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Segunda-feira,
7/5/2007
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Redação
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Sobre a Virada Cultural
Sim, a idéia é necessária. E os artistas foram, em sua maioria, muito bem escolhidos. Parabéns pela iniciativa, São Paulo!
Porém, como sou a feliz proprietária de um egoísmo de primeira grandeza, sinto-me obrigada a narrar as minhas impressões:
1. Organização burra, já que as pessoas ficaram concentradas entre o Vale do Anhangabaú e a Praça da Sé.
2. O Tim Maia teria deixado o palco. Eco, eco, eco. Cadê a qualidade do som, meu bom Deus?
3. Vocês se lembram de quando São Paulo era segura e bem-freqüentada? Pois eu não. Nasci depois, e tenho certeza de que vocês também. Então, que tal deixar as crianças com os avós, os amigos, os vizinhos, os desconhecidos...?
4. Oi? Limpeza?
5. A campanha "Desodorante, nem Pensar" realmente é um sucesso. Todos aderiram!
Mas adorei, viu? Supimpa. Só não publicarei as fotos porque, além de terem roubado os remédios (m-e-d-o) da minha amiga, também levaram meu celular.
Juliana Biscardi, no seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
7/5/2007 às 18h51
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Otelo da Mangueira
Uma das características próprias de grandes obras é a universalidade. É ela que faz com que obras como Antígona ou Medéia sejam absolutamente atuais mesmo milhares de anos depois de escritas. Daí nasce, no entanto, a discussão entre a forma dessa atualidade.
Há os mais, digamos, puristas, que defendem que as obras devem ser apresentadas tal qual foram concebidas. E há aqueles que defendem a necessidade de uma atualização, em maior ou menor grau - o tal do aggiornamento. Argumentos, mais ou menos justos, sobram para os dois lados. Debate à parte, a verdade é que espetáculos bem feitos são sempre algo a ser festejado.
A montagem carioca Otelo da Mangueira filia-se à tradição das livres adaptações. É um musical que veste a tragédia de William Shakespeare de verde e rosa e sobe o morro. Otelo é o presidente da escola, Desdemona (aqui chamada Lucíola) uma porta-bandeira e Iago (Dirceu) um compositor que tem seu samba recusado para o carnaval.
O ator e dramaturgo Gustavo Gasparian acertou em cheio na adaptação. O espetáculo consegue, ao mesmo tempo, dar uma nova roupagem à obra do bardo, mergulhar no universo do Rio de Janeiro dos anos 1940 e prestar uma belíssima homenagem à Estação Primeira de Mangueira, berço de alguns dos maiores nomes do samba, como Cartola e Nelson Cavaquinho. E cumpre muito bem estes três papéis.
De início, a faceta musical da montagem, sob a direção de Josimar Carneiro, é primorosa. Um repertório de 17 canções de primeira linha, com sambas como "Alvorada", "As rosas não falam", "Capital do Samba" e "Chega de demanda", é executado por um competente conjunto musical. Os atores, por sua vez, mostram-se grandes cantores.
Otelo da Mangueira tem a feliz - e um tanto quanto rara - qualidade de não restringir-se somente a bons números musicais unidos por uma dramaturgia frágil, paupérrima, por vezes: um mal que atingiu espetáculos recentes, como Cauby, Cauby e Rádio Nacional. Há um equilíbrio, tanto dramático como de qualidade, entre o enredo e as canções.
Esse equilíbrio ganha forma na competente e minuciosa direção de Daniel Herz. O elenco, talentoso e coeso, faz uso de uma multiplicidade de recursos cênicos, que vão desde diálogos com a dança até expedientes notadamente épicos, que garante uma conjunção de poesia visual e agilidade ao espetáculo. Densidade emocional aliada a um frescor que remete ao próprio samba que emerge da quadra verde e rosa.
A leitura de Gasparian alça Iago/Dirceu (interpretado com maestria por ele mesmo) ao centro da trama, potencializando seu ressentimento e seus sortilégios. As outras personagens tornam-se quase títeres em seus estratagemas. Otelo, em sua "falha trágica", cai em suas armadilhas e se volta contra a esposa que nunca lhe foi infiel. É uma interpretação consagrada em nossa literatura cênica.
Lamentavelmente o grupo esteve em São Paulo para apenas seis apresentações. Fica a expectativa em relação ao seu retorno, para que os paulistanos possam desfrutar de um espetáculo tão encantador. Um musical dos bons, coisa que não se vê todo dia.
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Guilherme Conte
7/5/2007 às 15h57
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Ratzinger, sexo e católicos
(...)Entende de mulher quem as conhece. Entende de sexualidade quem a vive. Que pode entender de sexo [o papa] Ratzinger, que em função de seu sacerdócio está submetido a um voto de castidade? Que autoridade tem para falar em sexo quem optou, por vocação, por ser eunuco? Sexo sempre me aguçou a sensibilidade. Entendo que obnubile a dos católicos. São crentes de uma crença que cultua a dor e o sofrimento, tanto que o símbolo maior do cristianismo é um instrumento de tortura. Quanto a mim, prefiro o prazer. Melhor cultuar Príapo que o velho Deus castrado do Antigo Testamento.(...)
Janer Cristaldo, cada vez melhor, em seu blog
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Julio Daio Borges
7/5/2007 à 00h04
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Textos, contextos e pretextos
Como bom introspectivo que sou, sempre escrevi pra mim mesmo. Pelo puro tesão de escrever. Um dia, resolvi que queria dividir minhas bobagens com os outros, dar a mim mesmo a chance de ser lido. Este blog é meu laboratório, é onde eu exercito a minha escrita. Sem grandes pretensões. Simples assim.
Introspective, no seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
4/5/2007 à 00h17
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Na trilha de Morricone
Um dos gênios da música de cinema, Ennio Morricone (1928-) nunca saiu de moda, mas está experimentando em 2007 uma popularidade especialmente notável. O Oscar honorário na cerimônia deste ano, concertos em Nova York e Rio de Janeiro, um CD retrospectivo com participação de artistas tão díspares quanto Celine Dion, Metallica e Daniela Mercury, e a edição nacional do DVD com sua apresentação em Munique, tornaram o compositor italiano assunto recorrente nas páginas culturais de jornais e revistas do Brasil e do mundo.
Por aqui, a maioria dos textos em sua homenagem confirmou duas antigas suspeitas: os principais veículos da imprensa brasileira carecem de especialistas em trilhas sonoras, e os críticos de música "clássica", geralmente responsáveis por essas matérias, continuam preconceituosos contra o gênero. Morricone merece cada elogio que tem recebido, mas não é somente graças a ele, seu compatriota Nino Rota ou Bernard Herrmann, o eterno parceiro de Hitchcock, que o cinema merece ser ouvido. Max Steiner, Alfred Newman e John Williams, para ficarmos apenas nas três mais flagrantes omissões de nossos jornalistas, têm uma obra orquestral digna de presença em qualquer sala de concerto do planeta.
De qualquer maneira, "Il Maestro" realmente é responsável por algumas das melodias mais lindas escritas no século XX, como os invariavelmente citados temas de Era uma vez no oeste (1968), Era uma vez na América (1984), A Missão (1986) e Cinema Paradiso (1988). Nem tudo em sua gigantesca filmografia é bom - algumas de suas ousadias sonoras devem ter feito Bach, um de seus ídolos, se revirar no túmulo - mas aqueles que não se intimidarem com a quantidade ou qualidade média dos títulos, terão surpresas musicais agradabilíssimas. É o caso, por exemplo, de trabalhos bem menos exaltados, mas muito interessantes, como Uma noite um jantar (1969), com sabor de bossa-nova, Orca, a baleia assassina (1977), uma trilha comovente, A gaiola das loucas (1978), cujo tema é irresistível, e O enigma do outro mundo (1982), uma de suas mais bem-sucedidas experiências no cinema de terror.
Que a vinda de Ennio Morricone, os recentes concertos dedicados a Miklos Rozsa e Erich Korngold pela Orquestra Experimental de Repertório no Teatro Municipal de São Paulo, e o sucesso de Antonio Pinto e Marcelo Zarvos no difícil mercado internacional de compositores de cinema, coloquem o maravilhoso mundo das trilhas sonoras definitivamente em pauta no país.
Para ir além
Ennio Morricone e Orquestra Petrobrás Sinfônica - Theatro Municipal do Rio de Janeiro - Sábado, 5 de maio, às 21h - Tel. (21) 2262-3935.
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Fábio Scrivano
3/5/2007 às 12h03
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Sem ressentimentos
Acontece mais ou menos assim: o inconseqüente do seu ex-namorado não leva em conta o ambiente e decide esfregar outra na sua cara. Na frente dos seus amigos. Você aceita, às vezes chora. Pede pra morrer e jura que vai matar - ele e ela.
Ai o tempo passa e na primeira oportunidade que tem, você decide que, se ele jogou a cautela pelos ares, você pode muito bem fazer o mesmo. E então é a sua vez de esfregar outro na cara dele.
Na versão romântica - e mexicana - da história, os dois se magoam, se machucam, passam a novela inteira brigando. E só no final descobrem que foram feitos um pro outro e vivem felizes pra sempre.
Mas na realidade, todas essas coisas só adicionam sofrimento e más lembranças à relação. E parece pura infantilidade - de ambas as partes.
O que fazer, então, em um caso desses? Vocês terminaram! Ele terminou, você terminou. Tanto faz. Por que um não pode seguir em frente sem o outro?
Parece simples, não é? Então ensina pra elas como faz. Ensina pra todo mundo que um dia levou um pé na bunda como seguir em frente sem ressentimentos. Vamos lá, você consegue.
Karina Sabbag, no i'd like to say good-bye to a complicated mind (uma dica da Adri Baggio, que obviamente linca pra cá...)
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Julio Daio Borges
3/5/2007 à 00h03
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Linha Mestra e etc.
Para quem não conhece, a Associação de Leitura do Brasil existe desde os anos 70 do século XX e foi constituída para reforçar a luta pela redemocratização do país. Inclui-se nisso, certamente, a promoção e o estímulo à leitura. É a ALB que promove o Congresso de Leitura, em Campinas, e publica uma revista impressa (Leitura: teoria e prática) e uma eletrônica (Linha Mestra). Atualmente, a Associação é presidida pelo prof. Ezequiel Theodoro da Silva, da Faculdade de Educação da Unicamp.
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Ana Elisa Ribeiro
2/5/2007 às 22h59
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Mito da caverna
Há textos que morrem da noite para o dia, tão logo perdem o sentido. Os noticiosos e os cotidianos têm esse perfil. Mas há escritos que, mesmo concebidos em um passado remoto, podem ser aplicados a qualquer tempo e, assim, se tornam universais. A famosíssima alegoria da caverna - presente nos livros centrais da República, o diálogo mais conhecido de Platão - é uma metáfora expressiva da sociedade contemporânea.
Nela, homens vivem acorrentados dentro de uma caverna, voltados para seu interior, sem nunca terem conhecido o mundo externo. "Nem sequer podiam mover a cabeça. Só viam as sombras projetadas na parede através dos objetos que passavam por trás deles", conta Roberto Bolzani Filho, especializado em filosofia antiga, no curso Os Pensadores, um dos mais tradicionais da Casa do Saber.
Para aqueles homens, a realidade não passava de um grupo de sombras. Mas se um deles se libertasse e saísse da caverna, se defrontaria com a ofuscante luz do sol, até conhecer um mundo infinitamente lúcido e rico. Haveria, então, dois mundos. O "visível" - dentro do qual a maior parte da humanidade está presa, condenada ao império dos sentidos. E o "inteligível", pertencente aos que superam a ignorância do nascimento e encontram a luz, no reino da inteligência, dominado pela razão.
Este suposto "mundo superior" ao qual Platão se referia seria a esfera do homem sábio, capaz de desvendar um universo diante de si, invisível aos olhos dos aprisionados. "Esse homem é o filósofo, que deve agora voltar à caverna para instruir seus companheiros, governando-os", complementa Bolzani.
O mito da caverna em muito lembra os tempos atuais. Diante de tudo o que a humanidade já descobriu, do conhecimento humanístico às invenções tecnológicas, é hábito corriqueiro, senão vício, que o homem se enfurne diante da televisão para espionar pessoas dentro de uma casa. Numa alusão: a caverna de Platão seria o Big Brother de hoje? As novelas? A própria televisão? Um verdadeiro mundo de sombras, diria o pensador.
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Tais Laporta
2/5/2007 às 15h09
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Sobre os blogs de jornalistas
A blogosfera já disse a que veio, derrubando senadores nos EUA, atrapalhando campanhas políticas, levando âncoras de jornais à demissão, detalhando escândalos no Brasil, cobrindo toda a imensa variedade dos fazeres humanos, ventilando os discursos, trocando experiências pessoais ou coletivas, dando ao indivíduo o mesmo poder potencial de influência que só os grandes meios têm.
Por aqui, blogs vêm se tornando cada vez mais comuns na Web nacional nos últimos anos, mas foi só recentemente que a grande mídia abraçou essa plataforma de distribuição de conteúdos, encampando vários blogs de jornalistas. Só que por conta das idiossincrasias do ofício e da falta de compreensão sobre blogar, os jornalistas estão falhando em fornecer as contribuições positivas que podem trazer à blogosfera.(...)
Alexandre Barbosa, no Blog da Yara, traduzindo aquele meu texto, que continua repercutindo mais de seis meses depois...
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Julio Daio Borges
2/5/2007 à 00h13
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Um post vazio
Há um post no meio do caminho
No meio do caminho há um post
vazio.
Há um post vazio no meio do caminho.
Preenchê-lo com o quê, afinal?
Piadinhas? Trocadilhos infames? Um desabafo indignado com a situação caótica do nosso país? Falar de um livro recém-lançado? Contar a todos meus conflitos existenciais?
Pelo visto, há muito mais coisas no meio do caminho do que um post vazio.
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Postado por
Rafael Rodrigues
1/5/2007 às 11h55
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