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Quinta-feira,
26/9/2002
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Redação
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Hitchens deixa a The Nation
Depois de 20 anos como colaborador, Christopher Hitchens finalmente escreve sua última coluna para a revista The Nation. Já estava na hora. É o que acontece com intelectuais independentes: não se encaixam em revistas com ideologia definida e fechada. A Vanity Fair, a The Atlantic Monthly e a Harper's continuam publicando o homem que desmascarou personalidades como Henry Kissinger e Madre Teresa, e que acaba de lançar, nos Estados Unidos, um livro sobre seu ídolo, George Orwell. Só estamos esperando chegar aqui.
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Eduardo Carvalho
26/9/2002 às 16h49
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Quote of the day
"This is not something you retire from. It's your life. Writing songs and playing is like breathing you don't stop." [Não é uma coisa da qual você se aposenta. É a sua vida. Escrever canções e tocá-las é como respirar, você não pode parar.]
Foi citação do dia no New York Times. Embora a foto seja do pai do filho daquela moça, do Mick Jagger, a frase é de Keith Richards, companheiro inseparável e crítico mais severo. [Eu gostei tanto de ler isso hoje de manhã que ficaria por aqui mesmo, suprimindo apenas o trecho "canções e tocá-las".]
Em realidade, compõe uma matéria sobre a insistência dos roqueiros em permanecer em atividade. Mick Jagger até que tenta mas as melhores declarações, a exemplo da de cima, são da lavra de Keith Richards: "I want to do it like Muddy Waters - till I drop." [Quero fazer como Muddy Waters - até cair.]
"The Stones are incredibly strong and a well-oiled machine. Ideas keep popping up. After every tour - you've been on the road maybe three years - you go home and forget about it for, like, a year, and then after about 18 months, you start to expect a phone call. And after a few weeks, it'll be like Mick or Charlie saying, 'Are we going to do anything?'"
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Julio Daio Borges
26/9/2002 às 10h55
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A Voz de Deus
Esse site apareceu por acaso. Na tabuleta de entrada, diz o seguinte: "And it came to pass that God visited the earth, and He did behold a series of billboard ads attributing to Him utterances of such banality that they would never pass His lips in a billion years. And it came to pass that God in His wrath considered a libel suit, but in the end opted simply to mount a cantankerous, self-contradictory ad campaign of His own..."
Trata-se de uma compilação de frases Dele, fazendo uma gozação tremenda com a Bíblia, a Igreja e seus eternos intermediários (aí vão algumas, com tradução simultânea, para quem não consegue pegar o inglês):
There is no such thing as killing in my name.
[Não existe essa coisa de "matar em meu nome".]
If you seek to know my ways, read a damn science book.
[Se vocês querem saber o que penso, leiam um maldito livro de ciência.]
E=mc². Yeah, that's one of mine.
[E=mc². Sim, essa é uma das minhas]
The dinosaurs didn't believe in you either.
[Os dinossauros também não acreditavam em vocês.]
Want to know how old the earth is? Ask the earth, not the Bible.
[Querem saber qual a idade da Terra? Perguntem à Terra e não à Bíblia.]
If I wanted you to have seven kids, I would have given you a bigger planet.
[Se eu quisesse que cada um tivesse sete filhos, teria feito um planeta maior.]
I gave you a bigger brain for a reason. Start using it.
[Se eu lhes dei o maior cérebro, foi por uma boa razão. Comecem a usá-lo.]
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Julio Daio Borges
26/9/2002 às 10h14
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Em quem a Tropicália vai votar
Sem muitas novidades, só para constar, segue a entrevista de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jorge Mautner, concedida a Beatriz Coelho da Silva, em que cada um fala de suas preferências políticas. Acabou de sair no Estadão:
Estado - Às vésperas das eleições, como vocês se colocam?
Gil - Eu sou Lula desde o início do segundo mandato do Fernando Henrique, mas não estou na campanha, não tem sido necessário. A campanha está muito tranqüila; o Lula, muito cônscio de seus deveres de candidato. É um candidato primoroso, magnífico que eu espero que se repita como presidente (risos). O Lula que trouxe essa idéia de união nacional em torno de uma posição, um deslocamento complicado. Perigoso, mas necessário.
Estado - E você Caetano, como está nessa situação toda?
Caetano - Estou igual, mas a situação está mudando tanto!... Desde o início, gosto dos três candidatos, o Ciro, o Lula e o Serra, das qualidades individuais e do valor histórico das três candidaturas. Não me decidi, mas o Brasil já se decidiu. O que não quer dizer que o Lula já ganhou a eleição. Eu estive com ele na casa do Gil e não disse que ia votar nele. Mas não disse também que não ia votar. Transmiti meus receios das pressões internas e externas. Mas é como o Gil disse. Não é por ser arriscado que você vai deixar de querer, né? As pressões que eu temia com o Lula talvez sejam piores com outro presidente. Eu tinha muita simpatia pelo Ciro Gomes, por causa das coisas que ele falava e ao Mangabeira Unger. Digo isso desde quando o Ciro tentou a eleição há quatro anos e não vi ser publicado na imprensa. Tenho vontade de votar em Ciro só para me opor a isso, mas meu voto é secreto. E o Ciro implodiu a candidatura, com aquelas coisas que falou, o modo de se comportar. Parece que não quer, inconscientemente. Estou falando como um psicanalista (risos), mas é porque gosto muito dele.
Estado - E o Serra?
Caetano - É o candidato mais razoável. Mas é chato falar de política porque parece que estou tomando posição. Não é o caso do Gil que tem uma posição clara. Eu não tenho. Então, eu fico contando às pessoas as minhas dúvidas, por onde minha cabeça anda, os caminhos que ela percorre. Mas o Serra é excelente, vem da área mais bem-sucedida do governo Fernando Henrique Cardoso, por causa das conquistas importantes do Ministério da Saúde, da altivez brasileira no caso dos genéricos. E o Serra foi, no governo Fernando Henrique, o maior crítico dos aspectos menos aceitáveis pelas mentes progressistas das decisões da equipe econômica. Ele deveria representar de pacificação da sociedade e Lula, a ruptura, mas o que a gente está vendo é Lula como consenso.
Estado - Como vocês imaginam o Brasil em 2003, seja lá quem for o eleito?
Gil - Eu imagino que vai dar muito trabalho. Lula vai dar trabalho (risos), não quer dizer exatamente que vai dar emprego. Tomara que esse trabalho se transforme em emprego (risos).
Caetano - Eu tenho dificuldade de imaginar o futuro próximo porque a situação mundial é intensamente dramática.
Mautner - Eu vejo o Brasil com o maior otimismo. As novas gerações vão construir tudo, novas estradas, livros, canções. Eu sou um otimista convicto em nome de Jesus de Nazaré e Xangô do candomblé.
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Julio Daio Borges
26/9/2002 às 09h52
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Suicídio na GV
O boato, agora, é que Heloisa Andrade, uma das flagradas na festa da GV, cometeu suicídio. A notícia é quente, por enquanto - amanhã de manhã todos vão estar falando sobre isso, e à tarde deixará de ser novidade. Não há nenhuma declaração oficial, que eu saiba.
E nem essa aí, que, para quem não sabe, foi publicada num site de humor - em uma seção exclusiva para notícias inventadas. Mentira, portanto.
O(s) responsável(eis) pelas fotos, aliás, já está(ão) demorando para aparecer - será que rastrear e-mails e descobrir de onde foi remetido o original é tão difícil assim? Bem; que seja. O fato é que, mais cedo ou mais tarde, ele vai aparecer e a notícia vai se espalhar: e ele será a próxima vítima a ser massacrada pela mídia, recebendo a mesma - ou pior - punição do que receberam os fotografados.
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Eduardo Carvalho
26/9/2002 à 00h09
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Claro como as trevas
Desculpem-me pelo atraso: é que o meu exemplar da revista leva umas duas semanas, de Manhattan aos Jardins. A leitura, porém, dificilmente fica datada. As idéias demoram muito mais do que isso.
Na revista New Yorker de 16 de setembro, Louis Menand, vencedor do Pulitzer em História neste ano, resenhou os livros sobre os ataques de 11 de setembro lançados nos EUA. Começa com os best-sellers Noam Chomsky ("9-11") e Gore Vidal ("Perpetual War for Perpetual Peace: How We Got to Be So Hated"), que, sinceramente, todo mundo sabe qual é o discurso, imutável há décadas. (Curioso que os livros mais vendidos nos Estados Unidos sejam de autores tão admirados e repetidos pela esquerda brasileira, que, por sua vez, insiste em dizer que americanos estão "alienados" e alheios à postura internacional adotada pelo seu governo.)
Passa pelo francês Jean Baudrillard ("The Spirit of Terrorism and Requiem for the Twin Towers") e pelo esloveno Slajov Zizek ("Wellcome to the Desert of the Real!"), dos quais ninguém, que eu saiba, falou por aqui. Tem também o politicamente incorreto Dinesh D'Souza's ("What's so Great About America"; assim, sem interrogação mesmo), que, se anda fazendo um barulhão nos Estados Unidos, continua praticamente anônimo no Brasil.
Menand conclui que, no final das contas, os discursos são quase sempre definitivos e simplistas - quando não, como no caso de Vidal, apenas aproveitamento da ocasião para vender livros. E fecha o balanço negativo com uma afirmação sensata:
"One reason it is so hard to describe the "character" that September 11th revealed is that it involves us in paradox. There was spontaneous patriotism-the flags, the "United We Stand" posters, the widespread support for the war in Afghanistan. There was spontaneous compassion-the flowers around firehouses, the donations of money and blood, the concern for the victims as individuals. If you try to link these responses in a formula, you get something like: Americans are willing to fight, and even to die, for the belief that no one should be made to die for a belief. And: Americans hold it to be a transcendent truth that it is possible to live a good life without loyalty to a transcendent cause. The formulations are fuzzy because "a way of life" has many aspects. There is no perfect clarity. Let us be clear about that."
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Eduardo Carvalho
25/9/2002 às 22h09
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A leader without followers
Neste dia 25 de setembro, Glenn Gould, segundo Charles Michener, The Man Who Made Bach Cool, completaria 70 anos (se não tivesse morrido de um ataque do coração em 1982; aos 50, portanto). Pianista e canadense, ficou famoso por abandonar precocemente - e em definitivo - a chamada sala de concerto (a qual sugestivamente apelidou de "arena sangrenta").
O Arts & Letters Daily, para variar, preparou uma das melhores seletas de links sobre ele. Há inclusive um para uma rádio, transmitindo gravações e performances ao vivo, via Real Audio: a especialmente denominada Variantions on Gould, da CBS.
Ainda com relação aos links, os melhores são: The CBS celebrates Glenn Gould, o supracitado "The Man Who Made Bach Cool: Glenn Gould and His 'Goldbergs'", do New York Observer, e Glenn Gould's bookends, simultaneamente no New York Times e no Herald Tribune.
(E a imprensa cultural brasileira dormiu, mais uma vez, no ponto...)
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Julio Daio Borges
25/9/2002 às 13h40
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Contrary to popular beleif
Embora Marcelo Bernardes afirme hoje no Estadão que a Feira da Vaidade, com Madonna na capa, está nas bancas desde a semana passada (na verdade, está desde o começo do mês), compila algumas passagens interessantes da fase cabala [isso mesmo, cabala] da pop-star.
Apesar da pose ser essa aí mesmo, que você está vendo, e da declaração típica da antiga fase ("I'm not particulary fond of kissing strage men - contrary to popular beleif", algo como: "Eu não sou dada a beijar estranhos - ao contrário do que comumente se acredita"), há trechos "maduros" como os que vêm a seguir:
"Se você me encontrasse sete anos atrás, veria que eu era totalmente egoísta. Não tinha filhos, então meu universo era, eu, eu, eu.
"Não pensava muito antes de falar, nem de atuar, estava vivendo roboticamente. Embora pensasse que era rebelde, uma outsider, eu ainda era uma ovelha. [Ovelha?]
"É enfurecedor se você é a pessoa que quer ver o trabalho ser feito logo, mas às vezes é agradável constatar que você não pode comprar as pessoas [sobre uma tentativa de suborno de um encanador, em Londres, para executar um serviço no domingo].
"Não tenho de competir com ninguém de 18 anos.
"Estou escrevendo agora uma coleção de histórias para crianças com meu marido."
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Julio Daio Borges
25/9/2002 às 10h01
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Uma tetéia
Atenção solteiros e voyeurs de plantão: se eu estou certo, uma das melhores coisas de A Teia de Chocolate (Merci Pour Le Chocolat), filme de Claude Chabrol, que estréia logo mais na cidade, é assistir a Anna Mouglalis [a moça da foto aí em cima...]. Trata-se de uma tetéia, na definição que Ruy Castro conferiu a Diana Krall.
Pois é, Anna Mouglalis vem ao Brasil (mais precisamente a São Paulo) para a pré-estréia do mesmo Merci Pour Le Chocolat, conforme acaba de nos informar a assessoria de imprensa da Pandora Filmes. Vai ser na sessão do Cineclube DirecTv, nesta segunda-feira, dia 30, às 21h40. [Mas não é para espalhar.]
If you see her, say hello.
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Julio Daio Borges
24/9/2002 às 17h21
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Antikythera
Não parece, mas em 100 A.C., essa engenhoca já serviu para "prever as posições do sol e da lua no zodíaco em qualquer data" passada, presente ou futura. Trata-se do(a) Antikythera: um "computador astronômico" [não me culpe, não fui eu quem inventou a expressão].
Está em uma reportagem da Economist, também para provar que os Antigos Gregos dominavam igualmente "a mais complexa tecnologia mecânica":
"The Greeks believed in an earth-centric universe and accounted for celestial bodies' motions using elaborate models based on epicycles, in which each body describes a circle (the epicycle) around a point that itself moves in a circle around the earth. Mr Wright found evidence that the Antikythera mechanism would have been able to reproduce the motions of the sun and moon accurately, using an epicyclic model devised by Hipparchus, and of the planets Mercury and Venus, using an epicyclic model derived by Apollonius of Perga. (These models, which predate the mechanism, were subsequently incorporated into the work of Claudius Ptolemy in the second century AD.)
"That tallies with ancient sources that refer to such devices. Cicero, writing in the first century BC, mentions an instrument 'recently constructed by our friend Poseidonius, which at each revolution reproduces the same motions of the sun, the moon and the five planets.' Archimedes is also said to have made a small planetarium, and two such devices were said to have been rescued from Syracuse when it fell in 212BC. This reconstruction suggests such references can now be taken literally."
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Julio Daio Borges
24/9/2002 à 00h20
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