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Quinta-feira,
29/3/2007
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Redação
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dois meses depois
sei... que merda, né? a vida entrou em uma estagnação tão grande que nem entrar aqui consegui... também, estava de saco cheio de tentar entender como mexer neste blog e ainda a autocrítica... mas também aprendi, outro dia, que pela crença budista nunca se deve deixar algo pela metade, têm de levar até o final... e quer saber? este blog não chegou ao seu final... mesmo que ninguém leia... fica aí... é isso... voltei... meu ano começou ontem... sinto isso... vamos ver no que dá.
Mario Surcan, no Whyke in Wonderland, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
29/3/2007 à 00h55
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Saudações
Um dos objetivos deste blog é divulgar o trabalho independente de escritores que ainda não entraram no circuito comercial ou que já entraram, mas ainda não foram descobertos pela mídia. Portanto, começo divulgando o meu próprio trabalho.
C.N.David, no Literatura Popular, um blog que, de certa forma, se inspira nas teorias do LEM sobre a LPB...
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Postado por
Julio Daio Borges
28/3/2007 à 00h51
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Nova Mídia
Ilustra por Guga Schultze
Uma menininha pulando corda, feliz da vida e com a vida, num dia claro de céu azul, sobre a grama verde de um cemitério.
É um cartoon animado e, como todo cartoon, segue a máxima: "uma imagem vale mais que mil palavras" (o Millôr não acha que vale. Eu, modestamente, acho que às vezes vale).
É uma animação primária, são só dois frames alternadamente superpostos num loop contínuo. É claro que esse cartoon funcionaria também como um desenho tradicional, uma imagem parada. E poderia ser publicado em revistas e jornais, por exemplo. Alguém eventualmente o veria, acharia engraçado ou não, se demoraria um pouco, ou não, e passaria à página seguinte. Em um dia, uma semana ou um mês uma nova edição do jornal ou da revista estaria nas bancas e o cartoon estaria no lixo. Também seria possível transformá-lo numa animação tradicional, mas o custo disso é impensável para uma animação tão primária.
No entanto, eu estou na internet. Essa menininha pulará feliz por uma eternidade, num ponto qualquer da rede. Enquanto ninguém a deletar ela será vista por mais pessoas do que eu posso imaginar e continuará passando sua mensagem inalterável, a longo prazo. A um custo de praticamente zero, eu a coloco na roda do grande jogo.
Ela está num ponto qualquer entre os infinitos nós de uma vasta rede esférica. Por que esférica? Porque qualquer ponto numa superfície esférica tem a estranha faculdade de ser o ponto mais alto. Todos estão no topo, ao mesmo tempo. É um nivelamento por alto, e não por baixo. Isso é a internet. Essa menininha pode encarar tranqüilamente uma outra animação de milhões de dólares. Isso seria inviável em qualquer outra forma de publicação convencional.
Haverá alguém, posso apostar, que gostará mais da minha garotinha, até como um trabalho de animação, do que da seqüência final mirabolante de um Final Fantasy ou de uma propaganda milionária, por exemplo. Quem quiser pode revê-la quantas vezes queira, a um toque de dedos. Eu posso mostrá-la em sites, blogs, mandar via e-mail para amigos ou conhecidos. Posso brincar um pouco, editar um pouco, colocar alguma trilha sonora e mandá-la para o YouTube.
O único critério de avaliação válido para minha garotinha brincalhona é o gosto pessoal de cada um que a visualizar na sua minúscula tela de animação. E é apenas esse o critério que conta. E é isso também a causa da dor de cabeça da velha mídia e da velha indústria do entretenimento.
A propósito, esse cartoon poderia também ser lido como uma alegoria de que a nova mídia, emergente e cheia de saúde, tem a cara dos seus milhões de usuários. Uma face ainda infantil, mas cheia de esperança. E que a velha ordem repousa seu merecido sono, sem possibilidade de fazer frente a esse ritmo febril que salta alegremente em todas as direções.
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Guga Schultze
27/3/2007 às 21h29
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Mídia estatal independente?
Depois de garantir que a televisão estatal que irá criar - a mando do cheffinho - será independente, Franklin Martins garante também que o governo irá providenciar um Papai Noel idôneo, socialista, abortista e a favor das minorias.
Não precisamos fingir que nossos governantes são bobos ou atrasados. Enquanto no mundo inteiro as tevês públicas se estabelecem com dinheiro de doação dos telespectadores, e com comando independente do governo, no Brasil começamos uma verdadeira operação KGB-TV. Será que é por anacronismo? Claro que não. É leviandade do cheffinho, e do seu servidor número um, sr. Martins, e dos deputados e senadores que irão ganhar o seu com mais este sumidoro de imposto.
A televisão estatal, assim como a Rádio MEC, são ótimos lugares para pendurar familiares, amigos e terceiros aos quais foram prometidos alguma participação financeira no poder. São também uma oportunidade para nossos governantes brincarem de Big Brother Brasil, especialmente os atuais membros das gangues de 64, que parecem ainda querer (re)viver uma Perestroika daqui a um século...
Por estas e por outras é que fica claro porque a rádio pública que ouço aqui nos EUA, a NPR, ou a rádio pública do Canadá, dá de um milhão a zero na infâme Rádio MEC, com sua irrisória audiência custeada a dinheiro de impostos. Mesmo os programas de música clássica são incomparáveis. Afinal, rádio pública no mundo de verdade quer dizer: "patrocinada pelo telespectador através de doações diretas". No mundo de fantasia verde-amarelo quer dizer: "tirado do bolso do contribuinte e dado para quem o Deus da Burocracia escolher".
Se você ainda defende a Rádio MEC, sustente-a com sua contribuição pessoal. Se você quer acreditar no Papai Noel e no Franklin Martins, gaste o seu 13º neles. Mas deixe nós, o restante dos 180 milhões, em paz. Ninguém precisa sustentar as ideologias e amizades de ninguém. E muito menos programações pseudo-elitizadas, propostas por intelecotecos, de baixa qualidade, e imaginação zero - ou alguém acha que a TV Martins será melhor que Rádio MEC?
No caso das rádios públicas, em São Paulo, a Rádio Cultura é um exemplo de sucesso. E pelo que soube de pessoas lá de dentro, boa parte da operação é custeada por patrocínio privado (uma reviravolta recente)! Ou seja, quem quer, faz e consegue...
P.S.: As opiniões expressas neste post são exclusivas do autor desta. Aviso caso o Martins mande a polícia vermelha para cima do Digestivo...
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Ram Rajagopal
27/3/2007 às 03h43
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Galera sobre o jornal de papel
Peguei o que sobrou do jornal e comecei a folhear. A mesma coisa de sempre. A cada três dias, as notícias se repetem. Dólar subiu ou desceu, o país fez um empréstimo internacional pra tranqüilizar investidores, alguém foi assassinado, um grave acidente de carro nas estradas, cientistas especulam que algo poderá ser a cura de alguma doença, tal coisa causa câncer, algum time de futebol ganhou de outro, e tudo continua na mesma. Eu conseguia pensar em dezenas de coisas mais relevantes que aquelas.(...) Peguei outro caderno do jornal. Classificados. Carros. Lixo. Informática. Lixo. Imóveis. Lixo. Empregos.(...) Anotei os contatos e atirei o jornal no lixo.
O personagem de Daniel Galera, nas páginas 40 e 41 da nova edição de Até o dia em que o cão morreu (porque, desde 2003, o jornalismo em papel só conseguiu piorar...)
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Julio Daio Borges
27/3/2007 à 00h39
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Kombão das Letras
Ilustra by Tartaruga Feliz
Aqui em Minas, lançamos hoje o projeto "Kombão das Letras", que consiste no seguinte: 16 escritores mineiros serão escolhidos por um de nós mesmos (a ser sorteado ainda) para viver um romance e escrever sobre ele. Cada escritor passará um mês em uma favela mineira ou paulista ou carioca ou gaúcha, sem água encanada, sem luz elétrica e sem pessoas alfabetizadas por perto. O autor que mostrar o melhor trabalho terá seu texto publicado com a grana recolhida numa vaquinha (entre nós mesmos) e prestará serviços à comunidade de que foi hóspede. O projeto não foi submetido a leis de incentivo, nem mesmo à municipal.
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Ana Elisa Ribeiro
26/3/2007 às 20h42
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Coragem
Mesmo que a revista americana Time tenha eleito o YouTube a maior invenção do ano por "criar uma nova forma para milhões de pessoas se entreterem, se educarem, e se chocarem de uma maneira como nunca foi vista" (edição de 13/11/06).
Mesmo que 25 milhões de pessoas no Brasil, por mês, concordem com a opinião da famosa revista americana, e mesmo que investidores, engenheiros, administradores do Google concordem que o YouTube vale a bagatela de 1,65 bilhões de dólares e lhe trará muito lucro, eu não concordo
Pelo contrário, vejo um site que estimula uma democracia falsa, um trabalho não sujeito à crítica, uma competitividade sedentária, como, por sinal, não poderia deixar de ser.
Qualquer pessoa pode colocar suas "produções" no YouTube devendo somente evitar, segundo o porta voz do site: "conteúdo obsceno, profano e indecente". Restritivo, não?
Caro leitor, para você o que é profano?
A questão é que o comunismo produtivo do YouTube não gera a competitividade, que é, na minha opinião, o fato gerador do desenvolvimento, da criatividade, da seleção do que deve ser visto ou do que não deve ser visto.
Os animais, por exemplo, só se desenvolveram através da competitividade. A lei era clara: os mais fracos morriam; os mais fortes sobreviviam.
Darwin já explicava o fenômeno, com outras palavras, com sua "Teoria da seleção natural". Nesta, os geneticamente mais desenvolvidos sobreviviam e as espécies menos adaptadas ao meio ambiente desapareciam.
Os seres humanos, organizados em complexas sociedades, possuem o mesmo sistema de seleção natural.
Se quisermos ser reconhecidos, devemos enfrentar a crítica, passar pelas pressões sociais, e, conseqüentemente, crescer, amadurecer, e criar produtos de qualidade.
Ora, qual é o filtro que se passa para colocar um filme no YouTube? Nenhum! E não me venham dizer que isto é democratização. Isto é não enxergar o ruim, é ser cego. É esquecer o significado da palavra qualidade.
Hipóteses vêm surgindo de que após a aquisição do YouTube pelo Google, este passe a controlar mais a qualidade do que será exibido nele. Isto porque certamente pressões da sociedade, ações judiciárias e restrições culturais internas, inerentes às grandes empresas, criem políticas de controle de inserção de vídeo no site.
Infelizmente, não é este tipo de controle de qualidade a que estou me referindo.
Acho bonito e saudável que as pessoas expressem suas opiniões sem qualquer censura, bem como a oportunidade de termos um site que acolha o entretenimento sem preconceitos.
Mas tudo tem limites!
Devemos incentivar a seleção natural. Estimulando e congratulando assim, principalmente, a coragem daqueles que deram a cara para bater, tentaram, cresceram e assim produziram algo que vale a pena ser visto.
Precisamos encarar o fato de que tudo estando à mão, é como se nada estivesse à mão. Temos muito pouco tempo para perder com porcarias virtuais.
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Daniel Bushatsky
26/3/2007 às 15h54
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Não é tão difícil publicar
Foi o que afirmou o escritor porto-alegrense Marcelo Carneiro da Cunha em sua palestra para o Curso de Criação Literária na AIC. Ele já tem 14 livros publicados, metade deles direcionado ao público infanto-juvenil e dois pela Editora Record: O Nosso Juiz (2004), romance ambientado na Serra Gaúcha e que trata de duas cidades rivais que iniciam um conflito quando uma ganha um juiz; e Simples: o Amor nos anos 00 (2005), contos sobre fantasias amorosas que tiveram como base entrevistas com homens e mulheres de todo Brasil.
Ele exemplifica por meio de sua própria experiência: já mandou um livro para uma editora e teve uma resposta positiva em 48 horas. "Elas são como o Carrefour: precisam de tomate", constatou. O segredo? Um bom livro. "Eles serão sempre publicados. Mas é difícil encontrar algo bom e único hoje em dia, pois li originais por alguns meses. Não quero que me contem uma história, mas uma experiência ficcional que me envolva, entretenha e informe", analisa.
O pequeno universo de leitores do país também é citado por Marcelo como um entrave para uma maior publicação de livros. "Fui escritor-residente em uma fundação de Nova York e pude verificar a diferença. Lá, os editores vão até a matéria-prima, ou seja, os escritores", afirma. Diante deste panorama, a saída e meio de divulgação eficaz, de acordo com ele, seria a Internet, onde "hoje, se publica qualquer coisa".
Marcelo ainda demonstrou como construiu um de seus contos e que a ficção pode sair de uma nota de jornal. "Ninguém escreve intuitivamente. Uma história é composta por um monte de informações cruzadas", explica. Para ele, o ficcionista não deve partir de limites, mas de liberdades.
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Marília Almeida
26/3/2007 às 08h56
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Os escritores jovens
Hoje, os escritores jovens querem ser lidos na segunda-feira, ser publicados na terça, ter um êxito extraordinário na quarta e na quinta ser traduzidos em todo o mundo.
António Lobo Antunes, citado pelo Sérgio Rodrigues e recitado pela Cássia Zanon, que linca pra mim no Last.fm.
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Julio Daio Borges
26/3/2007 à 00h40
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if u want to express yourself
Quando escrevo, estou tentando expressar meu modo de estar no mundo. É antes de tudo um processo de eliminação: depois de ter eliminado toda a linguagem morta, os dogmas de segunda-mão, as verdades que não são suas e sim de outras pessoas, as lemas, os slogans, as mentiras escancaradas de seu país, os mitos de seu momento histórico - depois de ter removido tudo que deforma a experiência em algo que você não reconhece e em que não acredita - o que sobra é algo que se aproxima do seu próprio conceito de verdade. É isso que procuro quando leio um romance: a verdade de uma pessoa até o ponto em que pode ser transmitida por meio da linguagem.(...) Um grande romance é um indício de um evento metafísico que nunca podemos conhecer, não importa quanto tempo vivemos, não importa quantas pessoas amamos: a experiência do mundo por meio de uma consciência que não é a nossa.
Zadie Smith, traduzida pelo Galera, no Guardian.
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Postado por
Julio Daio Borges
23/3/2007 à 00h58
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