postado por Ram Rajagopal
11/1/2007 às 11h29

 
Então tá

Perdedor, lastimável, deplorável, lamentável, assexuado, obcecado, que tem a inteligência obscurecida, cego de espírito, contumaz no erro, insano, insensato, doido, estulto, excessivo, custoso, deprimente, aviltante, inútil, improfícuo, desnecessário, escusado, sem préstimo, frustrado, baldado, incapaz, inábil, embuste, velhacaria, fraude, virgem, intacto, isento de, puro, casto, inocente, singelo, sincero, patético, tocante, comovente, ridículo, que provoca ou desperta o riso ou o escárnio, irrisório, de pouco valor, insignificante, imaturo, que não tem ocupação, ocioso, abandonado, devoluto, vazio, atormentado, confuso, equivocado, confundido, embaraçado, perplexo, envergonhado, acanhado, obscuro, duvidoso, ambíguo, desordenado, imperfeito, mal distinto, incerto, avoado, distraído, tonto, imaginativo, fantasiador, sonhador, que tem capacidade para criar, que tem originalidade inventiva, criador, que devaneia, que divaga. Blogueiro.

A Lívia, no seu recente Bunda Furada.

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Postado por Julio Daio Borges
11/1/2007 à 00h32

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