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Segunda-feira,
22/1/2007
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Redação
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Cinema Neo-Realista em SP e BR
Promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil, a mostra de cinema Olhares Neo-Realistas reúne 36 filmes do movimento italiano que influenciou o cinema moderno. Desde 03 de janeiro até o dia 28 janeiro na programação do CCBB-SP, ela entra na do CCBB de Brasília no dia 23 e se estende até 11 de fevereiro.
As principais características do Neo-Realismo são suas locações na rua, elenco de atores não-profissionais, equipes pequenas, poucos equipamentos e roteiro do cotidiano com a intenção de não ser apenas um cinema social, mas político, o que acabou gerando filmes de impacto sobre diversas cinematografias.
Mais do que fazer um panorama do movimento, a mostra também aborda suas influências e abrange desde clássicos, como Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini (1945), até extensões como Os Esquecidos, de Luís Buñuel (1950). É verdade que também apresenta filmes menores de diretores reconhecidos, como o filme de estréia de Luchino Visconti, Obsessão (1943) e Paisá (1946), do próprio Rosselini e parte da trilogia que começa com Roma, filmes povoados de clichês que parecem ter envelhecido, ao contrário de Roma e Os Esquecidos. Mas todos importantes para compreender seu contexto e principais personagens.
O diálogo do movimento com a cinematografia latino-americana estão em filmes como O Jovem Rebelde (Cuba, 1962), de Julio García Espinosa, e Os Inundados (Argentina, 1961), de Fernando Birri. Há também representantes brasileiros como O grande momento, de Roberto Santos (1958) e Agulha no Palheiro (1953), de Alex Viany.
Além da exibição dos filmes, o CCBB promove debates com historiadores, escritores e estudiosos brasileiros, além de aulas sobre o movimento. Também foi lançado um catálogo-livro com textos de diversos autores sobre o tema.
Mostra de filmes "Olhares Neo-Realistas"
Terça-feira a domingo: horários diversos
Ingressos por sessão: R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia-entrada);
filmes exibidos em DVD têm entrada franca.
Site oficial: www.bb.com.br/cultura
Horário de funcionamento da bilheteria: das 09h às 20h
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - SP
(próximo às estações Sé e São Bento do Metrô)
Informações: 11 3113.3651 / 3113.3652
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Marília Almeida
22/1/2007 às 12h18
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Perfume, uma crítica
De vez em quando alguém bom de lábia me convence a ir ao cinema. E quando eu me deixo ir, tenho a expectativa de que o filme me cause algum impacto. Que seja desses amaciados, suaves.
Na semana passada, peguei uma fila pequena e paguei meia-entrada (dei carteirada do clube de assinantes do meu provedor de Internet) para assistir a Perfume: a história de um assassino, filme baseado no best-seller do alemão Patrick Süskind. O livro chegou a ser escolhido como leitura do ano na Inglaterra em 2002. That's right, se não fosse a esquisitice absurda da coisa.
Um cara nasce com o olfato afiadíssimo e, depois de uma trajetória resistente como trabalhador braçal na França medieval, torna-se aprendiz de perfumista. Sua loucura pelos perfumes é tanta, que ele resolve estudar formas de apreender o cheiro das mulheres (das cheirosas, claro). Para fazer o melhor perfume do mundo, mata 13 delas (as notas dos acordes que formam os perfumes) e inebria uma multidão com um lencinho perfumado no dia da execução de sua sentença de morte (ficar pregado numa cruz).
Os primeiros 15 minutos de filme são interessantes. Chega a dar nojo a sugestão do fedor francês daquela época. Depois o filme vira uma viagem de nem sei que tipo de droga. Bem que o leitor do jornal do provedor tentou me avisar.
Como não sou especialista em cinema, pode ser que eu não tenha entendido nada. Pode ser que aquilo tudo seja arte puríssima. E pode ser que o filme seja mesmo ruim. Vai saber.
Vale a pena contar o final: de volta à terra natal, o assassino é comido (literalmente) pelos conterrâneos ávidos por uma carninha perfumada. Isso sem falar na cena da suruba (de causar inveja ao Calígula). Voltei para casa e continuei trabalhando.
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Ana Elisa Ribeiro
22/1/2007 à 01h20
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Metas para 2007
1) Prestigiar mais a cultura nacional;
2) Não deixar que façam lavagem cerebral em mim;
3) Procurar rir menos dos outros;
4) Prestar mais atenção aos perigos dessa vida;
5) Retomar o meu lado cantor-de-banda-de-rock.
Tuca Hernandes, no seu blog, que linca pra nós (porque as explicações, e os respectivos videos no YouTube, estão lá...)
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Julio Daio Borges
22/1/2007 à 00h23
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Livrarias em tempos modernos
Quando eu quero comprar uma roupa, o vendedor de roupas entende de tudo. Quando eu quero comprar um carro, o vendedor de carros também entende de tudo. Mas quando eu quero comprar um livro, o vendedor de livros nunca entende do produto que ele tem que vender. O vendedor que menos conhece seu produto é o vendedor de livros.
Entrei numa livraria para pesquisar uns preços. Perguntei por A náusea, de Sartre. O rapaz consultou o sistema - coisa que eles adoram fazer - e encontrou uma cópia em uma prateleira lá no canto. Me disse o preço, eu li a contracapa e as orelhas. Ele perguntou se eu estudava Letras, eu respondi "Jornalismo". Me indaguei o porquê da pergunta, se talvez estudantes de Letras têm desconto ou se são os únicos a lerem Sartre. Mas resolvi não esticar a conversa e segui para uma segunda livraria.
Lá, perguntei para outro rapaz pelo mesmo livro. Ele também foi consultar o sistema:
- Tem H?
Eu franzi a testa:
- Como assim?
Estiquei os olhos para ler o que ele estava digitando no computador que não A náusea e "Sartre". Estava escrito "Anausea".
- Não, é "a" espaço "náusea" - informei, acabando com seu neologismo do absurdo.
Ele se corrigiu, murmurou Jean-Paul Sartre em um falso sotaque francês e me disse "só por encomenda". Suspirei e fui embora pensando que vendedores de livros têm muito a aprender com vendedores de carros ou roupas.
Eu não quero uma aula sobre Existencialismo francês quando eu for consultar um preço numa livraria, mas eu gostaria muito de ser orientado e informado sobre a obra, onde ela se encaixa no assunto, que outros títulos poderiam me ajudar na minha pesquisa. Eu gostaria que os vendedores de livros dialogassem comigo, me instigassem, me oferecessem outros produtos, assim como faz a mocinha da loja de roupas. As livrarias são formadas não por livreiros, mas por meros funcionários que consultam o sistema e buscam o livro na prateleira: operários de uma indústria em que pensar não é necessário e conhecer o produto que vende não é importante.
Isso me lembra o filme Tempos modernos, de Charles Chaplin. O sujeito se resigna a ser um mero apertador de porcas e parafusoss e não tem idéia do resultado final que sua fábrica produz, até que é literalmente engolido por uma das máquinas. O mercado das livrarias não exige de seus vendedores entendimento do assunto ou predileção pela literatura. Para trabalhar numa livraria basta saber acessar o sistema e buscar o livro na prateleira, sem criar vínculo com o cliente e sem estimulá-lo quanto a leituras semelhantes. O conhecimento é um subproduto que se compra no escuro, ao contrário de roupas e automóveis.
O mercado das "lojas de livros" seria mais esperto se percebesse que o cliente bem orientado e bem atendido sempre volta e compra mais. As livrarias não passam de espaços bem iluminados, cheios de livros nas prateleiras, com vendedores desinteressados e computadores com acesso ao sistema. E isso é muito pior nas já comuns megastores, onde os vendedores foram trocados por terminais on-line onde você mesmo acessa o tal do sistema numa tela sensível ao toque, sob um deslumbre tecnológico que não sacia carência alguma. Revolucionário mesmo é o livreiro que conhece os livros que vende, conversa com o cliente e participa de sua ânsia por conhecimento. Afinal, conhecimento não é sistema, é diálogo; não é máquina, é homem.
Mas tudo bem, não é o fim do mundo. Para mim, o mundo acaba mesmo toda vez que eu vou numa livraria e admiro a prateleira dos mais vendidos. Ali está, diante de mim, o retrato da falência do indivíduo, uma fatia da ansiedade do homem contemporâneo e um testemunho do desespero existencial que nos faz baratas tontas num mundo de ofertas coloridas e respostas ilusórias. Curiosamente, dessas respostas os vendedores de livros sabem me informar.
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Vitor Diel
19/1/2007 às 17h07
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Entre o iPod e os concertos
(...)Os suportes físicos da música, como os CDs, vão continuar a existir, mas serão marginais: o grosso da música já circula via internet.(...)
João Marcos Coelho, num balanço musical, no site da Cultura FM.
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Julio Daio Borges
19/1/2007 à 00h26
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Cansei de ser atropelado!
Ser empurrado na fila de entrada de um jogo de futebol ou de um megashow, ainda vá lá. Mas em fila de aeroporto? Fila de banco? Ser atropelado na saída do vagão de metrô? Está ficando cansativo. Não sei se o passar dos anos me deixou menos tolerante, ou se foi uma mudança de hábitos das pessoas mesmo, mas tenho a forte impressão de que estamos habitando uma sociedade menos civilizada... Fiquei chocado uns dias atrás com o atropelamento que sofri na saída do metrô no ponto final.
Peguei o metrô na Califórnia para ao aerporto, e lá, no ponto final, primeiro saem os passageiros de dentro do vagão, enquanto quem quer entrar espera pacientemente. Depois que o trem esvazia, todos entram pacientemente, com esbarrões, mas sem atropelamento. Já na estação da Miguel Lemos, eu e minha namorada fomos literalmente atropelados na saída do vagão. Me senti no Velho Oeste, como uma manada de búfalos vindo na minha direção, com uma diferença: não estava montado num cavalo.
O sistema "eu primeiro" é pior para todos. Uma velhinha que ia sair na mesma estação ficou presa e quase foi esmagada. Outros que entravam arranharam os braços na porta do vagão. E assim por diante. Custa tanto esperar alguns minutos a mais, numa estação com ar condicionado, para que as pessoas saiam? Será que, na vida da maioria das pessoas, este minuto fará alguma diferença? O que se precisa nas grandes cidades do país não é um Bolsa Família, e sim um "Vale Educação em Casa".
Registro o protesto: chega de ser atropelado! Senão vou passar a trazer equipamento de futebol americano quando freqüentar locais com fila.
Post Scriptum
Acreditem, fui empurrado até numa fila de lanchonete no aeroporto de Congonhas!
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Ram Rajagopal
18/1/2007 às 11h46
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Poesia é água na peneira
"A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta. Vai carregar água na peneira a vida toda".
Manoel de Barros, citado por Gustavo de Castro, que nos indica seu blog.
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Julio Daio Borges
18/1/2007 à 00h21
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Pessoas na mesma mesa
(...) ninguém precisa me ajudar, por exemplo, a conversar com um amigo no jantar. Falo direto para quem está do meu lado, na minha mesa. E a internet está fazendo isto: está colocando as pessoas na mesma mesa. Jornais e revistas faziam sentido quando a impressão e a distribuição eram caras. Hoje é tudo de graça. Não é mais o editor que vai escolher quem merece e quem não merece atenção. São os leitores.
Nosso amigo Edu Carvalho, cujo blog só melhora, e que também está em entrevista ao Trama Universitário.
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Julio Daio Borges
17/1/2007 à 00h50
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Concurso de literatura em BH
O concurso Cidade de Belo Horizonte é conhecido de muita gente que atua na literatura. O João-de-Barro, também promovido pela prefeitura da capital mineira, é um dos mais respeitados e sérios concursos nacionais de literatura infantil. A cidade se destaca há décadas pela produção infanto-juvenil, premiada no mundo inteiro. A literatura "para adultos" dispensa comentários.
Pois bem. Estão abertas as inscrições para os Concursos Nacionais de Literatura Cidade de Belo Horizonte e João-de-Barro. O primeiro vai premiar produções dos gêneros ensaio, poesia (autor estreante) e dramaturgia; o segundo, obras dirigidas às crianças.
Os concursos são realizados pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio de sua Fundação Municipal de Cultura. Os regulamentos estão disponíveis aqui.
Muita gente conhecida já ganhou ou ficou na beirinha para ganhar esse prêmio: uma grana boa e a publicação da obra, em anos anteriores. Avante!
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Ana Elisa Ribeiro
16/1/2007 às 17h37
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Fotos e Charutos
Bar Otoni 16, Belo Horizonte, noite, 09/01/2007
Parei o carro debaixo da chuva e dei uma corrida rápida até o bar. Ia ver a exposição de fotos Fantasias de Fidel, de ´
Élcio Paraíso. Os bares às vezes são mínimos e esse não escapou, mas o essencial é o clima e, nesse, eu vi que era bom. (Deus fez o céu, a terra, os bares e também viu que era bom.)
Localizei Élcio, mesa lateral, cercado de conhecidos. Antenas ligadas, atento ao ambiente, o que dá a impressão contrária quando se conversa com ele, como se estivesse meio distraído. É uma falsa impressão. Está atento a você e a tudo mais. Imagino que é a marca do fotógrafo profissional.
Me explicou, em rápidas palavras, a idéia básica da mostra: Fidel faz um discurso de cinco, seis horas e depois vai fumar um charuto. A cabeça deve se soltar, depois do esforço. E isso deve gerar imagens...
Olhei pra parede e lá estavam algumas. Nove fotos em branco e preto, o ato de empunhar um charuto em diversas situações: uma enfermeira, um cãozinho (com um charuto na boca), freiras jogando cartas, um mecânico de motonetas, a barba maior que a do El Comandante, uma moça de perfil; todos manuseando um substancial tarugo.
Notei uma do sujeito na janela de um carro; me chamou a atenção o design daquela porta. Élcio percebeu e me apontou o carro, estacionado na rua, em frente ao bar: "é aquele, meu Karman Ghia." Élcio tem um Karman Ghia(!) prateado.
Um trio alegre e ladino tocava música latina. Ou vice-versa. Violão, percussão e sopros (sax e flauta). E vozes, claro. Três elementos de uma banda maior, União Latina (acho que é isso), formada de treze ou mais hermanos del continiente. O violonista e cantor, Sinuhé, competente e seguro na marcação, quase me fez acreditar que tocariam a "Rumba Azul", pedido meu. A moça da percussão não sabia que música era. Soube depois que não era um trio cubano, apesar da infalível "Guantanamera". Tudo bem, a música tava ótima.
Conheci Liliane Pelegrini, organizadora do evento, a simpatia dela deixa a gente logo à vontade. É jornalista cultural do jornal O Tempo, há tempos o melhor caderno de cultura de Belo Horizonte. Acho eu, mas há controvérsias.
Eu sou leigo em fotografia e me interesso pela transformação da coisa em arte. Quando uma foto entra pra essa categoria? Solicitei, no dia seguinte, uma pequena entrevista (duas perguntas) com Élcio, por e-mail.
Ele respondeu tão bem, por escrito, que o melhor é mostrar na íntegra:
1. O que, na sua opinião, define uma boa foto? (Já que uma foto que esteja nítida e enquadrada, pelo menos, está ao alcance de quase qualquer pessoa...)
Uma fotografia é fruto de como o fotógrafo vê o mundo. Eu, por exemplo, tenho consciência de que uso todo o feedback (que nem é tão grande assim) que tenho de literatura, história, cinema, arte, a serviço da minha fotografia. A técnica também é utilizada a serviço dessa criação, mas é uma parte disso.
A técnica fotográfica é bastante simples de aprender, não leva muito tempo, não. O mais difícil dentro da fotografia é entender, identificar e evoluir um estilo. A boa foto, para mim, tem a marca do fotógrafo e por si só diz a que veio.
E para dizer a que veio o processo de preparação é essencial, captar o momento é importante, mas primeiramente acho necessário identificar o que vai ser fotografado, criar uma história, estudar as possibilidades e sentir o clima. Só depois disso posso resolver qual filme usar, temperatura de cor e iso (sensibilidade do filme ou de captura digital).
2. Em quais momentos você escolhe tirar fotos em preto-e-branco? E coloridas?
Muitas vezes faço o material colorido e quando vou tratar no computador (isso no caso do digital e mesmo da digitalização de um filme) decido que deveria ser preto-e-branco e aí converto a imagem, mas isso é raro acontecer. Gosto de decidir, na hora, a melhor forma de captar o momento. No caso de Fantasias de Fidel decidi o tema, criei o argumento e imaginei as cenas. Neste ponto de preparação decidi que seria feito com uma câmera médio formato (hasselblad 6x6) e, como não conseguia imaginar as cenas coloridas, soube que todo o trabalho teria que ser feito em preto-e-branco. Podemos dizer que a cena nos pede como gostaria de ser captada.
* * *
Élcio me explicou sua formação, jornalista que usa sua experiência em fotojornalismo para a arte no ato de fotografar. Utiliza a técnica para criar seus próprios trabalhos ou projetos, "a possibilidade de contar uma história sem palavras me fascinou completamente". Possui uma agência de fotografia, a Benditafoto. Diz ainda ter tido excelentes resultados aplicando essa técnica em fotos de casamento, por exemplo e "presto serviço para assessorias de imprensa e produtoras culturais fotografando música, comportamento e moda. E ainda toco meus projetos pessoais e trabalho como professor de fotojornalismo em uma escola de fotografia, a Techimage."
Grande Élcio. Foi um prazer conhecê-lo.
Para ir além
As fotos podem ser vistas no site Benditafoto.
[1 Comentário(s)]
Postado por
Guga Schultze
16/1/2007 às 02h53
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