Blog | Digestivo Cultural

busca | avançada
44398 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Show de Renato Teixeira em SCS
>>> Bora Pro Baile: Gafieira das Américas
>>> Ícone da percussão no mundo, Pascoal Meirelles homenageia Tom Jobim com show em Penedo
>>> Victor Biglione e Marcos Ariel celebram 30 anos de parceria em show no Palácio da Música
>>> Hospital Geral do Grajaú recebe orquestra em iniciativa da Associação Paulista de Medicina
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lisboa, Mendes e Pessôa (2024)
>>> Michael Sandel sobre a vitória de Trump (2024)
>>> All-In sobre a vitória de Trump (2024)
>>> Henrique Meirelles conta sua história (2024)
>>> Mustafa Suleyman e Reid Hoffman sobre A.I. (2024)
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
Últimos Posts
>>> A Cultura de Massa e a Sociedade Contemporânea
>>> Conheça o guia prático da Cultura Erudita
>>> Escritor resgata a história da Cultura Popular
>>> Arte Urbana ganha guia prático na Amazon
>>> E-books para driblar a ansiedade e a solidão
>>> Livro mostra o poder e a beleza do Sagrado
>>> Conheça os mistérios que envolvem a arte tumular
>>> Ideias em Ação: guia impulsiona potencial criativo
>>> Arteterapia: livro inédito inspira autocuidado
>>> Conheça as principais teorias sociológicas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Os meninos da rua Paulo
>>> A Flip como Ela é... III
>>> Por trás das sombras
>>> Vanguarda e Ditadura Militar
>>> Sobre a leitura na tela de jornais e revistas
>>> As Meditações de Marcus Aurelius
>>> Três discos instrumentais imperdíveis
>>> Chicas de Bolsillo e o fetiche editorial
>>> As alucinações do milênio: 30 e poucos anos e...
>>> Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
Mais Recentes
>>> Prólogo, Ato, Epílogo: Memórias de Fernanda Montenegro pela Companhia Das Letras (2019)
>>> Minha História de Michelle Obama pela Objetiva (2018)
>>> Rita Lee: Uma Autobiografia de Rita Lee pela Globo (2016)
>>> A Compacta História Do Mundo de Roshen Dalal pela Universo Dos Livros (2024)
>>> A Vida Como Ela É... 25 Histórias Inéditas de Nelson Rodrigues pela Nova Fronteira (2023)
>>> Mentes Ansiosas: Medo E Ansiedade Nossos De Cada Dia (autografado) de Ana Beatriz Barbosa Silva pela Principium (2017)
>>> Mentes Depressivas - As Três Dimensões Da Doença Do Século de Ana Beatriz Barbosa Silva pela Principium (2016)
>>> Bullying - Mentes Perigosas nas Escolas de Ana Beatriz Barbosa Silva pela Fontanar - Grupo Cia Das Letras (2010)
>>> Mentes E Manias: Toc - Transtorno Obsessivo Compulsivo de Ana Beatriz Barbosa Silva pela Fontanar (2011)
>>> Princípios De Finanças Corporativas de Richard A. Brealey pela Amgh (2008)
>>> Princípios De Finanças Corporativas de Richard A. Brealey pela Amgh (2008)
>>> Comportamento Organizacional de Stephen P. Robbins pela Pearson; Prentice Hall (2008)
>>> Interpretação E Aplicação Da Constituição de Luis Roberto Barroso pela Saraiva (2009)
>>> Teoria Geral do Direito Tributário. de Alfredo Augusto Becker pela Lejus (1972)
>>> Gestão de escritórios e departamentos jurídicos : a profissionalização do serviço jurídico para gestores e advogados 2ª Tiragem 2022 de Soares, Fábio Lopes Pedro, Wagner Osti ( pela Lumen Juris (2022)
>>> Princípios Elementares do Comportamento 2 de Whaley - Malott pela Epu (1971)
>>> Psicanálise da Criança - Teoria e Técnica de Arminda Aberastury pela Artes Médicas (1989)
>>> Estratégia Do Oceano Azul de W Chan Kim, Renée Mauborgne pela Campus/E lsevier (2005)
>>> Comportamento Do Consumidor Brasileiro de Tania Maria Vidigal Maria Vidigal Limeira pela Saraiva (2017)
>>> Cem Anos De Solidao de Gabriel Garcia Marquez pela Record (2015)
>>> Piaget para a Educação Pré-escolar de Constance Kamii Rheta Devries pela Artes Medicas (1992)
>>> Histórias Para Ler Sem Pressa de Anonimo pela Globo (2008)
>>> 1800 Mechanical Movements, Devices And Appliances de Gardner D. Hiscox pela Dover Publications (2007)
>>> Portugal Brasil Entre Gente Remota de Frederic P. Marjay/ Otto de Habsburg pela Livraria Bertrand Lisboa (1965)
>>> Religiões E Filosofias de Edgard Armond pela Aliança (2004)
BLOG

Sexta-feira, 16/3/2007
Blog
Redação
 
TV pública ou estatal?

Com muita falação - e pouca informação - na mídia a respeito do antiprojeto de criação de uma TV pública aqui no Brasil, fica mais uma vez patente a falha da imprensa em geral (com algumas poucas e honrosas exceções) em um de seus papéis essenciais: informar, esclarecer, elucidar.

Este colunista quer crer que não é nem ingênuo nem daqueles que vêem conspiração em tudo. Porém, vê com ceticismo esse tipo de ausência de debate. Há casos e casos. Em alguns, despreparo. Em outros, genuíno desejo de não esclarecer. Em outros ainda, as duas coisas.

Alberto Dines levantou questões interessantes em sua coluna no Observatório da Imprensa. A confusão, neste caso da TV, vem de berço: é uma TV pública ou uma TV estatal? Há diferenças cabais entre as duas coisas. São quase contrários.

Muito se lê por aí sobre o diz-que-diz de ministros para lá e para cá e pouco sobre o que realmente importa. Nas palavras de Dines: "está comprovado que o cidadão médio não sabe a diferença entre público e estatal e a mídia não está interessada em desfazer esta confusão".

Uma TV pública recebe recursos do governo mas (acredite) tem autonomia de gestão. Além disso, abarcam emissoras educativas. Por não terem que concorrer com emissoras comerciais podem teoricamente levar ao ar uma programação diferenciada e de qualidade.

Já uma TV estatal, além de receber recursos governamentais, é controlada pelo Estado. Sua programação consiste em divulgação e promoção de seus feitos, além de fazer sua defesa. Algo bem diferente de uma emissora pública.

Uma discussão honesta e ampla sobre o assunto é fundamental. Não só pela filosofia da emissora, mas também pelo que ela representa de ônus aos cofres públicos: o orçamento inicial é de R$ 250 milhões.

Onde há fumaça, há fogo. Será que a mídia vai continuar se ausentando do debate?

[3 Comentário(s)]

Postado por Guilherme Conte
16/3/2007 às 15h56

 
Crowdsourcing, the blog

Hi. My name is Jeff Howe. I'm a contributing editor to Wired Magazine, and I recently published an article about a phenomenon I call Crowdsourcing. The article explored the ways in which the amateur - defined as scientists, writers, photographers or anyone else working outside an organizational structure like a firm - has become an increasingly significant economic force in our world. This Web site will primarily continue that mission. Journalists regularly gather far more material than they can use. This was especially true in this case, and so the Web site will allow me to cast some light on the many fascinating people and ideas that didn't make it into the article.(...)

Finally, I'd like Crowdsourcing.net to be more of a forum than a bully pulpit. To that end, the Web site will function more like a single-subject journal than a blog. I intend to solicit and accept submissions to the site. I won't guarantee publication, but I'll promise to exercise as light an editorial hand as possible in my selections. If it adds to the discussion without insulting or offending any party, I'll publish it. The result should be something of a Speaker's Corner. At first I'll probably be the only one speaking, pounding on the podium for attention, but with any luck a loud and raucous crowd will clamor to be heard.

Jeff Howe, no blog que dará origem ao livro (porque... alguém tem alguma dúvida de que será um novo The Search ou The Long Tail?)

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
16/3/2007 à 00h08

 
Fui eu que matei Paulo Francis

(Não tive tempo de escrever antes. Aqui vai meu texto em homenagem ao Paulo Francis.)

No final de 1996, selecionei dois ou três contos que havia escrito e mandei por fax para a Globo de Nova York. Destinatário: Paulo Francis. Fazia tempo que eu queria mandar aquele fax, mas não tinha coragem. Mandar textos para o Paulo Francis era quase como dar em cima daquela garota por quem você (ou eu) era secretamente apaixonado no colégio. A rejeição seria intolerável.

Mandei e algumas horas depois alguém da Globo telefonou para a minha casa. Eu estava no banho. Disseram que voltariam a ligar. Nunca mais ligaram e eu nunca soube o motivo da ligação. Talvez algum funcionário zeloso: "Você tem certeza que quer mostrar isso pro Francis?".

No começo de 1997, estava comendo um McChicken no estacionamento do McDonald's de Alphaville quando liguei o rádio e ouvi o locutor dizer, lentamente: "Franz Paul Trannin da Matta Heilborn". Paulo Francis estava morto.

Continuei comendo o McChicken. Chorei.

Eu não devia ter mandado os contos. Foi pior que rejeição. Meus textos eram tão ruins que tinham matado o Paulo Francis.

P.S. - No carnaval de 97, arrisquei a vida do Diogo Mainardi. Mandei aqueles mesmos textos para ele. Mainardi era mais jovem. Sobreviveu.

P.P.S. - A última vez que Paulo Francis apareceu na televisão foi no Manhattan Connection, exibido dois dias antes de sua morte. Suas últimas palavras foram: "Boa noite, Fabio". Ele não estava se referindo a mim, claro que não, mas lembro disso como uma espécie de despedida. Ele dá boa noite, se levanta e, antes de ir embora, apaga a luz.

Nota do Editor
Texto originalmente publicado no blog do Fabio, que sugeriu sua republicação aqui, dentro do Especial "10 anos sem Francis".

[3 Comentário(s)]

Postado por Fabio Danesi Rossi
15/3/2007 à 00h40

 
Máxima metidez

Depois de quase um ano estudando alemão só por livros didáticos, me cansei de ler coisas como Ouça o diálogo abaixo e depois responda às perguntas e Você já passou por alguma situação parecida à de Jan e Klaus? Escreva-a e depois conte-a para sua turma e, tupinambá abusado, passei por cima dos Irmãos Grimm e comprei logo Minima Moralia, do Adorno, pra ver se conseguia aprender alemão sem precisar voltar a ser criança. Tsc, Rolf, tsc, Rolf, nicht so schnell, que faço questão de colocar assim, em teutão, porque continuo metido, apesar de só ter entendido, do primeiro aforismo do livro, as frases com menos de cinco palavras. Mas, ora, não existe fracasso tentando aprender alemão. É como se sentir um estúpido porque os símbolos de La Double Vie de Véronique apareceram e desapareceram com o mesmo mistério; porque as Kreislerianas de Schumann são virtuosas demais e os temas ficam mais ou menos ocultos, embaralhados. Não dá, não há fracasso aí. Determinadas ações não exigem a obtenção do fim desejável para serem honrosas. Hein? Ação honrosa? Tal coisa existe? Ou tudo é honroso ou nada é honroso, já li isso em algum lugar, mas não me importo. Aliás, com nada. Gleichgültig ob aus Talent oder Schwäche... (Indiferente quer pelo talento quer pela fraqueza...) Este primeiro aforismo de Adorno é dedicado a Marcel Proust.

Rolf Lima, no MacFern, que linca pra nós.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
14/3/2007 à 00h34

 
Portugal é bem ali

Hoje mesmo apareci na bela vitrine literária do site da Pitanga. Trata-se de uma loja em Lisboa que também se preocupa com literatura. Estão na vitrine, entre outros, Antônio Barreto, Cristiane Lisbôa, Fabrício Carpinejar, Marina Colasanti e Luís Giffoni. O site é lindo, a idéia é superbacana. Luisa, a dona do empreendimento, mantém contato com brasileiros e portugueses que publicam em suas vidraças virtuais. Nem só de moda vive a Pitanga. E o Digestivo está lá.

[2 Comentário(s)]

Postado por Ana Elisa Ribeiro
13/3/2007 às 12h07

 
Intravenosa

Eu queria escrever meu nome em algum lugar que tivesse muita visibilidade. Um outdoor no meio da Paulista, por exemplo. Ou um comercial da Globo em pleno horário nobre. Minha certidão de nascimento envolta por luzes coloridas e algum slogan ridículo embaixo. A fama. Eu queria a fama mais barata e fácil que alguém jamais ousou imaginar. Aquela que não custa esforço algum, que não requer qualquer movimento muscular brusco e que não tira o sono com algum tipo de culpa. A fama de uma dançarina de axé, por exemplo. A fama de quem balança as ancas. Mas eu não tenho ancas para balançar.

Então decidi escrever um conto qualquer, desses que marcam época. Uma história sobre o nada, com cavalos decapitados e pessoas alvoroçadas com a chegada das tropas russas. Desisti quando percebi que não faria o menor sentido para as massas. Talvez eu conseguisse algum sucesso póstumo, quando um maluco qualquer descobrisse que eu havia sido uma grande filósofa mal-compreendida. Mas assim não adianta. A fama só vale para quem tem sangue correndo nas veias, e não para um par de fêmures esquecidos num ossário. Desisti mais uma vez.

Sem saída, passei a usar drogas de todos os tipos: orégano, pó-de-mico, AAS infantil, perfume falsificado, longas tardes diante da TV, cola branca com pão francês e até mesmo intermináveis seções-pipoca assistindo filmes do Stallone. Nada adiantou. Minha última tentativa foi um galhinho de arruda atrás da orelha e três sementes de romã dentro da carteira. Por algum milagre sobrenatural, esta mistura natureba mostrou o caminho que eu tanto procurava: as palavras. Escrever seria minha dose de morfina, aquela que cura qualquer dor. Naquele momento já existia um vício irreversível incorporado à minha vida.

Com o tempo, no entanto, senti que precisava de mais, muito mais, e que minha produção caseira da droga já não bastava. Nos últimos três anos, muitas vezes meu cérebro saiu para comprar cigarros e voltou semanas mais tarde, sem dar qualquer satisfação. Quando isto aconteceu, tentei me virar sozinha com gotas vencidas de analgésico vagabundo. Minha sobrevivência foi minguando. Até o dia em que... Bem, eu não lembro direito como aconteceu, mas acho que passei a dar plantão em escolas e botecos, sempre segurando uma plaqueta com os dizeres "precisa-se de traficantes com ou sem prática". O resultado é que hoje somos um exército, uma horda, um bando de produtores viciados. E se você ainda não caiu nesta, duvido que resista por muito tempo.

Vanessa Marques, sobre os Morfinéticos, que eu descobri só hoje...

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
13/3/2007 à 00h25

 
Amar é burocrático

Deu ontem, no jornal do meio-dia: eleitor que deixou de votar nas últimas eleições e não justificou o voto pode ter o título de eleitor cancelado. Nunca fui muito dada à ilegalidade e confesso que uma notícia dessas me cai como se uma diretora de escola apontasse seus dois dedos indicadores para mim, vociferando, me julgando e quase me chamando de burra. Um chapeuzinho pontudo, com orelhas, e um chá de cadeira atrás da porta completariam a cena. Por isso, a boa aluna aqui, imediatamente, pegou a bolsa e foi bater pernas no TRE, pedir perdão ao juiz e tentar justificar a falta às urnas e a demora em me apresentar à justiça eleitoral.

Número da senha: 128. Isso significa que eu tenho 14 números à minha frente antes para poder pensar numa justificativa plausível. O que poderia dizer? "Sra. funcionária do TRE, por favor, queira dizer a Sua Excelência, o Sr. Juiz, que não compareci às urnas no segundo turno das eleições do ano passado porque estava noutra cidade... é que eu estava completamente apaixonada por um homem. Aceitei o convite dele, larguei tudo e fui atrás, acreditando que fôssemos viver felizes para sempre, como nos contos de fada. A Sra. entende, não é mesmo? Caí no conto da fada!" Com certeza, a funcionária seguraria a minha mão e, com a vasta experiência que aparenta ter, me consolaria. "Pobre coitada, eu sei como é isso." Ou não: "E você acreditou?! Vai ser ingênua, hein, minha filha?"

Faltam 10 números... Não. Você precisa justificar o voto, não a sua vida. Vamos lá... Algo mais burocrático e dito com firmeza. "Sra. funcionária, não votei porque estava em outra cidade." "A trabalho?", certamente ela vai perguntar. "Não... por a-a-a...amooooooooooor...", e eu recomeçaria o chororô. Não. Definitivamente. Paremos com isso. Algo curto e grosso! "Por que você não votou nas últimas eleições, minha filha?" "Porque eu não quis! Pronto! Não tava a fim, sacou?"

5 números... Não posso ser tão grossa assim. Um meio termo. Vejamos... Inventar que viajei a trabalho? Ou: "porque fui visitar a família", embora não tenha ninguém da minha família morando em Natal... A passeio? Não, fica parecendo que sou alienada e que não me preocupo com o futuro político do país. E isso seria uma calúnia!

3 números. Arf! Tá chegando a minha vez e eu ainda não sei que diabos dizer... "Mea-culpa, mea maxima culpa! Agora me dá logo esse certificado de quitação eleitoral!"

2 números... "Motivos pessoais que não posso revelar."

Fudeu! Sou a próxima e não faço a menor idéia do que dizer. Dá tempo de apelar para algum santo? Aliás, tem santo da oratória impecável? Demóstenes não era santo e nunca vi ninguém invocar orador grego...

128!

Sabe aquela hora que parece não passar nunca, entre a leitura do número no painel, o levantar-se da cadeira, dirigir-se para o guichê, em câmera lenta, enquanto a mulher fala com a voz toda enrolada "o pró-ó-ó-óximmmo"?

Para alongar ainda mais o percurso que se derrete como os relógios de Salvador Dali, uma criança corre e atravessa o meu caminho, tudo em slow-down. E em slow-down, tropeço na menina e quase deixo cair senha, papéis, bolsa e agenda.

"Cento e vinte e oito!", grita a funcionária. Eu me sento diante dela, entrego a papelada. Entro muda e saio calada. A atendente sequer me pergunta por que não votei ou o que estou fazendo ali. Emite logo um certificado e uma solicitação ao juiz para regularizar minha situação eleitoral. E só. Passar bem.

"Passar bem?!" E o que eu faço com todos esses minutos de angústia numa fila burocrática pensando em que gaveta do ostracismo devo enfiar tanta justificativa?

Saio dali com a impressão de que ficou tudo entalado na garganta, junto com um amor inacabado... Justificativa para quê? E quem quer saber? Talvez o amor seja menos burocrático sem elas, tanto quanto os certificados de quitação eleitoral.

[1 Comentário(s)]

Postado por Pilar Fazito
12/3/2007 às 16h53

 
Mensagens encaminhadas

Tem coisa mais impessoal? E elas estão lá, todos os dias, enchendo a minha caixa de e-mails. Por que as pessoas gostam tanto de mandar esse tipo de mensagem? É claro que é uma maneira de se fazer notar, ser lembrado, sei lá... mas são seria mais fácil dizer um simples "oi, como vai?". Dependendo do e-mail que recebo até já sei qual é o conteúdo. A maioria deles apresenta imagens acompanhadas geralmente por textos longos e música bem chata. Pra não perder tempo, muitas vezes, acabo deletando sem ler. Sim, porque essas "pragas" são repassadas numa velocidade e quantidade absurdas. Não há lixeira que dê conta. Eu sei, eu sei que tem até uma mensagem que explica por que os amigos(?) enviam mensagens encaminhadas. Já li essa também. Mas, não, nada me convence a mudar de opinião. Confesso a vocês: eu gosto de exclusividade, de coisas inéditas, de e-mails pessoais, de receber notícias dos amigos, de palavras ditas/escritas só pra mim (nem que seja apenas um oi, viu?). Sei que de boas intenções o mundo está cheio mas, por favor, ninguém precisa reenviar nada pra provar que gosta ou lembra de mim. Ah, e antes que eu esqueça: se quiserem mesmo agradar, podem mandar beijos, mas evitem "beijos no coração". Quem me conhece bem já sabe disso...

Rose, no Nove Letras, que linca pra nós.

[3 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
12/3/2007 à 00h55

 
Passos enfileirados

Todo mundo tem certos objetivos na vida. Alguns querem ganhar dinheiro. Outros, ser famosos ou reconhecidos por seu trabalho. Há aqueles que querem morar no estrangeiro, viajar o mundo, ter filhos ou encontrar um grande amor.

O meu objetivo é construir um lugar, um refrigério d'alma, para cuidar das pessoas. Mais ou menos o que tento fazer no espaço virtual, é meu objetivo transformá-lo em espaço físico, num local afastado, para encontros, cuidados e abraços reais. Não há nada, nada que preencha mais a minha alma de alegrias do que cuidar das pessoas e de mim. Escrever histórias foi só uma forma que eu encontrei de cuidar, estando longe, quando eu ainda não podia estar perto. É que meu coração nasceu muito frágil e eu precisei de trinta anos para armá-lo de amor. Não deixarei de escrever, mas escrever é só uma forma de cuidar. Assim como é fazer um carinho, um bolo, costurar uma meia, ouvir um velhinho.

É por isso que eu acordo feliz, todos os dias, para ir ao meu trabalho tão chatinho. Ou visto as mesmas roupas, ou deixo de ver o filme que eu tanto queria ver para investir o dinheiro numa muda de flor. Eu olho essa foto e digo: exatamente assim é o portão da minha casa, sem trinco, sem cadeado, para entrar quem estiver cansado. Amigo, grande amigo, leitores, conhecido, desconhecido, até o ladrão se quiser, roubar um saco de pão, a vitrola velha e se encantar com a paz.

Rita Apoena, no seu blog, que eu acabei de encontrar.

[2 Comentário(s)]

Postado por Julio Daio Borges
9/3/2007 à 00h19

 
Apareça na Berinjela ou...

Neste sábado (10 de março) no Rio, e segunda que vem (12 de março) em São Paulo vai ter mais um lançamento coletivo das editoras 7 Letras e Cosac Naify. E não se pode sequer reclamar que não há poesia, todas as publicações - exceto uma - são de poetas e sobre poesia.

Angélica Freitas com Rilke Shake, Marília Garcia com 20 poemas para seu walkman e Ricardo Domeneck com A cadela sem Logos pela Coleção Ás de Colete, coordenada por Carlito Azevedo.

E ainda, pela 7 Letras, Atos de repetição de Valeska de Aguirre e Poemas do front civil de Ariosto Teixeira.

Além da chegada do número 19 da revista literária Inimigo Rumor e 16 da revista Ficções.

Para ir além
No Rio de Janeiro, dia 10 de março, às 10h, na Livraria Berinjela (Av. Rio Branco, 185, subsolo, loja 10); em São Paulo, dia 12 de março, às 20h, no Bar Balcão (Rua Dr. Melo Alves, 150).

* * *

No dia 14 de março, o Dia da Poesia, às 19h, a Casa das Rosas (Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura) recebe o Varal de poesia, instalação concebida por Sandra Ciccone Ginez. O projeto traz camisetas com poemas dos autores Glauco Mattoso, Ana Rüsche, Cláudio Daniel, Alice Ruiz, Del Candeias, dentre outros.

[Comente este Post]

Postado por Elisa Andrade Buzzo
9/3/2007 à 00h10

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




o rei das montanhas
Edmond Ebout
Itatiaia
(1963)



The Mahabharata a Shortened Modern Prose Version of the Great Indian
R. K. Narayan
Heinemann
(1978)



Brasil, Olhar de Artista
Kátia Canton
Dcl
(2008)



Manaus Meu Sonho
Jopaquim Marinho
Valer
(2010)



Livro Can You Spot The Spotty Dog? A Hide-And-Seek Book
John Rowe
Red Fox
(1996)



Shirley Souza
Shirley
Espelho Não Mente?
(2008)



Aeroportos - Do Campo de Aviação à Área Terminal
Rubens Rodrigues dos Santos
Contar
(1985)



Cidades e Soluções - Como Construir uma Sociedade
André Trigueiro
Leya Casa da Palavra
(2017)



Boxing´s 5 Killer Punches
Champ Thomas ; Don Ehrlich
Unusual Sports Attractions
(1976)



A Stranger in Tibet: Adventures of a Zen Monk
Scott Berry
Flamingo
(1991)





busca | avançada
44398 visitas/dia
1,9 milhão/mês