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Terça-feira,
17/4/2007
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Redação
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Marcelino Freire em BH
Nos dias 27 e 28 de abril, o escritor Marcelino Freire dará um rolê pelas universidades belo-horizontinas para falar de literatura, escrita, leitura, publicação e o que mais vier proposto pelas platéias da UFMG e da PUC Minas. A idéia é fazer uma sabatina sobre temas espinhosos que possam interessar a estudantes de Letras e Comunicação Social, em graduações e pós-graduações.
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Ana Elisa Ribeiro
17/4/2007 às 23h25
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Aerosmith no Morumbi
Não vou começar esse texto dizendo que "os veteranos do Aerosmith subiram ao palco exatamente às 22h45 da noite do dia 12 de abril". Será que um jornalista musical tem de usar clichê até para falar de sua banda favorita? Então, perdoe-me a intimidade e a falta de imparcialidade, porque agora vou falar de um dos maiores grupos de rock da História.
O Aerosmith pisou no palco em São Paulo exatos 13 anos, 3 meses e 29 dias depois de sua primeira apresentação no país. Muitos fãs, assim como eu, estavam aflitos com a possibilidade de nunca vê-los novamente por aqui, turnê após turnê. Em comunidades do Orkut, alguns discutiam seriamente como comprar seus ingressos e montar caravana para o show que aconteceria em Buenos Aires, que estava confirmado muitos meses antes que o de São Paulo. Mas pensei: muita calma nessa hora, se os hermanos podem "bancar" Aerosmith, nós podemos também. Respirei fundo e entoei o mantra: "a CIE Brasil não me decepcionará, a CIE Brasil não me decepcionará". E não decepcionou. A Companhia Interamericana de Entretenimento, dona das casas Credicard Hall e do antigo Palace (hoje Citibank Hall), marcou em cima da hora uma apresentação que lavou a alma de quem se desesperava com imenso intervalo.
E lá estávamos nós, 65 mil pessoas no Morumbi. Alguns tão apaixonados que conseguiram levar os vinis debaixo do braço para passear no show. Outros que só foram até o estádio para ouvir "Hole in my soul, sucesso que fez falta para a turminha (bem) mais jovem. No entanto, os velhinhos sabiam o que estavam fazendo. E a experiência de 30 anos de estrada fez com que abrissem o concerto com "Love in an elevator", hit dos anos 80 que marcou a volta às paradas e de lá nunca mais saíram. O público se entrosou no primeiro minuto com a banda e cantou em coro "Oô/Oh yeah", puxado pelo maestro Steven Tyler.
Em seguida, com o mesmo vigor de 1973, jogaram na nossa cara "Toys in the Attic", como se dissessem: ouve aí, essa música é nossa história. O pessoal que curte os clássicos escritos por Steven Tyler and Joe Perry agradeceu aos deuses e desejou que o som do Morumbi tivesse menos falhas, para ouvir os versos de uma das músicas que escreveu o nome da banda na história do rock. Foi aí que o público brasileiro mostrou para os vovôs que, em terras brasileiras, rockão dos anos 70 não faz milagre. A platéia simplesmente esperou a música chegar ao fim, para se acabar em pulos durante "Dude (Looks like a lady)", outro hit dos anos 80.
Depois de "Dude...", a banda cravou a seqüencia certeira: "Falling in love (Is hard on the knees)", "Cryin'", "What it takes" e "Jaded". Ah, sim, eles sabiam que suas pérolas dos anos 70 não agüentariam o tranco. Mas isso eles descobriram em 1986, quando contrataram o produtor Bruce Fairbairn, um verdadeiro midas da indústria fonográfica, que na época já carregava 14 discos de platina nas costas - 12 deles só para o Bon Jovi. E o Fairbain que não era bobo nem nada, viu que a dupla Steven Tyler e Joe Perry ainda dava um caldo, mas precisava turbinar sua criatividade. Foi então que convocou os hit-makers Glen Ballard, Desmond Child, Jim Vallance, Mark Hudson, Richie Supa. Um set list desse time era perfeito para dia de clássico no Morumbi: a geral veio abaixo. Muitas vezes tive vontade de pedir - "cantem baixo, por favor. Eu paguei para ouvir o Aerosmith".
Steven Tyler amaciou o público com sucessos e passou o microfone para o seu toxic-brother Joe Perry. Como se fosse pouco ser um guitar-hero, Perry conquistou a platéia com sua voz ao cantar "Baby, please don't go" e "Stop messin", standards do blues gravados para o álbum Honkin' On Bobo.
Um improviso para o descanso: Tyler foi até a plataforma e ajoelhou-se. Com uma luz bem dramática jogada em seu rosto, assoprou sua gaita e soltou gemidos. Sua mise-en-scène hipnotizou e convenceu que aqueles ruídos eram de fato música. Mister na arte de fazer caras e bocas, pagamos 160 reais para ver isso inclusive.
Acabado o teatro, era hora dos toxic-twins trazerem as cadeiras de suas casas de campo para o palco e tocar a divertida "Hangman jury", pouco conhecida por aqui. Em seguida, engataram um medley com a lindíssima balada "Seasons of Wither". Este é um ritual que eles repetiram durante toda sua turnê de 2006, nos EUA. Emoção à flor da pele, todos com os isqueiros acesos. E não poderiam se apagar tão cedo: chegou a hora de "Dream on". Adolescentes e jovens senhores se uniram para cantar com força a letra da música i-n-t-e-i-r-a. Estávamos quase com os dedos torrados, quando começou a introdução de "Janie's got a gun", outra unanimidade. Pedimos água, mas o Aerosmith nos deu "Livin' on the edge".
Costurando o show ora para agradar um tipo de platéia, ora afagando outro, ninguém se sentiu desamparado. Até mesmo os fãs das antigonas ficaram confortáveis para encorpar o coro de "I don't want to miss a thing", música que faz o Aerosmith parecer a Celine Dion. A sessão farofa foi encerrada com "Rag Doll".
Se você leu este texto até aqui e não estava no show, é provavelmente um verdadeiro fã e teria adorado o encerramento. Tom Hamilton dedilha uma das linhas de baixo mais famosas do hard rock anunciando "Sweet emotion". O repertório de 19 músicas foi fechado com "Draw the Line", uma das melhores faixas do Aerosmith dos anos 70. O riff poderoso que marca a música parece ter empolgado Joe Perry: depois do último acorde, jogou sua guitarra no chão, arrancou sua camisa e usou-a para espancar o instrumento. Depois, correu em direção ao fundo do palco, jogou-se sobre a bateria e ofereceu a guitarra para que Joey Kramer percutisse com suas baquetas.
Depois da farra, a banda saiu e fez de conta que o show tinha acabado. Todos ficam plantados esperando pelo bis. Vai, Aerosmith, está na hora de arrasar com "Walk this way". Bis de uma única música? Acabou? Mas já?! Uma longa espera para as duas horas mais rápidas de minha vida.
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Debora Batello
17/4/2007 às 15h27
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Vida de aspirante a escritor
Todo dia ele faz tudo sempre igual: é acordado às onze e meia da manhã, pelo despertador do celular que mal funciona, já tá velho e só faz vibrar. Todo dia ele desce para almoçar, mas se pudesse dormia um tanto mais. Ainda tem que dar bom-dia pra todo mundo, mesmo sabendo que nada de bom o dia terá.
A comida é sem sal, a conversa a mesma. Come a sobremesa e volta para o quarto. Olha o monte de livros empoeirados e um monte de papel amontoado. Nada dali que possa aproveitar, textos que nunca na vida vai usar; ele senta no pufe, olha para o teto e se contorce na posição de feto.
Todo dia a tia faz cara feia pr'o horário em que ele acordou. Se soubesse que ele só se levanta por causa do despertador... Se deixassem ele dormia o resto da vida. "Menino, isso não é jeito de viver", essas coisas que diz toda tia-avó, que não teve filho pra cuidar. Ela sempre descontou nos filhos dos outros. E ainda pergunta o que ele vai querer jantar, mesmo sendo ainda meio-dia. "Como posso saber o que vou querer comer?"
Todo dia ele só pensa em poder parar, com essa vida sem trabalho e sem dinheiro. Sente falta do jornal toda manhã e abre uma revista como se ela fosse um pauteiro. Todo dia ele lê umas três publicações, quando enche o saco abre um livro e depois, então, liga a TV, se não tem telejornal assiste um DVD.
Seis da tarde, como era de se esperar, ele já se cansou da sua vida. Mas em vez de dormir liga o computador e fica na Internet até o outro dia. Nessas madrugadas ele vê o quanto não rendeu e se arrepende de não ter feito um pouco mais. Então se entristece, que depressão, quando acordar será mais um dia igual.
Todo dia ele faz tudo sempre igual: é acordado às onze e meia da manhã, pelo despertador do celular que mal funciona, já tá velho e só faz vibrar. Todo dia ele desce para almoçar, mas se pudesse dormia um tanto mais. Ainda tem que dar bom-dia pra todo mundo, mesmo sabendo que nada de bom o dia terá.
André Julião, no seu blog, Um baiano em Campinas (porque ele Comenta o Podcast #0.1...)
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Julio Daio Borges
17/4/2007 à 00h16
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A tela e o texto
O grupo de estudos A Tela e o Texto, sediado na Faculdade de Letras da UFMG, em Belo Horizonte, promove debates por meio do Fórum de Ensino de Leitura.
No dia 27, às 18h, é a vez de discutir os desafios da comunicação via telas de telefone celular. A interface pequena e estreita já deixou, faz tempo, de ser apenas telefone.
O debate será conduzido por Fátima Barcelos (mestre pela Escola de Belas Artes) e contará com as pesquisadoras Camila Mantovani e Graziela Andrade. A primeira é consultora em usabilidade, a segunda é redatora da TakeNET.
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Ana Elisa Ribeiro
17/4/2007 à 00h10
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Goooooooooool!!!
- Viu, querida? Hoje pode ser o dia.
- Dia de quê?
- Do gol.
- Gol? Que gol?
- O milésimo gol do Romário.
- Tá, e daí?
- E daí que são uma data e um feito históricos.
- Tô te estranhando, amor. Onde está o homem com que eu me casei e que não gostava de esportes? Não foi você mesmo que disse que o esporte é apenas um substituto da guerra e que, num país como o nosso, era melhor termos uma guerra civil do que um bando de campos de pelada?
- Tá, fui eu, mas a cobertura da mídia meio que tá me mobilizando.
- Mídia? Você anda lendo caderno de esportes? Não foi você que disse que o maior feito do jornalismo esportivo brasileiro foi...
-.o Fernando Vanucci ter pego quatro capas de Playboy. Tá, fui eu, culpado. Mas é que, na iminência de um fato como esse, eu fico pensando nos nossos filhos.
- Querido, não sei se eu preciso te avisar isso, mas nós não temos filhos.
- É, sei, mas quando tivermos, o que vai acontecer se o nosso filho me perguntar sobre o milésimo do gol do Romário?
- Ué, diz a verdade. Fala que passamos o domingo fazendo o que sempre fazemos.
- Não, não acho que vai ficar legal dizer que um grande acontecimento esportivo estava acontecendo na nossa cidade e nós passamos o dia inteiro deitados, lendo jornal e assistindo a reprises de seriados na TV a cabo.
- Então, o que você vai fazer? Vai pro Maracanã? Essa eu gostaria de ver.
- Ei, péra lá, eu já fui no Maracanã. Três vezes, mas fui.
- É, mesmo? A que jogos você assistiu?
- Bom, jogo mesmo só um.
- E das outras vezes?
- Bom, eu fui ver a chegada do Papai Noel. Mas isso não vem ao caso. Eu queria mesmo era poder contar para os nossos filhos uma história como a que meu pai me contou sobre a copa de 50.
- Lá vai.
- Pô, você acha que é besteira? Até o hoje eu me lembro do relato do meu pai sobre a final de 50. Como o Brasil começou ganhando e os argentinos.
- .uruguaios.
- Isso, e os uruguaios vieram pro Brasil cheios de garra. Teve até aquele jogador, o Gigio.
-.Ghiggia.
- Isso, Ghiggia, que arrancou um pedaço da grama e comeu. E, pra
terminar, o relato de como o Maracanã inteiro se calou e todos partiram em silêncio, deconsolados, para casa.
- Tá, é uma história bonita e tal, mas você não é seu pai.
- Eu sei, mas é como se eu devesse passar uma história dessas pra frente. É uma espécie de tradição.
- Então, o que você vai fazer? Vai ao Maracanã?
- Bom, acho que aí já é demais. Encarar metrô e aquele povo todo, além de perder um dinheiro nas mãos dos cambistas, não me anima muito.
- Você vai conseguir mesmo assistir a esse jogo inteiro na TV?
- É, jogo é um troço chato mesmo. Copa ainda vai, que é pretexto pra festa, mas assim de bobeira não sei se vai dar. É, me sinto meio numa obrigação mas não sei o que fazer. Ah, se um dia nossos filhos nos perguntarem sobre isso, tô ferrado.
- Tá não, amor. Faz a mesma coisa que o teu pai fez contigo.
- O quê?
- Mente.
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Lisandro Gaertner
16/4/2007 às 10h27
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Tartaruga Mais Feliz Hoje
Porque hoje é aniversário da Turtle, nossa Ilustradora...
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Julio Daio Borges
16/4/2007 às 09h54
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2º Sarau da Academia
A segunda edição do Sarau da Academia será realizada nessa terça-feira (17/04), às 19h30, na Academia Internacional de Cinema (AIC), em São Paulo, e terá como tema A origem de tudo, com leitura de textos que flertam com a religiosidade, o misticismo e a mitologia.
Aberto ao público e com entrada franca, ele contará com a participação da fundadora da AIC, a jornalista e poeta Flávia Rocha, além do escritor Marcelo Carneiro da Cunha, jornalista porto-alegrense e autor da novela O nosso juiz com o cineasta Jorge Furtado, do livro de contos Simples e que atualmente trabalha no livro Os infiéis com Marcelino Freire, Fabricio Carpinejar e Efraim Medina Reyes. Os alunos do curso de Criação Literária também participam do evento.
Como convidados, terá a presença de Ivana Arruda Leite, socióloga e autora de Ao homem que não me quis, Falo de mulher, Eu te darei o céu e outras promessas dos anos 60, entre outros; e Dirceu Villa, poeta e tradutor que escreveu os livros MCMXCVIII (Badaró, 1998), Descort (Hedra, 2003), pelo qual recebeu o prêmio Nascente, e Icterofagia (ainda inédito, 2006).
O Sarau já havia iniciado o ano com leitura de primeiras linhas, parágrafos e páginas e discutiu a importância de se escrever um bom começo. Para isso, convidou Micheliny Verunschk, poeta pernambucana radicada em São Paulo e autora de Geografia íntima do deserto (Landy, 2003) e O observador e o nada (Edições Bagaço, 2003), além do escritor e jornalista Michel Laub, autor de três romances, todos pela Companhia das Letras: Música anterior, Longe da água e o recém lançado O segundo tempo.
Para Marcelo, a primeira frase não deve apenas prender o leitor, mas dar uma prévia do que virá depois e dizer a que veio. Ele cita o começo de O apanhador no campo de centeio, de J.D Salinger ("Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância e toda essa lenga-lenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou afim da falar sobre isso.").
Michel, por sua vez, acredita que a primeira linha é uma síntese da obra, como acontece em Anna Karenina, de Tolstói. Por outro lado, critica o começo de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez ("Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Buendía lembrou de uma tarde remota na qual ele conheceu o gelo."): "Não precisava disso. A história do gelo por si só já é maravilhosa", explica.
Universos completos em quatro ou cinco linhas. É o que deve compor o começo de um livro para Micheliny, que trabalha em seu primeiro romance. Para ela, Nossa Senhora das Flores, de Jean Genet, possui um grande começo. E cita o famoso começo de "Tabacaria", de Fernando Pessoa ("Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo").
Michel conclui que a primeira linha é um tema interessante e uma questão comum. "Muitas vezes, é um falso dilema e não é uma barreira tão grande. Afinal, podemos não começar pelo início ou ficar com ele até o fim. O início pode intimidar, mas não pode ser traumatizante".
Para ir além
Sarau da Academia
Curadores - Flávia Rocha e Marcelo Carneiro da Cunha
Convidados - Ivana Arruda Leite e Dirceu Villa
Dia 17 de abril, terça-feira, às 19h30 - Academia Internacional de Cinema - Endereço: Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142 - Higienópolis (próximo ao metrô Marechal Deodoro) - Entrada franca e aberta ao público - Informações: [email protected] - (11) 3826 7883.
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Marília Almeida
16/4/2007 à 01h54
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Aprender a contar histórias
A UFMG e a Faculdade de Letras, por meio da FUNDEP, promovem o curso "A arte de contar histórias". O objetivo é "estimular o contador de histórias que existe em cada um de nós, através de exercícios, performances e debates".
As aulas começam no dia 24, às 18h, e acontecem sempre às terças e quintas-feiras, até as 20h30. Para freqüentar as 60 horas do curso, é necessário investir R$ 300,00.
As professoras responsáveis, também pesquisadoras da arte de contar histórias, são Cristina Ribeiro (fonoaudióloga e preparadora vocal), Gislayne Matos (contadora de histórias), Walda Passos (atriz e contadora de histórias) e Cristina Borges (atriz e contadora de histórias). Mais informações pelos telefones (31)3499 6001 ou 3499 6002.
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Ana Elisa Ribeiro
16/4/2007 à 00h17
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Life
Da Lorena, via Tiãonews, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
16/4/2007 à 00h10
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Sexta feira, 13
Acordei cedo e meu pé esquerdo pisou o chão em primeiro lugar. Apenas o pé direito da sandália havaiana, no piso, ao lado da cama, estava visível na obscuridade do quarto. Fui descalço para o banheiro, três ou quatro passos apenas, um calafrio premonitório subindo pelas solas dos pés no contato com a cerâmica fria.
Fui discutindo mentalmente com a voz feminina, gravada para sempre dentro do meu cérebro - a voz uníssona de mãe, tias, mulher, avó - que, ao longo da vida, se transformou nessa única voz disciplinadora, apontando meu próprio desleixo, insistindo para que eu me abaixasse e procurasse o outro pé da sandália na escuridão sob a cama, que o trouxesse de novo ao seu lugar de origem, que calçasse as sandálias e, só então, devidamente equipado, me aventurasse no chão escorregadio do banheiro.
Nesse ponto as vozes se multiplicavam de repente. Como um inocente botão do Windows ao clique do mouse as vozes se ramificavam em várias direções. As mais ternas se preocupavam com meu bem estar, com um possível resfriado me atacando através dos meus pés descalços; as mais ferozes recriminando simplesmente minha preguiça ou me acusando de sujar os pés desnecessariamente, uma vez que eu poderia voltar para a cama e então meus pés seriam pés sujos sob os lençóis. Hum...
Mas ao acordar assim, de manhã cedo, depois de uma noite relativamente mal dormida, ainda sou, por um breve período de tempo, um urso que sai de sua caverna, no final de um longo inverno. O verniz da civilidade, dos bons modos e das boas maneiras ainda está se cristalizando ao meu redor e, nesse breve período que antecede a materialização dessa camisa-de-força, sinto que posso destruir jaulas e paredes com minhas garras de urso. Rosno baixo, pra mim mesmo, deliciado como um grande grizzly das montanhas com sua própria ferocidade, tão primitiva quanto eu mesmo e tão pateticamente efêmera em sua mínima aparição.
Na semi-obscuridade do banheiro noto que algumas mãozinhas - sei muito bem de quem são - andaram brincando com o sabonete, sobre a pia. Ele está úmido e gosmento e, de forma bastante engenhosa, equilibrado sobre o tubo da pasta de dentes. Quando tento pegar o tubo, todo ensaboado, este me escapa das mãos como um peixe vivo, mergulha direto para o chão, escorrega pelo piso e some pela única fresta existente em todo o banheiro - o espaço de alguns centímetros que existe sob o aparador da própria pia.
O urso vai ter que se abaixar, afinal. Minhas mãos não passam pela fresta e eu seguro o aparador por baixo e o sacudo com certa violência, de pura frustração. Isso faz com que uma das gavetinhas superiores, cheia de cosméticos (as minhas gavetas são as de baixo), escorregue malignamente pra fora. Quando me levanto, meto o alto da cabeça bem na quina da gaveta. O barulho é considerável, as coisas pulam e se espalham no chão, e eu faço "huurrrmmm!!!", com a boca fechada, mas bastante alto para ser ouvido na casa toda.
Do quarto, ouço uma risadinha. Ela fala: "Cê tá começando bem essa sexta feira 13..." Me olho no espelho, já totalmente acordado, esfregando com a mão o alto da cabeça, pensando: "Putz! Sexta feira 13..! Se cuida, urso véio."
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Postado por
Guga Schultze
13/4/2007 às 15h41
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